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Em Pauta

Por que a pele dos idosos cura com menos cicatrizes?

Mário Sérgio Lorenzetto | 27/09/2018 10:05
Por que a pele dos idosos cura com menos cicatrizes?

Quando se trata de sua pele, envelhecer não é uma má notícia. As pessoas idosas curam feridas na pele com cicatrizes mais finas. Percebendo essa diferença, a Universidade da Pensilvânia (EUA), estuda como curar tecidos humanos sem cicatrizes. Nosso organismo cura as feridas na pele usando dois processos diferentes: regeneração dos tecidos e formação de cicatriz. A regeneração tecidual resulta no retorno da arquitetura original do tecido. A formação de cicatriz resulta na deposição de tecido fibroso que oblitera a arquitetura do tecido e gera uma linha grossa e feia de pele avermelhada.

Nos experimentos, testaram se o fator responsável pela formação de cicatrizes estava no sangue. Trocaram sangue de jovem por sangue de idoso. E comprovaram que, efetivamente, o fator responsável pela cicatrização estava no sangue. O sangue jovem contêm uma substância que promove a formação de cicatriz e impede a regeneração do tecido. Passaram a comparar a atividade de genes.

Concentraram nos estudos de 13 genes. Um deles, denominado SDF1, já havia demonstrado regular a regeneração dos tecidos da pele, pulmão e fígado. Comprovaram que é esse SDF1 o responsável pela formação das cicatrizes. O estudo voltou-se para descobrir a explicação de como ficar mais velho desliga a ação do SDF1. Descobriram que uma proteína diferente, chamada EZH2, desliga o gene SDF1. E à medida que envelhecemos passamos a contar com mais EZH2.

Por que a pele dos humanos forma mais cicatrizes quando jovem? A tese que desenvolveram diz respeito à diferença entre velocidade e qualidade. Uma cicatriz se forma entre três a cinco dias nos jovens. Como todo animal, o corpo dos jovens prefere ter uma cicatriz feia mas estar pronto para lutar no prazo mais rápido de tempo possível. É apenas um fator evolutivo. Já os mais velhos não precisam lutar em pouco tempo.

Agora, planejam um ensaio clínico com um medicamento - plerixafor - que sabem ser um inibidor do SDF1. Esse ensaio já foi autorizado pelo órgão governamental de controle de medicamentos dos Estados Unidos. Atualmente, não existem tratamentos efetivos no mercado para prevenir a formação de cicatrizes. Esperam que o plerixafor resolva o problema dos queloides originários de cirurgias, das queimaduras, das acnes e de traumas em geral.

Por que a pele dos idosos cura com menos cicatrizes?

Os adesivos para feridas profundas que prometem acabar com os pontos.

Em medicina, a palavra "sutura" (originária do latim e que significa "costurar") faz referência à costura com que unem os lábios de uma ferida. Há mil anos que os seres humanos inventam maneiras de fechar os cortes na pele. Desde os tempos que usavam mel, gordura ou carne fresca, passando pelos tempos que usavam agulhas feitas de ossos e fibras vegetais ou animais, até as regiões onde usavam as poderosas mandíbulas de formigas gigantes para unir as bordas das feridas.

Nos últimos tempos, as técnicas de sutura deram passos gigantescos, passaram a usar nylon, polipropileno, ácido poligliólico e ácido polilático. Mas são suturas que necessitam de agulhas.

A marca ClozeX Medical revolucionou a técnica. Apresentou uma espécie de adesivo que podem ser usadas para feridas superficiais bem como em cirurgias profundas. Já foram usadas em mais de 10.000 cirurgias em 50 hospitais dos Estados Unidos, com ótimos resultados. Essas revolucionárias tiras são apresentadas em onze tamanhos diferentes e oferecem um fechamento de feridas simples, rápido e de alta precisão e o melhor... não usam agulha. Também ajudam a evitar infecções e reduzem o risco de cicatrizes. Além disso, esses adesivos podem ser imprescindíveis nos serviços de urgências, especialmente no atendimento de crianças tão temerosas das agulhas. Não há data para chegar no Brasil.

Por que a pele dos idosos cura com menos cicatrizes?

Polvo drogado mostra a ciência do comportamento social.

Os polvos são animais associais. Vivem isolados. Só buscam companhia na hora da procriação. Todavia, como muitos seres solitários, têm a sociabilidade guardada entre seus genes. Em um artigo publicado na revista "Current Biology", dosi cientistas - Gul Dölen e Eric Edisinger - contam como sacaram essa parte mais oculta dos polvos dando-lhes a famosa "droga do amor", o MDMA. Essa é uma droga de comprovados efeitos sociais nos humanos.

Os polvos são seres muito estranhos. São o mais parecido a uma inteligência extraterrestre que podemos encontrar no planeta. Nossas linhas evolutivas se separaram há 500 milhões de anos, mas esses invertebrados acabaram desenvolvendo mentes poderosas, ainda que muito diferentes da dos humanos. Os cientistas analisaram as respostas do polvo para entender melhor o gene que transporta a serotonina.

Quando uma pessoa toma MDMA, experimenta uma elevação de serotonina, dopamina e oxitocina que produz uma necessidade imensa de aproximar-se de outras pessoas e interagir com elas. Aos polvos ocorreu algo semelhante quando lançaram MDMA na água onde viviam. Com o êxtase causado pela droga, os polvos saíram de seu estado natural de solidão e acercaram-se de um polvo enjaulado. E ainda passaram a buscar um contato físico com o preso muito impróprio para essa espécie. Os cientistas perceberam que o mecanismo que permite que o MDMA cole nas células cerebrais, através de uma proteína produzida pelo gene SLC6A4, está presente em muitos animais, inclusive nos associais polvos.

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