Quem controla a água? A próxima guerra se aproxima
As secas extremas, os incêndios e a má gestão desse elemento essencial põe em risco vidas humanas e empresas. Fonte de desigualdade crescente, os direitos sobre o uso da água estão entrando nas Bolsas de Valores e os especialistas pedem que todos racionemos seu uso. Mas no Brasil, ninguém quer ouvir. Há milhares de gerações conhecemos as consequências da aridez.
Civilizações extintas pela falta de água.
Os acádios - o primeiro Império da Mesopotâmia, centralizado na cidade de Acádia - desapareceram devido à sua falta. Os maias, nos séculos VIII e IX d.C., também. Mas não precisamos ir tão longe no tempo, os fazendeiros das grandes planícies do Kansas, Colorado e Dakota, nos EUA, abandonaram seus pastos nos anos trinta do século passado devido à desertificação de suas propriedades. Tudo virou pó e ira. As civilizações convivem com as secas há milhares de anos, mas o que vemos agora é muito diferente.
0,5% da água do planeta é potável.
Já não há como pensar em uma solução para a falta de água baseando em sua extração. Só 0,5% da água do planeta é potável. Cerca de 2,2 bilhões de pessoas não bebem água de forma segura. Mais de 4 bilhões, carecem de infraestrutura sanitária por falta de água, bem claro: não tem onde tomar banho e lançar seus dejetos. Fruto dessa seca eterna, mais de 800 mil crianças, mulheres e idosos morrem por ano por falta de higiene e água adequada.
A demanda de água superará em 40% a oferta.
No máximo, dentro de sete a oito anos, diz a ONU, a demanda de água superará a oferta em 40% e obrigará os governos a uma despesa de um bilhão de reais anuais. A água será uma commoditie? É bem provável. Mas, por outro lado, ela entrou nas Bolsas de Valores ocidentais na forma de água engarrafada. A Coca Cola fechou todas suas fábricas na Índia devido às secas. Um trabalho da consultoria CDP, mostrou que gigantes como Cargill e Tyson Foods perderam milhões de dólares pela falta de água.
Barcelona importou água da França.
Barcelona, a cidade icônica espanhola, teve, há pouco, de importar água da França. A TSMC, um dos maiores produtores de chips semicondutores do mundo, baseada em Taiwan, que consome 156 milhões de litros de água diariamente, provavelmente fechará suas portas, levando as empresas e a cidade ao colapso. Corumbá e Coxim, cidades à beira rio, enfrentam a seca. A água arrasta os pesadelos humanos para um deserto inimaginável.
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