Riscos e benefícios das vacinas. O sucesso criou os anti-vacinas
Vacinar ou não vacinar, eis a questão da virada de ano brasileira. No final das contas, tudo se resume a riscos e benefícios. Os riscos da vacinação são baixos e as complicações raramente ocorrem, embora sejam possíveis. O risco de contrair a varíola, por exemplo, hoje é quase zero. Por isso, para alguns, não parece valer a pena correr o risco dos efeitos colaterais da vacinação de rotina contra essa doença que ceifou centenas de milhões de vidas.
Fica a critério de cada um tomar a vacina contra a gripe.
A mesma análise de riscos/benefícios deveria se aplicar a todas as vacinações. Algumas decisões, como tomar a vacina contra a gripe, ficam a critério dos indivíduos. A gripe costuma ser leve, as vacinas estão muito longe de ser 100% eficazes na sua prevenção, então você decide se quer se proteger. O mesmo vale para herpes simples ou zóster. As vacinas para essas doenças estão disponíveis e são seguras. São uma boa ideia para as populações de risco - mas a escolha é tua.
E para doenças perigosas?
As coisas mudam quando se trata de doenças perigosas. Especialistas em saúde procuram garantir que a vacinação contra doenças severas como difteria e tétano sejam obrigatórias para crianças. Nesses casos, os grandes benefícios de evitar essas doenças ultrapassam em muito os pequenos riscos do procedimento. Vacinação obrigatória para crianças não pode deixar de ser obrigatória.
O sucesso da vacinação criou os anti-vacinas.
Pode parecer paradoxal, mas o maior responsável pela existência secular do movimento anti-vacina foi o sucesso da vacinação. As doenças contra as quais nos vacinamos atualmente parecem em grande parte fantasmas inofensivos, desprovidos de seu poder aterrorizante - porque as vacinas as tornaram algo do passado. Poucas pessoas hoje viram casos de varíola, difteria ou poliomielite. Nunca perderam um irmão ou uma filha para essas doenças.
A noção de risco está se esvaindo.
Nossa noção de risco diminuiu a tal ponto que, para muitos, o benefício das vacinas parece pequeno - tão pequeno que até os riscos vagos das vacinas parecem grandes. Mas apareceu um coronavírus que colocou esse movimento anti-vacina no crivo da saúde e da moral. Quem não deseja tomar a vacina contra o coronavírus quer matar o próximo? Esse é o dilema de fundo. O resto é diversionismo político.