Supercontagiadores, indivíduos que transmitem o covid-19
A ideia de supercontagiadores - aquelas pessoas que transmitem uma doença a muitos - surgiu no início do século passado em N.York. Mary Mallon, uma cozinheira irlandesa, contagiou dezenas de pessoas com o tifo. Ela não tinha sintomas e se negava a cooperar. Um engenheiro sanitarista a identificou como a responsável pela transmissão misteriosa de tifo em bairros ricos de N.York. Para secar a fonte de contágios, internaram Mary em um hospital. Durante os três anos de confinamento dessa mulher, a cidade não teve um só caso de tifo. Em 1910 a liberaram com a promessa de que não voltaria a trabalhar como cozinheira. Cinco anos depois, dezenas de casos de febre tifóide assolaram N.York. Os cientistas encontraram a origem dos novos casos. Era uma mulher chamada Mary Brown, que em realidade era a mesma Mary Mallon com nome trocado. Colocaram-na novamente no hospital, até sua morte em 1938. O caso da pobre Mary é o primeiro da história dos supercontagiadores.
A média de 3 contagiados pode chegar a 30.
Sabemos que um indivíduo contagiado com o covid-19, em média, passará a infecção para três pessoas. Mas essa é apenas uma média. Em realidade, acreditam os cientistas, é comum que um contagiado passe a doença para uma pessoa ou para nenhuma. A diferença está nos supercontagiadores, aqueles que passam o covid-19 para dezenas de pessoas, chegando a atingir 30 contagiados. O recente trabalho da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres afirma que 80% dos casos procedem de tão somente 10% de infectados. Somente os outros 20% das infecções são transmitidas na contagem de um infectado para um novo infectado. Está na mesma linha os estudos feitos pela Universidade de Santiago de Compostela, na Espanha. Verificaram que os supercontagiadores foram os responsáveis pela metade das infecções espanholas.
Eliminar a ideia de culpabilidade.
Os cientistas pedem muito tato para lidar com a questão dos supercontagiadores. Eles não são novas Mary Mallon, que se negam a parar de contagiar os outros. A preocupação inicia com os recentes novos contágios ocorridos na Coreia do Sul. Tudo indica que eles começaram em uma boate gay. O preconceito contra os homossexuais está mais aflorado do que nunca na Coreia do Sul. Fato semelhante ocorreu na Espanha. Uma nova onda de coronavírus surgiu em um acampamento de ciganos. Como um povo envolvido em secular preconceito, no momento se veem muito mais perseguidos. Temos de eliminar a ideia de culpa junto com o vírus.