Terra de indígena, de fazendeiro ou de ninguém no MS em 1.900
Por Mário Sérgio Lorenzetto | 16/04/2024 08:00
Há uma lenda que domina o pensamento do sul-mato-grossense: todas as terras pertenciam aos indígenas. Essa ideia não se apoia em nenhum documento e em nenhum momento de nossa história. Não à toa, nos chamamos de Mato Grosso do Sul, nossas terras pertenciam, em quase sua totalidade aos matos, à vegetação e a alguns animais. Éramos quase despovoados. Existiam apenas algumas manchas de povoações - fossem de brancos ou de indígenas por volta de 1.900. Esse quadro não é muito diferente de outros períodos de nossa história. Vejamos o que nos mostra a história de nosso Estado na virada do 1.800 para o 1.900.
Apenas oito cidades.
Mato Grosso do Sul tinha apenas oito cidades em 1.900: Corumbá - a maior de todas - Miranda, Paranaíba, Nioaque, Coxim, C.Grande, Aquidauana e B.Vista. A população total, seja de brancos ou de indígenas, era de tão somente 88.000 habitantes, menos que a da atual Corumbá. Logo a seguir, em 1,907, o Mato Grosso do Sul estava "todo habitado, embora muito escassamente". A maior parte desses 88 mil habitantes era constituída por sitiantes e posseiros, boa parte deles estabelecidos após a guerra do Paraguai, na maioria mineiros e goianos. Um dado a ser destacado é o notável peso dos estrangeiros. No extremo sul e em Corumbá, predominavam os paraguaios, eram duas regiões onde a imensa maioria era constituída por gente de outros países.
Mato Grosso do Sul tinha apenas oito cidades em 1.900: Corumbá - a maior de todas - Miranda, Paranaíba, Nioaque, Coxim, C.Grande, Aquidauana e B.Vista. A população total, seja de brancos ou de indígenas, era de tão somente 88.000 habitantes, menos que a da atual Corumbá. Logo a seguir, em 1,907, o Mato Grosso do Sul estava "todo habitado, embora muito escassamente". A maior parte desses 88 mil habitantes era constituída por sitiantes e posseiros, boa parte deles estabelecidos após a guerra do Paraguai, na maioria mineiros e goianos. Um dado a ser destacado é o notável peso dos estrangeiros. No extremo sul e em Corumbá, predominavam os paraguaios, eram duas regiões onde a imensa maioria era constituída por gente de outros países.
Poucas aldeias indígenas.
Populações indígenas, "ainda selvagens", existiam apenas em um pequeno trecho das margens do rio Paraná, entre a foz do Rio Pardo e a do Samambaia. Havia ainda os caiuás no extremo sul, os Terenas no Pantanal e em suas proximidades e, finalmente, os Kadiwéu, que viviam em sua reserva na Serra da Bodoquena. Havia ainda, uma pequena aldeia ofaié, na região de Brasilândia.
Populações indígenas, "ainda selvagens", existiam apenas em um pequeno trecho das margens do rio Paraná, entre a foz do Rio Pardo e a do Samambaia. Havia ainda os caiuás no extremo sul, os Terenas no Pantanal e em suas proximidades e, finalmente, os Kadiwéu, que viviam em sua reserva na Serra da Bodoquena. Havia ainda, uma pequena aldeia ofaié, na região de Brasilândia.
Posses mais ou menos legitimadas.
A propriedade fundiária consistia em "antigas posses, mais ou menos legitimadas, com grandes áreas" . Essas posses eram "encravadas em terras devolutas ou desabitadas entre sertões de dez ou vinte léguas". Uma légua do MS equivalia a nada menos de 3.600 hectares. Quando vendidas tinham preços inacreditáveis. Uma fazenda com 20 léguas quadradas às margens do rio Paraná - as mais caras - valia vinte contos de reis (um conto de reis equivale a R$123.000). No Pantanal, não eram raras fazendas com mais de 300.000 hectares. Os discursos oficiais da época condenavam o latifúndio. Havia um esforço tremendo para trazer brasileiros de outros Estados. Doavam terras para quem quisesse desde que não ultrapassassem 200 hectares. Mas era possível multiplicar muitas vezes esse tamanho de terra para famílias maiores. A história nos conta que a verdadeira alternativa para que os indígenas tenham muita terra e o governo adquiri-las dos fazendeiros. Há muito preconceito por parte dos brancos que só aceitam comprar terras para seus iguais. Há forte discurso ideológico para quem invade terras.
A propriedade fundiária consistia em "antigas posses, mais ou menos legitimadas, com grandes áreas" . Essas posses eram "encravadas em terras devolutas ou desabitadas entre sertões de dez ou vinte léguas". Uma légua do MS equivalia a nada menos de 3.600 hectares. Quando vendidas tinham preços inacreditáveis. Uma fazenda com 20 léguas quadradas às margens do rio Paraná - as mais caras - valia vinte contos de reis (um conto de reis equivale a R$123.000). No Pantanal, não eram raras fazendas com mais de 300.000 hectares. Os discursos oficiais da época condenavam o latifúndio. Havia um esforço tremendo para trazer brasileiros de outros Estados. Doavam terras para quem quisesse desde que não ultrapassassem 200 hectares. Mas era possível multiplicar muitas vezes esse tamanho de terra para famílias maiores. A história nos conta que a verdadeira alternativa para que os indígenas tenham muita terra e o governo adquiri-las dos fazendeiros. Há muito preconceito por parte dos brancos que só aceitam comprar terras para seus iguais. Há forte discurso ideológico para quem invade terras.