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Em Pauta

Um novo verão e o mesmo mosquito

Mário Sérgio Lorenzetto | 17/01/2018 06:51
Um novo verão e o mesmo mosquito

Pernilongos não são apenas uma chateação, propagam doenças devastadoras, incluindo febre amarela. Nações ricas têm medidas eficazes de controle de mosquitos em vigor, mas países em desenvolvimento, como o Brasil, não podem pagar por elas. Precisamos de novos métodos, além das vacinas.
A febre amarela é uma doença infecciosa grave, causada por vírus. Ao contrário do que vem sendo propagandeado, os macacos não são os responsáveis por essa doença. Para quem vive na zona rural o vetor da doença é um mosquito denominado "Haemagogus". Já no meio urbano, a transmissão se dá através do conhecidíssimo "Aedes aegypti". A infecção acontece quando uma pessoa que nunca tenha contraído febre amarela ou tomado a vacina contra ela circula em zonas rurais e é picada por um mosquito infectado. Ao contrair a doença, essa pessoa que saiu da zona rural para a urbana pode se tornar fonte de infecção para o Aedes no meio urbano. Além do homem, a infecção pode acometer outros vertebrados, como exemplo, os macacos paulistas.
Muitos médicos estão prevenindo que a doença pode sair do eixo São Paulo - Rio de Janeiro - Minas Gerais e chegar a todo o país. Aconselham a procurar um posto de saúde que tenha a vacina.
Os sintomas são fáceis de observar: febre alta, calafrio, dor de cabeça, náuseas, cansaço e dor muscular por, aproximadamente, três dias. A forma mais grave da febre amarela é rara e costuma aparecer após dois dias de bem estar, quando ocorrem insuficiência hepática e renal que fazem com que os olhos e pele fiquem amarelados. A maioria dos infectados se recupera bem bem e adquire imunidade permanente contra essa febre.

Um novo verão e o mesmo mosquito

O Papa chega ao Chile. No país dos ateus, discursará sobre indígenas.

No Chile apenas 44% de sua população afirma ser católica. Seus vizinhos brasileiros compõem a maior quantidade de católicos do mundo. Outro vizinho, o Paraguai, conta com 89% de sua população rezando junto com o Vaticano. A Colômbia e o Peru têm 73%. Mas o mais inquietante para o Vaticano é que no Chile não há disputa com os evangélicos, ao contrário do Brasil e da América Central, o verdadeiro rival é o ateísmo que têm 38% da população. Um recorde que dobra a média da América Latina.
O Papa vai ao Chile para salvar sua igreja. Está encurralada em vários escândalos de ordem sexual. A crise é tão evidente que nem seus máximos dirigentes chilenos a negam. Nos últimos anos, ocorreram mais de 80 denúncias de abusos. Um deles é mais delicado e está nas manchetes dos jornais por atingir jovens de classe média e por Francisco ter nomeado bispo um acusado de esconder tais abusos. Mas nem só de sexualidade se alimentam os ateus chilenos que contestam a viagem do papal. A outra questão que Francisco terá de tratar é algo que toca de perto os fazendeiros do Mato Grosso do Sul: a sobrevivência dos mapuches. Qual será o discurso do Papa? Defenderá a invasão de terras? Os mapuches são índios extremamente famosos no Chile.

Um novo verão e o mesmo mosquito

A vingança da geografia. As fronteiras reclamam importância.

Regressam as fronteiras e demonstram uma enorme resistência. Resiliência, denominamos agora essa capacidade de se embrulhar, se defender das mudanças e dos ataques externos. Voltaram com o regresso da importância da geografia. Enfrentam as quimeras de fáceis integrações territoriais. A intenção de apagar as fronteiras está em cheque. As ideias, como o Mercosul, definham.
A palavra "fronteira" tem uma etimologia militar e significa "frente". Quer dizer que seria a linha que nos protegeria de invasões e ataques exteriores. Delimitaria um território regido por leis iguais para todos, inclusive para os fronteiriços. Mas as nossas fronteiras, desde muito antes da Guerra do Paraguai, viviam em um dilema: integrar ou dividir. Amizade ou guerra, são seus delimitadores máximos, mas existentes em curtos espaços temporais. O cotidiano de nossas fronteiras é de um eterno avanço e recuo das forças que as governam e, verdadeiramente, as administram. Para muitos pode parecer estranho, mas as forças dos governos vivem em estado de extremada tensão, estão sujeitas às reais ordenações dos fronteiriços. Maconha, eletrônicos, têxteis, bebidas, cosméticos são apenas a ponta de um imenso iceberg que envolve absolutamente todos os produtos, todas as mercadorias que trafegam nessas regiões. Invasões de terras obedecem a mesma estratégia de sobrevivência e de demonstração de uma virilidade, de um ethos guerreiro que sempre desejaram destruir. Essa é a força real das fronteiras, frentes de lutas constantes. São demarcações impostas a seus moradores e jamais aceitas passivamente.

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