"Vigiles", o corpo de bombeiros da Roma Antiga
Roma sempre foi uma cidade fascinante, capital do império mais poderoso que o mundo jamais conhecera, era um fervedouro de gente a qualquer hora em suas ruas sinuosas e perigosas. Roma estava repleta de "capuonas", as antigas tavernas e restaurantes, de termas ou banhos públicos. Também havia as "insulae", edifícios construídos com tijolos e suportados por vigas de madeira onde viviam desde gente muito próspera - ocupando os primeiros andares - aos mais pobres - que viviam muito mal nos mais altos andares. No alto, não chegava água e nem tinham cozinha, usavam pequenos fornos para aquecer a comida, levando risco ao prédio. Já nos mais baixos, armazenavam todo tipo de materiais, inclusive alguns inflamáveis.
Pavorosos incêndios.
Roma foi inúmeras vezes pasto das chamas. Um dos mais famosos foi o de 64 d.C., que acabou com grande parte dos bairros da cidade. A autoria tem sido atribuída ao ditador Nero, que a devastação de prédios para construir um palácio. Mas, de fato, Roma dispunha de um corpo de bombeiros que atuava nesses casos. Como surgiram? Como trabalhavam?
As negociatas na origem.
A responsabilidade de criar o primeiro corpo de "vigiles" é de Marco Licínio Craso, um general e político, tido como o homem mais rico de Roma. Craso, viu nos constantes incêndios um negócio. Decidiu criar uma brigada privada de 500 homens para apagar os incêndios. Mas antes da brigada agir, Craso negociava o preço de compra do edifício em chamas com o proprietário do imóvel. Era uma cruel picaretagem, só apagavam o incêndio depois do imóvel passar para a lista de propriedades de Crasso. Esse sujeito acabou sendo acusado de atear fogo em alguns prédios. Nessa época, os bombeiros eram chamados de "triumviri nocturni", andavam pelas ruas em pequenos grupos de três homens durante a noite.
Surgem os "vigiles".
Depois de um grave incêndio em 6 d.C. o imperador Augusto criou o serviço de bombeiros, uma brigada composta por mais de 3.000 homens. Foram divididos em sete grupamentos - "coortes" sob o comando de sete tribunos. E, já de início, eram especializados. Havia os "aquarii", encarregados de manejar as bombas de água; os "siphonarii" , que enchiam mantas com vinagre para apagar o fogo e os "centones" que iluminavam o local onde ocorria o incêndio.
Onde há dor estão os bombeiros.
E já dispunham de vários instrumentos: escadas, escovas, esteiras, cordas trançadas e ganchos. Estavam treinados para formar uma corrente humana, com vasos cheios de água, desde as inúmeras fontes da cidade. Seu lema era: "Ubi dolor ibi vigiles", "Onde há dor estão os bombeiros". Há um famoso ditado que diz: "pau que nasce torto, morre torto". O caso dos bombeiros é a suprema negação desse dito popular. Nascidos da picaretagem, obtiveram 2.000 anos de respeito.
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