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Manoel Afonso

Campo Grande: sempre decisiva nas eleições

Manoel Afonso | 28/10/2022 08:46

DO LEITOR: “Lula está desgarrado do PT apenas temporariamente? Se eleito, ouvirá o partido para resgatar pautas como a volta do imposto sindical, censura à imprensa, teto de gastos, reforma trabalhista, aparelhamento da máquina pública, invasões do MST? Como se relacionará com a bancada da direita no Congresso? Lula será um presidente suprapartidário, de conciliação, focado nos interesses nacionais e não para atender ao PT?”.

AH...O PODER!: Como se diz: “o poder é o camaleão ao contrário – todos têm a sua cor”. Além da senadora Simone Tebet (MDB), outro político da terra é pretendente a integrar eventual Governo do PT. Após cumprir seu papel como candidato ao Senado, o ex-ministro Luiz H. Mandetta (União Brasil) diz agora que aceitaria o convite para ser Ministro da Saúde de Lula.

POLE POSITION’: Ambos lembram o piloto que larga atrás e se recupera ao longo da corrida surpreendendo ao final. Contar e Riedel eram vistos com ceticismo pelos críticos devido a posição que ocupavam nas pesquisas e disputam agora quem será o próximo governador. Uma campanha diferente, de vários postulantes com potencial.

POLARIZAÇÃO: Diferentemente das eleições anteriores, desta vez tivemos seis candidatos de alguma forma nivelados e que proporcionaram reviravoltas no curso da campanha. A diversidade das propostas deu ao eleitor mais opções para a escolha ainda no 1º turno. Se não faltou emoção - também não devem faltar lágrimas. É o jogo!

ESTRATÉGICA: Com 640 mil eleitores a capital decidiu todas as eleições, irradiando influencia para o interior inclusive.  No 1º turno Contar obteve 130.972 votos (26,64%); Puccinelli 107.260 (21,82%), Marquinhos 76.102 (15,48%), Riedel 72.072(14,66%), Rose 68.620 (13,96%), Giseli 34.032 (6,92%), Adonis 1.805 (0,37%), Magno 781 votos (0,16%).

SENADO: Sem surpresa! O perfil do eleitorado conservador foi decisivo na escolha para preencher a única vaga disponível. Também na capital a vencedora foi Tereza Cristina com 241.903 votos (52,56%), Luiz H. Mandetta 92.401 votos (20,08%), Juiz Odilon 70.100 votos (15,23%), Tiago Botelho 54.721 votos (11,89%).

CÂMARA FEDERAL: O campeão também foi um conservador, advogado Marcos Pollon com 38.410 votos, seguido de Camila Jara – 37.737 votos, Fábio Trad – 27.805 votos, Luiz Ovando – 22.256 votos, Flavio Cabo Almi – 19.766 votos, Beto Pereira 16.444 votos, Geraldo Resende – 15.182 e o professor Juari – 11.090 votos.

CONCLUSÕES: Esperava-se votação muito melhor de Rose Modesto, pela militância aqui, pelos cargos exercidos e seu projeto político. Outro pretendente a prefeitura da capital em 2024, Beto Pereira, também obteve votação muito aquém das previsões. Surpreendente foi o desempenho de Contar derrotando fácil dois ex-prefeitos inclusive.

A. LEGISLATIVA: Na lista dos 10 candidatos mais votados pelos campo-grandenses aparece Lucas de Lima com 16.566 votos, seguido de Lídio Lopes 15.864 votos, Tiago Botelho 14.508 votos, Pedro Kemp 13.194 votos, Coronel David 12.506 votos, João Catan 12.356, Zeca do PT 11.490 votos, Rafael Tavares 11.049 votos, Silvio Pitu 10.812 votos e Antônio Vaz 10.517 votos.

NOSSO ORGULHO: Não por acaso a Cassems figura no 16º lugar entre as maiores empresas de saúde do país. O hospital da capital em ampliação (140 leitos). O êxito do 1º transplante da medula óssea atesta o seu nível. Após a reforma/ampliação da unidade de Aquidauana, em 2023 será a vez de Dourados (160 leitos). Frutos da boa gestão de Ricardo Ayache e cia.

COMUNICAÇÃO & PODER: Não há como separá-los. Kennedy, Trump nos ‘States’ e Zelensky (e seu celular) na Ucrânia desafiando as ogivas de Putin. Aqui começou com Getúlio Vargas, passando por JK e Collor. Para conquista e manutenção do poder a comunicação importa, às vezes mais que grana e exércitos. Um lembrete aos nossos políticos.

ELEIÇÕES 1989: Tivemos 22 candidatos ao Palácio do Planalto. Afonso Camargo (PTB), Afif Domigues (PL), Antônio Pedreira (PPB), Armando Corrêa (PMB), Aureliano Chaves (PFL), Celso Brant (PMN), Enéas (Prona), Eudes Mattar (PLP), Collor (PRN), Gabeira (PV), Brizola (PDT), Lívia Pino (PN), Lula (PT), Manoel Horta (PC do B), Covas (PSDB), Marronzinho (PSP), Paulo Gontijo (PP), Maluf (PDS), Roberto Freire (PCB), Ronaldo Caiado (PSD), Ulysses Guimarães (MDB), Zamir Teixeira (PCN).

SURPRESAS: Foi uma eleição com candidatos de todos os perfis. Apesar de presidir a Assembleia Constituinte e ser ‘O Senhor das Diretas’, Ulysses Guimaraes (MDB) só obteve 3.204.932 votos (4,60%), o 7º colocado, perdendo para Mario Covas, Paulo Maluf e Guilherme Afifi.  Collor venceu o 1º turno com 32,47% dos votos e Lula veio  a seguir com 16,69%.

FRASES & ULYSSES: “A nação quer mudar, a nação deve mudar, a nação vai mudar”. “A sociedade sempre acaba vencendo, mesmo ante a inércia ou antagonismo do Estado”. “Não roubar, não deixar roubar, pôr na cadeia quem roube, eis o primeiro mandamento da moral pública”. “A história nos desafia para grandes serviços, nos consagrará se os fizermos, nos repudiará se desertamos".

POR POUCO...: Política e humor se fundem. Um mês antes do 1º turno de 1989 lançaram Silvio Santos candidato (PMB) no lugar de Armando Correa. Ele disparou nas pesquisas, mas o TSE impugnou sua candidatura por ser concessionário de serviço público de radiodifusão e o PMB estar ilegal. Foi divertido ver Silvio discursando no horário eleitoral ao som do refrão musical: “É o 23...é o 23...com Silvio Santos chegou a nossa vez!”.

FRASES ELEITORAIS: Lula não ameaça os banqueiros. É ao mesmo tempo o pai dos pobres e a mãe dos ricos (FHC-2006). Não é possível fazer política sem botar a mão na merda (ator Paulo Betti). Vou olhar pra quem tem pouco, libertando as pessoas da escravidão por dívidas (Ciro Gomes). Sou contra a privatização da Petrobras, já disse isso várias vezes, mas sou liberal na economia e a favor de privatizações. (Simone Tebet).

DESABAFO: “Muito obrigado a todos vocês, eleitores e apoiadores. A Lava Jato vive e vai chacoalhar Brasília novamente. Grande vitória. Vencemos todo o sistema político contra nós. Poucos aliados políticos, mas valorosos. Vencemos o PT no Paraná. O Paraná e o Brasil terão um senador forte e independente em Brasília”. (Sergio Moro celebrando a vitória nas redes sociais).

PRIMEIROS SINAIS: De um lado o deputado Junior Mochi (MDB) que teria as bênçãos  influentes de Londres Machado (PP) para se viabilizar junto a outros parlamentares. De outro a deputada Mara Caseiro (PSDB), disposta a enfrentar novos desafios na Casa. É natural, a presidência atrai desejos, a escolha depende de dois fatores: a eleição do novo governador e a capacidade de articulação dos pretendentes.

EXPLICANDO: O poder executivo em todos níveis, quando não viabiliza relações   harmônicas com o poder legislativo simplesmente fica amputado, e o que é pior, corre sérios riscos. Os exemplos são inúmeros. Daí que o vencedor das eleições precisará naturalmente construir uma base política para aprovar seus projetos e garantir a governabilidade.

BOM EXEMPLO: Eleito governador em 1998, Zeca do PT foi pragmático e fez uma boa leitura do quadro.   Apesar de seu partido eleger apenas Laerte Tetila para a Assembleia Legislativa - nunca teve atritos com o legislativo. Zeca ajudou a costurar a eleição de Londres Machado para a presidência e de Ary Rigo para a 1ª. Secretaria. O resultado foi uma relação harmônica com o legislativo nos dois mandatos do petista.

PONTO FINAL:

“Um voto é como uma arma, sua utilidade depende do caráter do beneficiado”. (Theodore Roosevelt).

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