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Manoel Afonso

O fenômeno da abstenção eleitoral em 2018

Manoel Afonso | 25/08/2017 09:28

DILEMA Lideranças políticas do interior admitem dificuldades para homenagear o ex-governador Pedrossian. Pela sua biografia não pode emprestar seu nome a denominação de uma rua periférica por exemplo. Ex-vereador de Camapuã confessava: as principais obras públicas da cidade são de Pedrossian. E rebatizar uma delas é impensável por motivos óbvios.

HOLOFOTES A exemplo de outros eventos que reúnem figuras notáveis, também no velório do ex-governador ficou evidente a postura de alguns personagens. Mesmo não tendo intimidade familiar ou identidade política com Pedrossian eles se esforçavam para serem notados pelo pessoal da mídia. Oportunismo ao estilo ‘papagaio de pirata’.

HONESTO Na abertura da rodovia ligando Camapuã a Chapadão do Sul, região de terras desvalorizadas na época, os maldosos espalharam o boato que Pedrossian havia comprado extensas áreas utilizando-se de ‘laranjas’. O médico e ex-deputado estadual Osvaldo Dutra relembra o caso e faz a comparação diferenciando o ex-governador dos políticos de hoje - envolvidos em mutretas e propinas.

CUIABANOS Contava o ex-deputado estadual Valdomiro Gonçalves que os cuiabanos ficaram simplesmente encantados com a chegada do casal Pedro (Maria Aparecida) Pedrossian. Pedro quebrou paradigmas e iniciou a revolução de Cuiabá com obras que foram incorporadas a sua paisagem arquitetônica . Jamais se esqueceram dele.

GENEROSO Pedrossian jamais usou do poder para se vingar. Não demitia e nem transferia os funcionários adversários para locais distantes de suas famílias. Passou pela vida sem a contaminação do ‘virus do ranço vingativo’. Detalhe: Embora não parecesse, conta o amigo Osmar Dutra, ex-conselheiro do Tribunal de Contas de MS – que o dr. Pedro era um cidadão tímido nas participações em eventos públicos.

COMILANÇA: O escritor Lima Barreto já desabafava em ‘A Política Republicana’, (1918): “A república no Brasil é o regime da corrupção....Para que não haja divergência, há a ‘verba secreta’... Ninguém quer discutir, ninguém quer agitar ideias. Todos querem ‘comer’, ‘comem’ os filósofos, ‘comem’ os advogados, ‘comem’ os poetas, ‘comem’ os engenheiros, ‘comem’ os jornalistas: o Brasil é uma vasta comilança.”

LIMA BARRETO (1881/1922) em suas crônicas via a política como “um ajuntamento de piratas mais ou menos diplomados que exploram a desgraça e a miséria dos humildes”. Decepcionado com a corrupção reinante na época, o escritor confessava ter saudades do Império, argumentando que pelo menos “os homens tinham elevação moral e mesmo, em alguns, havia desinteresse”. E não é que conseguimos piorar!

FENÔMENOS Vendo o histórico das eleições vamos nos deparar com nomes que surpreenderam
nas urnas, contra nomes tradicionais, siglas fortes e poder financeiro. Eles se pautaram no discurso de mudanças, ética, aproveitando da carência, revolta do eleitor e da fadiga de outras lideranças partidárias. Fernando Collor de Mello (PRTB) e Alcides Bernal (PP) se encaixam no rol dos que blefaram e decepcionaram.

PEDROSSIAN foi um fenômeno naquelas eleições para governador derrotando Lúdio Coelho. Era engenheiro da ‘Noroeste do Brasil’ e seu oponente de família tradicional, legítimo representante do poder oligárquico e do latifúndio. Seu discurso empolgou, pregava as mudanças que repousavam no imaginário da população. E não decepcionou.

PREOCUPA Gosto de ouvir as opiniões sobre os nomes postos para as eleições de 2018. Mas ultimamente tem crescido o sentimento pela abstenção, um resultado da decepção com os partidos e uma rejeição incontida aos nomes que não representam a renovação. A cada episódio do Congresso Nacional e da Lava Jato cresce essa tendência.

CURIOSO Nas entrevistas e pesquisas o eleitor pede renovação e ética, mas se nega a participar do processo eleitoral. Uma situação complicada. É o sentimento do eleitor em não estar sendo representado nas decisões políticas e administrativas. Tudo vem de cima goela abaixo.

ABSTENÇÃO Pode sim ser o grande fenômeno eleitoral em 2018 como foi na cidade do Rio de Janeiro em 2016, quando mais de 38% decidiram pela abstenção, brancos e nulos. Volto a citar o recente exemplo deste fato nas eleições estaduais do Amazonas quando esse índice superou a casa dos 40% do eleitorado amazonense.

AS PESQUISAS eleitorais aqui no Estado ‘escondem o leite’, precisam mostrar melhor os percentuais de quem não está disposto a votar, dos que pretendem anular o voto ou daqueles inclinados ao voto em branco. A soma deles deve ser levada em conta antes de se identificar eventuais favoritos. Afinal, o eleitor daqui pertence a mesma’ manada’ nacional, ou seja, pode também estar afiando a faca.

SUSPENSE Como a nossa política local está judicializada e há uma espera silenciosa – mas angustiante – por eventuais fatos novos investigativos envolvendo personagens manjados, ainda não é possível dizer como o quadro ficará. Do outro lado do balcão está a opinião pública mirando esses alvos para denunciá-los pela internet.

INTERNET Volto a lembrar de sua força para estragos impensáveis e irreparáveis nas eleições de 2018. Como controlar as mensagens com imagens enviadas pelo celular? Como evitar as propagações dos chamados grupos? A censura será impraticável devido aos recursos cada vez mais avançados da tecnologia. Quem tiver culpa no cartório vai dançar.

DÚVIDAS Os partidos tradicionais em 2018 - com alto nível de rejeição nem sempre mostrada nas pesquisas – garantirão o bom desempenho de seus candidatos nas urnas? A cada dia crescem as dúvidas neste sentido, como crescem também as chances dos chamados fenômenos eleitorais representados por personagens sem desgastes. O eleitor está observando tudo e com a pedra não mão.

BRINCADEIRA Seria muita ingenuidade da nossa parte esperar que a classe política fosse jogar contra o próprio patrimônio. A primeira preocupação é preservar o dinheiro do ‘fundo’ (sem fundo) para a campanha; a segunda é aprovar o modelo que assegure aos coronéis das siglas principais a maior chance de reeleição. O resto é puro jogo de cena nesta pretensa reforma política. As coisas mudam para ficar como estão.

ARREPIOS Todos aqueles políticos envolvidos em episódios de corrupção como mostrou a Lava Jato – por conta das prerrogativas do fogo privilegiado - vão continuar habitando o cenário político e o que é pior – dando as cartas. É bem assim: os políticos brasileiros fazem leis em benefício próprio. Depois reclamam que o deputado Jair Bolsonaro está subindo nas pesquisas presidenciais.

BARBARIDADE O que pretende o ministro Gilmar Mendes no STF? Até onde vai com suas ousadias e contradições? O seu direito calcado no convencimento pessoal ao mandar soltar empresários suspeitíssimos fere o bom senso e desrespeita a opinião pública. Até parece que ele se senta à direita de Deus Pai, que tudo pode, menospreza nossa inteligência.

SEM ILUSÕES A população acompanha também os movimentos no campo judicial e opina nas redes sociais. Se de um lado aplaude as ações da Lava Jato, de outro critica as inconstâncias dos ministros do Supremo Tribunal Federal. Enquanto o juiz Sérgio Moro transformou em réu Aldemir Bendini ( ex-presidente do Banco do Brasil) em apenas 2 dias, o STF levou 2 anos para aceitar a denúncia contra o senador Fernando Collor de Mello.

ANDRÉ PUCCINELLI O ex-governador anuncia que até o final do ano decidirá pela candidatura ou não ao Executivo Estadual. Mas então seriam apenas lorotas aquelas promessas de aposentadoria? Mas ele continua se esquivando e ainda deve algumas explicações à opinião pública sobre seu depoimento na Polícia Federal. Eu fico aqui matutando: como André – que fiscalizava pessoalmente até as emissões das passagens aéreas aos seus colaboradores – ( em nome da economia) não percebeu as discrepâncias entre os custos e a qualidade dos asfaltos de rodovias efetivados sob o comando do fiel escudeiro Edson Giroto? No aguardo.

“A política do PT é a arte de pedir votos aos pobres, dinheiro aos ricos e mentir para ambos”. (Antônio Ermírio de Moraes)

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