Projeto Resíduos Sólidos - Muito mais do que o cuidado com o meio ambiente
Um país que investe na reciclagem, incentivando todos os atores dessa complexa cadeia a fazer a gestão adequada dos seus resíduos e apoiando iniciativas que promovem a economia circular, conquista um tripé de benefícios: ambientais, sociais e econômicos.
É natural que sempre que pensamos em separar e descartar corretamente nossos resíduos, garantindo que os itens recicláveis possam ser encaminhados para o reaproveitamento, idealizamos primeiramente a preservação ambiental. Até mesmo porque esse é um tema listado nos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável apoiados pela Organização das Nações Unidas (ONU).
Porém, além dos benefícios ambientais como a preservação dos recursos naturais, a diminuição do volume de resíduos a ser encaminhado para os aterros sanitários e a contribuição com o combate ao efeito estufa, há ganhos sociais e econômicos que merecem ser destacados.
O processo de reciclagem estimula a atividade remunerada na base da pirâmide social e contribui com o resgate da cidadania. Vivemos, no Brasil, um momento complexo, com a taxa de desemprego passando dos 14% segundo o IBGE, e é importante estimular todos os setores que podem gerar novos postos de trabalho. Nesse cenário, são abertas vagas diretas, dentro das cooperativas e das indústrias de reciclagem, e indiretas nos processos logísticos com o transporte de todo esse material das cooperativas para a indústria e, posteriormente, da indústria para as fabricantes de novos produtos.
Em 2020, por exemplo, o setor de reciclagem de plástico no Brasil criou 10 mil empregos de acordo com relatório divulgado pela ABIPLAST (Associação Brasileira da Indústria do Plástico). Cada tonelada de material reciclado emprega mais de três catadores. Dessa forma, mesmo com a pandemia de covid-19 que assolou o mundo impactando todos os setores da economia, a indústria de reciclagem de material plástico no Brasil empregou 10.162 pessoas e o mesmo desempenho positivo ocorreu na indústria de transformados, onde mais de 320 mil pessoas foram empregadas.
No aspecto econômico, os ganhos também são múltiplos. Além de diversas indústrias terem, à mão, matérias-primas valiosas para desenvolvimento de novos produtos, esse é um mercado viável, sustentável e funcional. Vamos a um exemplo?
De acordo com a ABIPET (Associação Brasileira da Indústria do PET), um terço do faturamento de toda a indústria brasileira do PET provém da reciclagem. Em 2019, esse montante chegou a R$ 3,5 bilhões dentro de um setor que gera impostos, empregos e renda assim como qualquer outra indústria de base sólida no país. E esses ganhos também ocorrem nos outros materiais com potencial para o reaproveitamento.
Por fim, é importante lembrarmos que separar e descartar corretamente os resíduos ajuda na preservação ambiental sabendo que a sociedade e o país também ganham em outros aspectos.
*Este é um conteúdo produzido pelo “Projeto Resíduos Sólidos – Disposição Legal” realizado pelo Ministério Público de Mato Grosso do Sul (CAOMA/Núcleo Ambiental), Tribunal de Contas Estadual, SEMAGRO do Governo do Estado e UEMS. Este Projeto visa buscar alternativas para extinção dos lixões e implementação da Lei de Resíduos Sólidos no Estado, em especial desenvolvendo soluções consorciadas benéficas para toda a sociedade estadual.