Aluno perde professor de apoio e mãe reclama de descaso
Diagnosticado com autismo, adolescente não consegue acompanhar aulas e passou a ter crises de ansiedade
O boletim com notas boas e frequência regular mudou completamente. Nos últimos meses, Érika Almeida, de 33 anos, viu o filho perder o interesse em ir à escola após a retirada do professor de apoio. Diagnosticado com autismo, deficiência intelectual leve e TDHA (Transtorno do deficit de atenção com hiperatividade), o adolescente de 16 anos não consegue mais acompanhar o ritmo das aulas, segundo a mãe.
O diagnóstico do TEA (Transtorno do Espectro Autista) foi dado no ano passado ao jovem. Com apoio dos laudos médicos, Érika conseguiu que ele recebesse o acompanhamento profissional na Escola Estadual Padre José Scampini, porém a situação mudou e se agravou neste ano.
“Ano passado eles tiraram o professor do meu filho com argumento que era para observar se ele ia precisar esse ano ou não, mas foi tudo planejado para tirar mesmo o professor dele”, fala.
A mãe acusa o Ceame/ TEA (Centro Estadual de Apoio Multidisciplinar Educacional ao Estudante com Transtorno do Espectro Autista), órgão ligado à SED (Secretaria Estadual de Educação) de negligenciar a situação. “Toda vez que vou é uma desculpa diferente, falam que o menino tem autonomia, mas eu tenho laudo médico”, afirma.
Segundo ela, o Ceame usa a justificativa de que o filho não precisa de acompanhamento especial em sala, mas a falta de um tem feito diferença na rotina escolar dele. “Meu filho não consegue se adaptar. Ele está com crise de ansiedade, ele vai pra escola e não consegue copiar. Ele precisa de ajuda, mas o professor tem 42 alunos na sala e não consegue dar suporte”, explica.
Datado de julho de 2023, laudo feito por uma neuropsicóloga atesta que não há evidências de comprometimento nas funções cerebrais específicas jovens. No entanto 'seus erros estão mais relacionados com processos de aprendizagem' e que o mesmo 'necessita de acompanhamento escolar, não consegue fazer atividades sozinho e tem dificuldade de manter concentrado'.
Hoje, além das notas e frequência baixa, o comportamento do adolescente mudou completamente. “Ele fica irritado, ele está agressivo, ele se sente inútil por estar lá (na escola) e não estar aprendendo. Tenho provas dele com nota zero, um, quatro”, relata.
Para controlar as crises de ansiedade, que também viraram parte da rotina, foi preciso elevar a dose do remédio. Em casa, o jovem também não consegue estudar sozinho e a mãe vê o filho perder cada vez mais o interesse nas aulas. “Antes ele chegava empolgado falando que aprendeu algo”, conta.
Na instituição que o filho estuda, Érika diz que a direção tem ajudado da forma que consegue. “Na escola sou bem atendida, eles fazem o que está ao alcance, mas é com o Ceame que contrata o professor que está dificultando”, comenta.
Sem perspectiva de quando o filho voltará a ter um professor de apoio em sala, Érika tem receio de ver os planos futuros do garoto serem afetados. “Ele gosta de informática, fala que quer ser analista de sistemas. Agora isso está prejudicando o emocional dele. Se ele não estudar agora não vai querer nem seguir na faculdade, isso tá fazendo ele regredir”, pontua.
Em nota, a SED resposde que "De acordo com a avaliação feita pela equipe responsável, o estudante não apresenta necessidade de encaminhamento de um profissional de apoio. A mãe foi atendida pela referida unidade escolar - e também Coordenadoria de Educação Especial da SED - e informada a respeito com o detalhamento sobre a questão"
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