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Direto das Ruas

Com apenas 1 perna, deficiente físico tem de viajar de bicicleta para tirar RG

Segundo a Sejusp o servidor responsável pelo serviço em Miranda foi contaminado pelo coronavírus

Gabriela Couto | 21/05/2021 17:11
Alan Rocha pedalou 132 km para ir e voltar de Miranda a Bodoquena conseguir fazer a segunda via do RG (Foto Direto das Ruas)
Alan Rocha pedalou 132 km para ir e voltar de Miranda a Bodoquena conseguir fazer a segunda via do RG (Foto Direto das Ruas)

O empresário Anderson Menezes, 38 anos, ficou indignado ao ver o amigo portador de deficiência física, Alan Rocha Dias, ir três vezes de Miranda até Bodoquena para conseguir fazer a segunda via da carteira de identidade. A última, foi de bicicleta, no total de 132 quilômetros.

“Já era a terceira vez que ele fazia o trajeto. Ele não tem uma perna e dessa vez ele foi e voltou de bicicleta para conseguir um documento que é obrigatório. Um direito dele”, lamentou Anderson.

Já Alan fala da história sorrindo, porque diz que até gosta de "praticar" as pedaladas. Garante que está "acostumado", porque perdeu a perna direita há 17 anos e hoje está bem "adaptado". "Sofri um acidente de moto com 18 anos e fui me adaptando. Já viajei até Corumbá de bicicleta", conta o ciclista que também é capoeirista.

Mas durante a entrevista Alan começa a ficar indignado quando lembra que teve de ir 3 vezes até a cidade vizinhaa até retirar a 2ª via, por ter levado um documento errado. "A primeira vez levei fotocópia da Certidão de Nascimento e eles não aceitaram. Estava com o meu CPF e mesmo assim não aceitaram. Tive de voltar, pagar R$ 50 em outra certidão e viajar até lá pela segunda vez".

Sobre a falta de serviço de identificação na cidade, ele espera que o exemplo sirva para ajudar muita gente que tem de gastar para um serviço básico. "Tem muita gente que precisa ir de ônibus, que tem de pagar passagem".

O amigo Anderson resolveu então ir a fundo na história e descobriu que todos os cidadãos mirandenses precisam ir até as cidades mais próximas, que são Bodoquena ou Aquidauana, para conseguir ter acesso a um posto de identificação.

“A pessoa tem que ir por sua conta e risca. Deixaram a cidade a Deus dará. A gente se sente abandonado. Por isso recorri à imprensa para pedir ajuda. Esse problema já dura mais de um ano.”

Bastou postar na sua página na rede social a situação para uma série de mirandenses compartilharem a mesma decepção. Em cinco horas foram 43 compartilhamentos e 55 comentários.

“Eu tive que ir até lá [Bodoquena] fazer a segunda via e como não passou minhas digitais tenho que voltar de novo com 15 dias pra fazer novamente. Já pensou”, afirmou Ataide Souza.

Mesma situação foi compartilhada por Karla Pastora. “Infelizmente é uma situação desagradável, preciso renovar meu RG para viagem. Me passaram contato de Aquidauana, e informaram que somente lá estava tirando.”

Já Daiane Silva questionou: “E quem não tem uma condução pra ir até lá fica como? Sem documentos”. Jeniffer Alves Silva Neco disse que teve que levar as filhas até outro município para conseguir o documento. “Ainda tive que pagar para alguém de lá trazer para mim ou se não eu mesma tinha que ir buscar. Não sei por que essa palhaçada se aqui também tem delegacia e dava para tirar aqui os RG”.

Segundo a Sejusp (Secretaria de Justiça e Segurança Pública), não há papiloscopista lotado em Miranda. O servidor de outro município estava realizando o serviço no posto de atendimento. Devido à pandemia do coronavírus e as medidas de restrição, foi suspensa a viagem de servidores para atendimento em outras cidades. Também teve um aumento de atestados médicos por conta da pandemia, alega a Sejusp.

Mas com a vacinação dos papiloscopistas do Instituto de Identificação o atendimento deve ser restabelecido nos próximos dias. A Sejusp também afirmou que o governo do Estado já autorizou a realização de concurso para preencher as vagas desta categoria que se encontra em déficit no quadro de servidores. O edital deve sair em breve.

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