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Direto das Ruas

Em cadeira de rodas, idoso sofre para conseguir corrida por aplicativo

Filha de idoso relata que motoristas de aplicativo recusam corridas devido à condição física do pai

Por Mylena Fraiha | 29/10/2023 11:55
De cadeira de rodas, idoso de 73 anos passeia com cachorro em parque da Capital (Foto: Direto das Ruas)
De cadeira de rodas, idoso de 73 anos passeia com cachorro em parque da Capital (Foto: Direto das Ruas)

Enquanto aplicativos de transporte continuam a ganhar popularidade, passageiros com deficiência ainda lidam com a discriminação diária, especialmente na hora de pegar corridas. Exemplo disso é o caso do idoso de 73 anos de idade, pai da advogada Daiane Centurion, de 28 anos.

De acordo com Daiane, seu pai utiliza cadeira de rodas há um ano. Desde então, tem lidado com o preconceito e a falta de auxílio na hora de se locomover pela cidade. "É uma situação que acontece com frequência, eu diria que quase toda semana. E isso é chato, porque, por mais que você relate a situação no aplicativo, é sempre frequente. Eu entendo que a culpa não é da 99 Pop. A questão tem mais a ver com a índole dos motoristas", desabafa, referindo-se ao aplicativo que costuma usar com maior frequência.

Os relatos de discriminação variam desde motoristas que recusam corridas envolvendo o seu pai, um idoso com deficiência, até casos de cobrança de taxas extras simplesmente pelo fato de ser cadeirante. "Já teve casos em que o motorista vê que o passageiro é cadeirante, mas não desce para ajudar a realizar o embarque", relata Daiane.

Daiane também menciona que a mãe dela, uma idosa que não tem força para erguer a cadeira de rodas, foi induzida a fazer o trabalho sozinha por motoristas de aplicativos.

Além disso, Daiane relata que teve casos em que os motoristas ocasionalmente cobraram a mais por corridas, simplesmente devido à condição de cadeirante do seu pai. "Só para ter uma ideia, uma corrida de R$ 11 já chegaram a cobrar R$ 30", acrescenta.

Cansada da situação, a filha afirma que ela e o pai seguem desanimados com o comportamento discriminatório dos motorista. "São situações tão absurdas que você não sabe o que fazer. É muito triste, porque ver uma situação dessa é muito desumano. Quem está vivenciando isso já precisa lidar com vários desafios, devido à limitação física, e ainda tem que passar por isso com frequência. É muito desanimador e afeta psicologicamente a pessoa".

A reportagem procurou a empresa de transporte por aplicativo 99 Pop para questionar se tem a intenção de implementar novas medidas em sua política de atendimento a pessoas com deficiência. Entretanto, até o fechamento desta matéria, não obteve resposta. O espaço segue aberto.

Discriminação - A Lei Brasileira de Inclusão (Lei nº 13.146/15) estabelece que toda pessoa com deficiência tem direito à igualdade de oportunidades e não deve sofrer qualquer tipo de discriminação. A lei impõe penalidades para aqueles que praticam, induzem ou incitam discriminação contra pessoas com deficiência.

Em seus artigos 88 a 91, a lei impõe penalidades para aqueles que praticam, induzem ou incitam discriminação contra pessoas com deficiência. As penas de reclusão variam de 1 a 3 anos, além de imposição de multas, para aqueles que pratiquem, induzam ou incitem qualquer tipo de discriminação em razão da condição de deficiência.

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