Fogo em terreno baldio provoca transtorno e fumaça em bairros da Capital
"Vizinhos" dos focos, moradores questionam fiscalização em cima de terrenos sujos e incêndios
Desde 9h da manhã, moradores da Rua Florbela Espanca, no Bairro Vida Nova 3, em Campo Grande, tiveram de se fechar em casa. Portas, janelas e qualquer brecha foram lacradas para que a fumaça do incêndio no terreno baldio não invada a casa.
O "pesadelo" do fogo em terreno baldio se espalha por pelo menos duas regiões da cidade. Além do Vida Nova, moradores do Jardim Veraneio também ficaram acuados pelas chamas que a população insiste em provocar para "limpar" terreno.
Pelo Direto das Ruas, o WhatsApp para os leitores conversarem direto com o Campo Grande News, uma cabeleireira de 42 anos que pede para não ter o nome divulgado por medo de retaliações descreve como "insuportável" a situação.
"Moro bem em frente, hoje estou de folga e por isso estou em casa", comenta. A cabeleireira fala que falta conscientização da população que teima em atear fogo e prejudicar a saúde de todos. "Isso polui a natureza, é prejudicial à saúde, e fogo não é a solução. A Prefeitura tem que cobrar dos donos de terrenos a limpeza para não ficar acontecendo isso", diz.
O terreno tinha uma plantação de eucaliptos, que depois de serem arrancados pelos proprietários passou a ser palco constante de fogo. "Quando cortaram, ficou terreno baldio com muito lixo, resto de madeira e toda hora alguém está colocando fogo. Eu tenho criança e uma idosa em casa, está todo mundo tossindo", explica.
A moradora não sabe se foram os donos ou os vizinhos que, sem aguentar mais o lixo, decidiram queimá-lo. "Acho que em todos os bairros deveria ter alguém responsável por esse tipo de limpeza e serem feitos mutirões. A população também tem que ajudar a manter seu bairro limpo, não deve ser só uma obrigação da Prefeitura", completa.
Na semana passada, a Prefeitura Municipal de Campo Grande lançou a campanha "Lote Limpo" que além de conscientizar proprietários para a limpeza dos terrenos baldios, também reforça com a população a importância de denunciar na Semadur pelo telefone 156, na Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) 3314-9955 e na Decat (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Ambientais e de Atendimento ao Turista) no telefone 3325-2567.
Penalidades - Conforme o Código de Polícia Administrativa – Lei Municipal n. 2.909, de 28 de julho de 1992, os proprietários de terrenos sem edificação são obrigados a mantê-los limpos, capinados e drenados, sendo vedada a utilização de queimadas para esse fim. As multas variam de R$ 2.478,50 a R$ 9.914,00.
Além disso, causar incêndios em matas ou florestas pode resultar em prisão de dois a quatro anos ou detenção de seis meses a um ano, com base na Lei de Crimes Ambientais – Lei Federal n. 9.605, de 12 de fevereiro de 1998.
No Bairro Jardim Veraneio, na Avenida Desembargador Leão Neto do Carmo, próximo à AABB (Associação Atlética Banco do Brasil) o fogo no terreno também deixou os vizinhos trancafiados em casa. Em tom de socorro, pedindo ajuda mesmo, que a aposentada Ilda Laidens Conci, de 65 anos, enviou ao Campo Grande News imagens e vídeos da situação.
"Foi depois das 8h da manhã, agora até que está aliviando, mas é apavorante", comenta. O que mais lhe incomoda é a fumaça somada à umidade relativa do ar, que por exemplo hoje está em 55%, não tão baixa, mas menos do que o preconizado pela OMS (Organização Mundial de Saúde) que é de 60%.
"Meu apartamento fica exatamente do lado e essa fumaça toda está vindo para cá. O fogo tem sido constante", resume Ilda. O terreno não é aberto, tem muro e portão, e segundo relato da moradora, foi roçado há poucos dias.
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