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Direto das Ruas

Funcionária nega pedido de mãe e escreve que família recusou vacinar bebê

"Paciente recusou as 4 doses do calendário", escreveu funcionária após família pedir para vacinar separado

Paula Maciulevicius Brasil | 21/05/2021 16:42
Anotação feita em caderneta diz que família se recusou a dar as doses previstas no calendário vacinal, quando na verdade mãe pediu para dividir vacinas e assim evitar que filho tivesse uma reação como da primeira vez. (Foto: Direto das Ruas)
Anotação feita em caderneta diz que família se recusou a dar as doses previstas no calendário vacinal, quando na verdade mãe pediu para dividir vacinas e assim evitar que filho tivesse uma reação como da primeira vez. (Foto: Direto das Ruas)

Depois de quatro dias tentando vacinar um bebê de 4 meses, uma família na região do Bairro Jardim Los Angeles voltou para casa nessa quinta-feira sob ameaças do posto chamar o conselho tutelar e ainda o registro, a caneta, na caderneta de vacinação da criança de que a família tinha se recusado a tomar as doses previstas pelo calendário.

A situação aconteceu nessa quinta-feira (20), com uma mãe de 19 anos, que acompanhada da avó do bebê, estava apenas tentando fazer com que as vacinas dadas aos 4 meses fossem divididas em dias separados, depois que a criança teve forte reação.

Segundo preconizado pelo Ministério da Saúde, os bebês devem tomar as vacinas pentavalente, VIP, pneumocócica e rotavírus aos 2 e depois o reforço aos 4 meses. Em março, o bebê tomou todas estas e teve uma forte reação.

A pedido da família, o Campo Grande News não vai mostrar o rosto do bebezinho. Fofo e saudável, a criança é bem cuidada pela família. (Foto: Direto das Ruas)
A pedido da família, o Campo Grande News não vai mostrar o rosto do bebezinho. Fofo e saudável, a criança é bem cuidada pela família. (Foto: Direto das Ruas)

"Eram três vacinas e uma gotinha que foram aplicadas no mesmo dia, porém logo após chegar em casa, o bebê apresentou muita febre e inclusive teve que ser levado à UPA, porque quase convulsionou", diz a tia-avó da criança, a técnica em Enfermagem Aline Aparecida Lopes Alves, de 25 anos.

Ela quem procurou em noma da irmã e da sobrinha o Campo Grande News para denunciar o caso. A família diz que entende que a reação é natural após a vacina, mas queria tentar uma alternativa para evitar que o quadro se repetisse.

Na segunda-feira desta semana, quando chegou a data do reforço das doses, a mãe do bebê, Jéssica de Oliveira Pereira, procurou a mesma UBSF que havia ido anteriormente, do Jardim Los Angeles, para vacinar o filho.

Já precavida, a mãe pediu na sala de vacinação se havia a possibilidade de dividir as vacinas e separá-las com intervalo para que o bebê não tivesse a mesma reação da primeira vez. "Foi recusado e disseram que não poderia aplicar as vacinas dessa forma", fala a tia.

Na terça-feira a família voltou ao posto e teve a mesma negativa, mas dessa vez tentaram procurar pela assistente social, que de acordo com elas, não atendeu. Na quarta, a mãe e a avó bo bebê voltaram para tentar vaciná-lo, mas ouviram que a naquele dia era só vacina da covid.

Ontem, quando foram novamente até a unidade para tentar vacinar, as duas questionaram as técnicas na sala de vacinação e tiveram como resposta um tom muito ríspido e de deboche. "Mandaram ela ligar para a ouvidoria do SUS se estivesse achando ruim, e foi isso que ela fez. Após conversar com a atendente da ouvidora, elas procuraram a gerente do posto", conta a tia.

A gerente atendeu a família e confirmou que poderia dividir as vacinas com a central de vacinas da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde). "Então, a gerente orientou minha irmã para ir até a sala da vacina, porque seria permitido aplicar duas vacinas e depois mais duas. Minha irmã relatou que as técnicas estariam com deboche, o que fez com que ela mesma, a gerente, fosse até lá", conta.

Jéssica com o filho de 4 meses. (Foto: Direto das Ruas)
Jéssica com o filho de 4 meses. (Foto: Direto das Ruas)

Depois que a gerente virou as contas, a família conta que o tratamento só piorou. "Minha irmã e minha sobrinha foram recebidas com rispidez, indiretas e deboche por parte das duas técnicas. Uma delas inclusive se negou a aplicar, a outra aplicou, mas escreveu no caderno que nós estávamos nos recusando a vacinar o bebê e que a assistência social iria acionar o Conselho Tutelar", descreve.

Mãe e avó saíram perplexas do posto e ainda ouviram uma das técnicas mandarem as duas "tomarem no c*". "Nós achamos isso um absurdo, porque se valem do direito de serem funcionárias públicas para humilhar as pessoas. Se fosse a minha irmã que tivesse feito isso, teria saído de lá presa por desacato a funcionário público. A gente tem que respeitar, mas eles também precisam respeitar a gente", desabafa a família.

A ameaça de chamar o conselho tutelar e o registro na caderneta deixaram mãe e avó surpresas. "A gente cuida tão bem desse menino, estamos indo desde segunda tentar vacinar e fazer dividido por cuidado. Se fosse uma coisa que fizesse mal a ele ou que fosse prejudicá-lo de alguma forma, a gente ia entender se não pudesse. Mas a gerente afirmou que poderia, a ouvidora do SUS também. É desumano a forma como tratam a gente", pontua a tia.

A criança tomou apenas a penta e a rotavírus e teve anotada as datas de retorno das demais. A família notou que o bebê voltou a ter febre, mas nada que se compare a reação nos dois meses de vida. A preocupação agora será quando eles tiverem de voltar ao posto para as demais doses.

Em nota, a Sesau informou que não há nenhum impedimento para que a aplicação das vacinas seja feita de maneira fracionada, entretanto é necessário observar os prazos recomendados para que seja efetivado o esquema vacinal.

Ainda conforme a Secretaria, a responsável pela criança foi orientada na unidade sobre o período correto de vacinação para que não houvesse nenhuma implicação quanto à efetividade do imunobiológico.

"Cabe esclarecer que em momento algum as servidoras se negaram a vacinar a criança, no entanto foram feitas somente as orientações necessárias, como já mencionado. O paciente pode ser sim atendido em qualquer unidade de saúde, mas é preferível que procure o local que ele faça parte da área de abrangência, até para que seja dado continuidade no acompanhamento ao longo da vida", a nota explica.

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(*) Matéria atualizada às 17h51 para acréscimo de informações. 

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