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Economia

Após 10 dias, caminhoneiros retomam estrada, mas parte quer manter greve

Nos postos Kátia Locatelli e Carga Pesada já não há concentração de motoristas parados

Danielle Valentim e Ricardo Campos Jr. | 30/05/2018 10:00
Situação em frente ao posto Caravagio na manhã desta quarta-feira. (Foto: Marina Pacheco)
Situação em frente ao posto Caravagio na manhã desta quarta-feira. (Foto: Marina Pacheco)

Depois de dez dias de greve nas rodovias de Mato Grosso do Sul, os caminhoneiros começaram a deixar os três pontos de bloqueio em Campo Grande, que concentravam o maior número de profissionais. Culpando a população, questionando os anúncios feitos pelos Governos e criticando a desistência de colegas, há quem insista em ficar.

O único ponto de bloqueio que ainda tem concentração de motoristas parados é no Posto Caravágio, na BR-163, em Campo Grande. Nos postos Kátia Locatelli, também na BR-163, e Carga Pesada, na BR-262, os motoristas começaram a deixar o protesto e movimentam as rodovias na volta ao trabalho. Apesar da desmobilização, há manifestantes que temem represálias em outros trechos de bloqueios espalhados pelo país.

No posto Caragávio, onde motoristas estão divididos, há quem quer ir embora e quem insiste em ficar parado. No grupo que decidiu resistir, há quem acredita que o protesto ainda pode ter um efeito esperado e quem não acreditou nas “promessas” do governo, já que nada foi assinado ou transformado em lei.

Mesmo diante de tantas opiniões, a grande maioria opina que "até agora", a greve não serviu para nada, porque o preço do combustível não baixou na bomba. Nesta manhã, os caminhoneiros retiraram as faixas “Fora Temer” do posto a pedido do dono do estabelecimento.

No grupo de quem decidiu seguir viagem, os motoristas ressaltam a perda de dinheiro, já que precisam comer, tomar banho e dormir. Ainda nesta manhã, houve um início de bate-boca no posto Caravagio, quando as lideranças liberaram as saídas de quem queria desistir. Parte dos manifestantes foram contra, pois o protesto perde a força com menos motoristas.

O líder e porta-voz do movimento, Ademir Júnior, se limitou em dizer ao Campo Grande News, que a saída já estava liberada.

O caminhoneiro autônomo Robson Pessoa, de 36 anos, afirma que os maiores prejudicados são os motoristas que trabalham por conta. “A parte fraca são autônomos. Os motoristas até querem sair, mas por enquanto temos apenas promessas”, disse. “O Azambuja promete 5% na alíquota do ICMS, mas não assinou nada”, completou.

Pessoa reitera que os sindicatos que entraram em acordo são os representantes de caminhoneiros que são funcionários de empresas e transportadoras, ou seja, entidades que não contemplam os caminhoneiros autônomos, que são os que mais sofrem com a política de preços.

Ainda segundo Robson, hoje à tarde, representante dos caminhoneiros autônomos devem se reunir em Brasília.

Na prática, Robson explica que uma forma de resolver a situação seria a redução por um ano. “Primeira coisa a redução de todos os combustíveis tinha que chegar a 30%, em segundo lugar, 60 dias de redução pouco. Na minha opinião o certo seria deixar a redução valer por um ano”.

Anúncio de liberação de quem deseja sair do protesto, no Caravagio. (Foto: Marina Pacheco)
Anúncio de liberação de quem deseja sair do protesto, no Caravagio. (Foto: Marina Pacheco)
Movimentação no posto Kátia Locatelli já acabou. (Foto: Marina Pacheco)
Movimentação no posto Kátia Locatelli já acabou. (Foto: Marina Pacheco)

Culpa da população - Entre os caminhoneiros, um dos discursos comuns é de que, ao abastecer com preços altos, fazendo filas quilométricas, a população prejudicou os resultados da greve. De acordo com eles, os combustíveis poderiam ter baixado se as pessoas também tivessem aderido a greve e não abastecido.

Para o motorista autônomo Márcio Mariano, os colegas desistiram antes de obter êxito. “Ficamos parados dez dias à toa, de graça, na bomba ninguém viu nada, inclusive se sair todo mundo daqui agora vai ter que abastecer para pegar a estrada e pagar esse preço para por combustível, ou seja, terão de pagar mais caro para sair. A população tinha que ter aderido. Eu continuaria até ver a redução nas bombas”, disse.

No Posto Locatelli, o motorista de transportadora Marcos Antônio, de 48 anos, ressalta que a população não pensa em uma sociedade melhor. “A população é que não ajudou tinha que ter parado de abastecer. As pessoas não pensam em uma sociedade melhor”, disse.

Medo de apedrejamento é o que segura, o motorista Mario Neves, de 35 anos. “Ontem à noite no posto passou um comboio escoltado pelo exército e polícia. Sair daqui, dá para sair, o problema é chegar lá na frente e apedrejar nossos caminhões como fizeram aqui ontem. Minha vontade era estar na minha casa. Valer a pena, não valeu, mas o brasileiro merece o que aconteceu. O brasileiro é covarde. De que adiantou perdermos 10 dias aqui. A população tinha que aderir a greve”, disse.

O terceiro e último ponto de bloqueio em Campo Grande, no Posto Carga Pesada, na BR-262, já não há mobilização de caminhoneiros, inclusive, durante a manhã chegaram caminhões-tanques de combustível escoltados pelo Exército.

Segundo os dados da Polícia Rodoviária Federal, havia, hoje cedo, 50 pontos de manifestação, pelo Estado, mas não foi informado se ainda há bloqueios. O governo estadual, depois de anunciar que reduziria o ICMS sobre o combustível, se a greve acabasse, nesta manhã se reúne com representantes do setor de revenda dos produtos para discutir a aplicação da medida. 

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  • (Foto: Marina Pacheco)
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