Cesta básica sobe 3,27% em duas semanas da quarentena do coronavírus
Pesquisa de universitários aponta especulação como motivo do aumento, já que não houve desabastecimento em função da pandemia

Pesquisa mensal feita por acadêmicos do curso de ciências econômicas da UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados) encontrou alta de 3,27% no preço da cesta básica em Dourados, cidade a 233 km de Campo Grande.
Depois de duas semanas de quarentena por causa da pandemia do novo coronavírus, os pesquisadores acreditam que a especulação por parte de fornecedores e comerciantes tenha provocado a alta. Nesse período não houve problema de desabastecimento por falta de transporte ou aumento da demanda, o que poderia justificar a alta.
A pesquisa leva em conta a cesta básica do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), formada por açúcar, arroz, banana, batata, café, carne, farinha de trigo, feijão, leite, margarina, óleo de soja, pão francês e tomate.
Para comprar todos esses produtos em março, o trabalhador douradense gastou R$ 427,42, o equivalente a 40% do salário mínimo de R$ 1.045,00. No mês anterior, o gasto foi de R$ 413,89. A pesquisa constatou que o preço de alguns produtos aumentou já no início da quarentena.
“Comparado com Campo Grande, onde o preço da cesta no mês de março foi de R$ 474,53, a cesta douradense é menor. Entretanto, desta vez o preço da cesta básica douradense superou aos preços praticados em cinco capitais estaduais do país – Natal, Belém, João Pessoa, Salvador e Aracaju", afirma o coordenador da pesquisa, o professor Enrique Duarte Romero.
No mês passado, o trabalhador douradense precisou de 89 horas e 59 minutos para comprar todos os itens da cesta básica, o que representou perda do poder de compra em comparação a fevereiro deste ano.
Dos 13 produtos que compõem a cesta básica, sete apresentaram aumento. O tomate subiu 18,58%, a manteiga teve alta de 14,20% e a banana ficou 13,20% mais cara. Outros produtos que também aumentaram de preços foram o feijão (10,17%), café em pó (9,65%), farinha de trigo (0,24%) e a carne (0,22%). Tomate, manteiga e banana tiveram alta pelo segundo mês consecutivo.
Outros seis produtos registraram queda de preços em março: batata (5,91%), arroz (1,51%), o leite (1,36%), açúcar (0,79%), pão francês (0,58%) e óleo de soja (0,53%). “O que chamou a atenção foi o comportamento do pão francês cuja principal matéria-prima, a farinha de trigo, que é importada continua com uma estabilidade apesar da valorização do dólar”, afirma o professor Enrique.
Ele orienta o consumidor douradense a pesquisar os preços nos supermercados de Dourados. A diferença entre o estabelecimento que praticou o preço mais elevado (R$ 464,70) e o menor (R$ 397,98) foi de 16,76%, ou seja, R$ 66,72.