Concentração de frigoríficos é tema de novo debate em Campo Grande
Oito frigoríficos são responsáveis por quase 30% do abate de bovinos no País e três deles respondem por 70% em Mato Grosso do Sul. As informações são da Acrissul (Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul), que realizará, no próximo dia 14, às 20 horas, no Tatersal de Elite, debate para discutir o tema.
Devem participar do encontro lideranças rurais e parlamentares da bancada federal do Estado.
Na última sexta-feira, o primeiro debate sobre o assunto foi realizado na sede do Canal do Boi, na Capital, com transmissão ao vivo e pela internet para todo o País.
Na ocasião, os debatedores, ligados a entidades ruralistas, afirmaram que querem ir ao Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) e Ministério da Justiça para cobrar investigação sobre o domínio das empresas no abate de bovinos. Até a sugestão de criação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) no Congresso Nacional foi ventilada.
"Estamos produzindo bem, o problema pode ser a comercialização. Os pecuaristas são o lado fraco da questão. Nos últimos cinco anos, O BNDES investiu aproximadamente R$ 15 bilhões para os grandes grupos frigoríficos e a dose foi alta", disse, no debate, o presidente da Acrissul, Francisco Maia, que participou do encontro com o presidente da UDR (União Democrática Ruralista), Luiz Antonio Nabhan, e o vice-presidente do Sindicato Rural de Campo Grande, Oscar Sturck.
Para Maia, a verba de financiamento liberada pelo BNDES não pode asfixiar a pecuária. Além disto, cobrou união dos produtores na discussão.
O “levante” sobre o domínio dos grupos frigoríficos está diretamente relacionado ao avanço do grupo JBS no Estado que, apenas recentemente, arrendou frigorífico no município de Coxim e fez proposta de R$ 268 milhões para adquirir ativos da dívida do Independência, que tem unidades em Nova Andradina e Campo Grande. A decisão sobre a oferta deve sair no dia 15.
Para Maia, com isto, o abate de bovinos ficaria praticamente centralizado no JBS e também no grupo Marfrig. “Temos cerca de 50 mil produtores no Estado e podemos ter praticamente dois frigoríficos apenas. Se eles decidirem combinar preços o produtor vai ter que pagar o que eles quiserem. Isto é monopólio. É ditadura”, afirmou, admitindo que a situação pode representar “dias negros” para a pecuária do Estado.