Concorrência de farmácias cai nas graças de consumidor e quebra grupo
A vinda de grandes rede de farmácias para Campo Grande é questionada por grupos regionais, como a São Bento - que após quase sete décadas entrou em recuperação judicial e reclama de concorrência desleal - mas caiu nas graças dos consumidores. Com novos estabelecimentos, surgindo a cada esquina, eles afirmam que a “invasão” ajuda a derrubar os preços.
O aposentado Arcebírio Souto Maior, 72 anos, conta que trocou a farmácia São Bento pela Preço Popular. “É perto de casa, mas eu caí fora, prefiro comprar em um local que tem preço mais em conta”, diz. No entanto, se mostra surpreso com a atual situação da rede criada em 1942 em Campo Grande.
Também aposentado, Aparecido Alves dos Santos, 55 anos, conta que há um ano e meio compra na Pague Menos. Segundo ele, a farmácia tem os melhores preços para medicamentos de uso contínuo, como os que usa para controle de diabetes. “Já tentei a Drogasil, mas é mais caro um pouco”, diz.
Em nota divulgada à imprensa, o Grupo Buainain, que administra a São Bento e outras três empresas, informa ter sofrido prejuízos com a concorrência desleal nos últimos cinco anos. “Causada pelos maiores grupos nacionais no ramo que - em vista de incentivos fiscais exclusivos - colocam seus produtos à venda abaixo do preço de custo, inviabilizando, por consequência, a margem de lucro da Drogaria São Bento, razão inclusive do fechamento de vários outros grupos locais que não conseguiram suportar essa prática”, diz a nota. O grupo tem débitos de R$ 78,9 milhões.
Em 2008, o Sinprofarms (Sindicato do Comércio Varejista de Produtos Farmacêuticos de Mato Grosso do Sul) chegou a mover ação contra os descontos. Contudo, a justiça negou o pedido para que a promoções se limitassem a 10% sobre o preço estabelecido pela tabela nacional de medicamentos. A decisão foi dada em 2009.
Campo Grande registra um boom no setor. Segundo levantamento do CRF-MS (Conselho Regional de Farmácia), em 2013 eram 368 empresas dessa natureza registradas no órgão, incluindo farmácias e drogarias, com e sem manipulação de fórmulas. Em 2012, eram 305. Em 2011, o total era de 211 farmácias na Capital.