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Economia

Crise na pecuária deixa 300 mil cabeças de gado represadas nas fazendas de MS

Governo anunciou redução tributária em operações interestaduais de gado

Osvaldo Júnior | 21/06/2017 14:22

Com a retração da comercialização de gado, provocada pela crise da JBS, maior processadora de carne do mundo, há, nas fazendas de Mato Grosso do Sul, aproximadamente 300 mil bovinos represados. O problema decorre da capacidade reduzida de abates das pequenas indústrias, condições desvantajosas aos pecuaristas e dificuldade de vender para fora do Estado.

Nesta quarta-feira (dia 21), o governador Reinaldo Azambuja anunciou que vai reduzir a alíquota do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços) relativas a operações interestaduais de gado de 12% para 7%. Com isso, parte do gado represado poderá ser vendida para frigoríficos de outros estados.

Conforme estimativa do presidente da Acrissul (Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul), Jonatan Pereira Barbosa, a discrepância entre demanda e procura tem deixado número elevado de gado nas fazendas. “Se considerarmos machos e fêmeas de diversas eras, devem chegar a 300 mil cabeças. É uma quantidade muito alta”, disse Barbosa.

Ele lembrou que a alíquota do ICMS incidente nas operações de gado tanto internas quanto interestaduais, praticada por estados concorrentes, é de 7%. É o caso de São Paulo e Paraná. “As indústrias desses estados não têm, então, interesse de comprar gado de Mato Grosso do Sul”, nota.

A redução da carga tributária coloca o Estado em patamar de igualdade (ao menos no que se refere a imposto) com outras unidades da Federação. Assim, é possível aos produtores comercializarem gado para fora de Mato Grosso do Sul.

Efeito cascata – De acordo com o presidente da Acrissul, a decisão da JBS de pagar apenas a prazo provocou efeito cascata em todo o mercado. “Os frigoríficos pequenos também estão comprando para pagar em 30 dias e por preços baixos. O pecuarista tem que implorar para vender o gado”, afirmou.

Com esse cenário, o preço da arroba caiu. Segundo Barbosa, a JBS estaria pagando R$ 127 para 30 dias; os pequenos, R$ 120; e alguns estariam oferecendo até R$ 118 por arroba. “Antes dessa crise toda, era possível vender sem esforço o gado por R$ 155 a arroba”, compara.

Outro problema é o risco de calote a quem decidiu, por não ter muita alternativa, fazer negócio com a JBS. O presidente da Acrissul informou que a JBS está pagando os produtores com NPR (Nota Promissória Rural), mas os bancos, no quadro de turbulência em que se encontra o maior grupo frigorífico do mundo, têm mostrado resistência de descontar esses títulos.

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