ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram
DEZEMBRO, SEGUNDA  23    CAMPO GRANDE 22º

Economia

Crise política na Bolívia cancelou venda de fábrica de fertilizantes em MS

Secretário de Desenvolvimento Econômico de Três Lagoas, José Moraes, disse que contratos do governo Evo Morales foram suspensos

Silvia Frias | 26/11/2019 10:27
Negociação da venda Usina de fertilizantes em Três Lagoas estava na fase de fechamento de acordo (Foto/Divulgação)
Negociação da venda Usina de fertilizantes em Três Lagoas estava na fase de fechamento de acordo (Foto/Divulgação)

A crise política na Bolívia foi o motivo para o fim das negociações de venda da usina de fertilizantes nitrogenados em Três Lagoas, município 338 quilômetros distantes de Campo Grande. A renúncia de Evo Morales desencadeou mudança administrativa que culminou no fim do contrato firmado com a empresa, segundo informação divulgadada pelo secretário Municipal de Desenvolvimento Econômico de Três Lagoas, José Moraes. “Voltamos à estaca zero”, lamentou.

Em setembro, foi anunciada a parceria entre a Bolívia, por meio da estatal YPFB (Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos) e a Acron. Em outubro, foi firmado oficialmente o acordo, em que estava prevista a criação de companhia conjunta para venda de ureia, material derivado do gás natural, ao mercado brasileiro.

O documento previa a compra de 2,2 milhões de metros cúbicos diários de gás natural no prazo de 20 anos, a partir de 2021 – a empresa do país vizinho também teria 12% da fábrica sul-mato-grossense.

Esse acordo era primordial para o fechamento do acordo com a Acron, já que a empresa dependia de fornecedor que não fosse a Petrobras.

José Moraes disse que havia preocupação com as notícias da crise durante o processo eleitoral na Bolívia, mas a negociação com a Acron estava tão adiantada que não se previa que algo pudesse dar errado.

O próprio secretário de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar, Jaime Verruck, disse, que havia a preocupação com atraso no fechamento do contrato, mas não aventou a possibilidade de encerramento do contrato. “Esta questão da Bolívia atrasa o cronograma de fechamento dos contratos entre a Petrobrás e Acron. Isso é evidente”, explicou, à época.

Mas a renúncia de Evo Morales mudou o cenário político no país e, ainda, na venda da fábrica de fertilizantes. Com a saída de Morales da presidência, todos contratos firmados foram suspensos. Mesmo que sejam retomados, José Moraes calcula que a retomada de qualquer negociação demoraria mais de um ano para ser retomada.

A posse da senadora Jeanine Áñez como presidente autoproclamada não mudou a situação. José Moraes disse que o governo do Estado fez contato com a nova gestão, mas a resposta é que a preocupação imediata é resolver a situação interna, que ainda depende de eleição prevista para janeiro.

Em nota, a Petrobras não informou o motivo do fracasso das negociações, apenas que foram encerradas “sem efetivação do negócio”. A empresa divulgou, ainda, que permanece com seu posicionamento estratégico de sair integralmente dos negócios dos fertilizantes.

O secretário de Desenvolvimento Econômico disse que, agora, a intenção é alterar o contrato, dando como alternativa que a Petrobras seja a fornecedora da ureia, justamente para não depender de parceria como a que foi fechada com a Bolívia.

A reportagem entrou em contato com a assessoria da Petrobras e aguarda retorno.

Nos siga no Google Notícias