Crise política na Bolívia cancelou venda de fábrica de fertilizantes em MS
Secretário de Desenvolvimento Econômico de Três Lagoas, José Moraes, disse que contratos do governo Evo Morales foram suspensos
A crise política na Bolívia foi o motivo para o fim das negociações de venda da usina de fertilizantes nitrogenados em Três Lagoas, município 338 quilômetros distantes de Campo Grande. A renúncia de Evo Morales desencadeou mudança administrativa que culminou no fim do contrato firmado com a empresa, segundo informação divulgadada pelo secretário Municipal de Desenvolvimento Econômico de Três Lagoas, José Moraes. “Voltamos à estaca zero”, lamentou.
Em setembro, foi anunciada a parceria entre a Bolívia, por meio da estatal YPFB (Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos) e a Acron. Em outubro, foi firmado oficialmente o acordo, em que estava prevista a criação de companhia conjunta para venda de ureia, material derivado do gás natural, ao mercado brasileiro.
O documento previa a compra de 2,2 milhões de metros cúbicos diários de gás natural no prazo de 20 anos, a partir de 2021 – a empresa do país vizinho também teria 12% da fábrica sul-mato-grossense.
Esse acordo era primordial para o fechamento do acordo com a Acron, já que a empresa dependia de fornecedor que não fosse a Petrobras.
José Moraes disse que havia preocupação com as notícias da crise durante o processo eleitoral na Bolívia, mas a negociação com a Acron estava tão adiantada que não se previa que algo pudesse dar errado.
O próprio secretário de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar, Jaime Verruck, disse, que havia a preocupação com atraso no fechamento do contrato, mas não aventou a possibilidade de encerramento do contrato. “Esta questão da Bolívia atrasa o cronograma de fechamento dos contratos entre a Petrobrás e Acron. Isso é evidente”, explicou, à época.
Mas a renúncia de Evo Morales mudou o cenário político no país e, ainda, na venda da fábrica de fertilizantes. Com a saída de Morales da presidência, todos contratos firmados foram suspensos. Mesmo que sejam retomados, José Moraes calcula que a retomada de qualquer negociação demoraria mais de um ano para ser retomada.
A posse da senadora Jeanine Áñez como presidente autoproclamada não mudou a situação. José Moraes disse que o governo do Estado fez contato com a nova gestão, mas a resposta é que a preocupação imediata é resolver a situação interna, que ainda depende de eleição prevista para janeiro.
Em nota, a Petrobras não informou o motivo do fracasso das negociações, apenas que foram encerradas “sem efetivação do negócio”. A empresa divulgou, ainda, que permanece com seu posicionamento estratégico de sair integralmente dos negócios dos fertilizantes.
O secretário de Desenvolvimento Econômico disse que, agora, a intenção é alterar o contrato, dando como alternativa que a Petrobras seja a fornecedora da ureia, justamente para não depender de parceria como a que foi fechada com a Bolívia.
A reportagem entrou em contato com a assessoria da Petrobras e aguarda retorno.