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Economia

Desenrola começou, mas poucos sabem como renegociar dívidas e limpar nome

Agora, serão beneficiados quem tem renda de até R$ 20 mil e aqueles com dívidas de até R$ 100

Izabela Cavalcanti e Idaicy Solano | 17/07/2023 12:17
Jissoney vende meias, na Rua 14 de Julho, para conseguir se manter em casa (Foto: Juliano Almeida)
Jissoney vende meias, na Rua 14 de Julho, para conseguir se manter em casa (Foto: Juliano Almeida)

O Desenrola Brasil, programa de renegociação de dívidas, começou nesta segunda-feira (17), mas poucos ainda sabem que podem conseguir se livrar das dívidas e até ter o nome limpo.

O ambulante Jissoney Cristaldo Soares, de 37 anos, afirma que não sabia da possibilidade. Ele lembra que tem dívida de R$ 1.700, sem contar os juros. Em 2019, procurou o banco para fazer empréstimo pois estava com problema financeiro.

Após três meses, sofreu acidente e ficou com os movimentos comprometidos. Atualmente, anda com muleta e vende pares de meias no Centro.

“Não estava sabendo do programa. Me interessei e vou me informar para poder buscar formas de negociar essa dívida. Estava apertada a minha situação. Eu estava sem comer, sem comida em casa, aluguel, aí fui e fiz empréstimo. Eles ficam ligando direto”, contou.

O aposentado Amâncio Cabral Quintano, de 75 anos, tem dívida no cartão de crédito de R$ 5 mil. Ele diz que só ouviu falar na televisão sobre o programa, mas não se aprofundou sobre o assunto.

Amâncio tem dívida de R$ 5 mil no cartão de crédito (Foto: Juliano Almeida)
Amâncio tem dívida de R$ 5 mil no cartão de crédito (Foto: Juliano Almeida)

“Se for bom para mim, a gente se interessa. Agora, aonde que eu tenho que ir, eu não sei, sou meio leigo para essas coisas”, disse.

O aposentado Ademir Lima, de 72 anos, disse que não tem dívidas, mas desconfia do auxílio para quitar as dívidas.

Ademir desconfia do programa para quitar as dívidas (Foto: Juliano Almeida)
Ademir desconfia do programa para quitar as dívidas (Foto: Juliano Almeida)

“Para mim, é uma propaganda fantasiosa. Eles vão se endividar mais. A vantagem que eles vão levar agora é que deixa de ser inadimplente, mas eles vão parcelar, vão negociar, deixa de ser devedor, até voltar a atrasar as parcelas novamente”, ressaltou.

Programa – Nesta primeira etapa, pessoas que devem até R$ 100 e a faixa 2 serão beneficiadas no Desenrola Brasil (Programa Emergencial de Renegociação de Dívidas de Pessoas Físicas Inadimplentes).

Para quem deve até R$ 100, terá o nome limpo e retirado do cadastro de devedores pelas instituições financeiras. Mas a dívida segue ativa e pode provocar algum problema no futuro, caso a pessoa queira manter alguma relação com o banco. As instituições que participarem do programa, terão até 30 dias para retirar o nome do cliente do cadastro.

A Faixa 2 abrange a população com renda de até R$ 20 mil por mês, que tenham dívidas em banco sem limite de valor.

As dívidas podem ser quitadas nos canais dos bancos e poderão ser parceladas, em, no mínimo, 12 prestações. As dívidas precisam estar inscritas no cadastro de inadimplentes até 31 de dezembro de 2022.

Além disso, a Faixa I inclui pessoas que recebem até dois salários mínimos, ou seja, R$ 2.640, ou que estejam inscritas no CadÚnico (Cadastro Único).

Podem ser renegociadas dívidas de até R$ 5 mil e parceladas em até 60 vezes. É necessário ter ficado inadimplente entre 1º de janeiro de 2019 e 31 de dezembro de 2022. Esse público deve der beneficiado em setembro.

O presidente da Abefin (Associação Brasileira de Profissionais de Educação Financeira), Reinaldo Domingos, alerta sobre as taxas de juros, que são de 1,99% ao mês, podendo ser considerada alta em comparação ao formato do programa.

"Todo programa que busca a melhoria de vida dos brasileiros é pertinente. Esse tem como lado interessante o fato de buscar dar suporte a um amplo grupo que possuem rendimentos menores e por ter um limite interessante no valor das dívidas de R$ 5 mil. É claro que apenas ações de renegociação de dívidas não surtem um efeito efetivo a médio e longo prazo. As pessoas resolvem o problema momentâneo e voltam a se endividarem", alertou.

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