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Economia

Dólar avança ante real com cautela política e econômica brasileira

Niviane Magalhães (Estadão Conteúdo) | 21/08/2017 19:12

O dólar subiu com força nesta tarde de segunda-feira, 21, diante de duas notícias desfavoráveis para o governo. A principal delas foi a denúncia da Procuradoria Geral da República (PGR) contra o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), acusado por crimes na Operação Zelotes, que apura fraudes no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf). O movimento comprador, porém, se firmou um pouco antes em meio ao revés da equipe econômica depois que um desembargador do TRF-1 suspendeu o leilão de usinas da Cemig.

Jucá era investigado por suposto favorecimento ao Grupo Gerdau em uma medida provisória, em troca de doações eleitorais.

"A denúncia contra Jucá pode complicar no momento em que o governo está tentando votar duas pautas importantes: a TLP (Taxa de Longo Prazo) e a Previdência. Uma questão política neste momento atrapalha a pauta econômica, seja porque tira o foco ou porque o governo perde tempo para tratar desses assuntos", disse o diretor de gestão de renda fixa e multimercados da Quantitas, Rogério Braga.

A denúncia contra Jucá foi o que provocou uma alta mais acentuada na moeda americana, mas desde o início da tarde o dólar começou a avançar com mais força. O motivo para isso foi a suspensão do leilão das usinas de Jaguara, São Simão, Miranda e Volta Grande, da Cemig.

Segundo especialistas do mercado, a decisão eleva a pressão em cima da equipe econômica. A briga judicial da Cemig com a União pressionou o dólar para cima, uma vez que está no centro do debate sobre o cumprimento da meta fiscal deste ano. A equipe econômica incluiu nas contas de 2017 a previsão de arrecadar R$ 11 bilhões com a venda das usinas.

"O mercado interpreta mal esse tipo de informação porque entende que a equipe econômica não está conseguindo levar para frente essa pauta e, se começar a sofrer muitas derrotas, pode gerar um desconforto quanto à manutenção da equipe", pontuou Braga, da Quantitas.

O diretor da corretora Mirae, Pablo Spyer, apontou também para a queda de mais de 2% do petróleo como fator de alta do dólar.

Durante a manhã, a moeda americana operou próximo à estabilidade, com os investidores em compasso de espera pelo parecer da Medida Provisória 777, que trata da nova TLP para os contratos do BNDES, que deverá ser votada na comissão especial mista amanhã.

No mercado à vista, o dólar terminou em alta de 0,79%, aos R$ 3,1697. O giro financeiro somou US$ 1,08 bilhão. Na mínima, a moeda ficou em R$ 3,1370 (-0,25%) e, na máxima, aos R$ 3,1728 (+0,88%).

No mercado futuro, o dólar para setembro subiu 0,51%, aos R$ 3,1715. O volume financeiro movimentado somava cerca de US$ 11,93 bilhões. Durante o pregão, a divisa oscilou de R$ 3,1440 (-0,36%) a R$ 3,1800 (+0,77%).

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