Economia com energia solar chama atenção de agricultores familiares
Fazenda em Ivinhema já está com as placas funcionando e outras seis já pediram financiamento para instalá-las.
A energia solar tem chamado a atenção de pequenos produtores rurais de Mato Grosso do Sul porque dependendo do consumo, a conta de luz pode cair mais da metade. Em Ivinhema, a 282 quilômetros da Capital, uma propriedade já está usando as placas fotovoltaicas e pelo menos outras seis pediram financiamento para instalá-las.
Essa fazenda onde a geração de energia a partir dos raios solares se tornou realidade pertence à Maria Salete Dloemer de Oliveira, 67 anos.
A verba para a compra e montagem dos equipamentos foi financiada pelo Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar) e o projeto foi elaborado pela Agraer (Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural).
“Tinha um sonho de um dia colocar energia solar na minha casa. Foi uma luz que se abriu diante de mim. No dia 9 de outubro do ano passado o relógio foi colocado e já começou a funcionar. Foi uma das melhores coisas que fiz na minha vida”, disse Maria Salete ao Campo Grande News.
Ela tem uma pequena produção leiteira, algumas cabeças de gado e planta vegetais para consumo próprio. A renda da família vem da produção de pães e biscoitos, que são vendidos em feiras da região.
Maria Salete usa a eletricidade nas ordenhadeiras, na batedeira, na máquina de sovar massa e no forno. A conta estava acima dos R$ 200. Mês passado, usando os painéis solares, ela só desembolsou a taxa mínima da Energisa.
O financiamento só começa a ser pago daqui a dois anos. Foram R$ 43 mil divididos em 12 anos com juros de 2,5% ao ano.
Toda a energia gerada na propriedade alimenta também a chácara do filho, já que é possível repartir o que ela não consome. Então a parcela em torno de R$ 300 será divida entre eles, cada um pagando cerca de R$ 150.
“Como hoje só estou pagando a taxa mínima, com essa economia que estou fazendo, estou guardando um pouquinho para pagar as parcelas”, diz Maria Salete.
Projeto – Moacir Lourenço é dono de um laticínio em Ivinhema. O filho dele enviou uma carta consulta pedindo empréstimo do Pronaf para instalar os paineis fotovoltaicos na fazenda e dividir a energia produzida com a empresa da família. Juntas, as duas propriedades gastam R$ 2,8 mil de luz por mês. Se pelo menos uma pagar apenas a taxa mínima, a economia já vai ser grande.
“Eu acredito que em até quatro meses já vai estar tudo resolvido. Nos vai trazer uma boa economia”, diz o empresário ao Campo Grande News.
A carência do financiamento vai ajudar a incrementar os negócios. “O dinheiro que nós formos economizando mês a mês, eu pretendo investir em melhoras no meu laticínio, dar uma incrementada”, afirma.
Procedimentos – A Agraer tem escritórios em todos os municípios de Mato Grosso do Sul e está aberta para ajudar os agricultores familiares na elaboração do projeto, imprescindível para a adesão ao Pronaf.
Arizoly Mendes, gestor de desenvolvimento rural da unidade de Ivinhema, afirma que os beneficiados com a chamada pública da sustentabilidade pelo Governo Federal não pagam nada pelo serviço. Os demais pagam uma pequena taxa. A partir daí uma carta consulta é enviada para análise da instituição financeira que libera a verba.
“É preciso apresentar a declaração de aptidão ao Pronaf, emitida pela Agraer. Para obter esse documento, precisa comprovar que a propriedade não tem mais de quatro módulos fiscais, no caso de Ivinhema, 130 hectares. Aqui na cidade as propriedades já são pequenas, então isso não é empecilho”, explica.
Com o processo montado, é só esperar a análise. Se aprovado, será preciso contratar uma empresa que faça a instalação dos equipamentos.
No caso de Maria Salete, o serviço foi executado pela Solar Energy. Hewerton Elias Martins, diretor-presidente da companhia, explica que durante o dia, as placas usam os raios solares para gerar energia. Tudo o que não é consumido naquele momento, é jogado na rede da Energisa e vira uma espécie de bônus, devolvido à noite quando os painéis param de trabalhar.
“O primeiro projeto que atendeu agricultores familiares no Brasil foi no Paraná e um ano depois, a Maria Salete em Ivinhema. Agora que começou esse trabalho de divulgação. A energia solar é uma coisa muito antiga, foi o custo que agora está viável”, completa.