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Economia

Em MS, 21% vive com menos de meio salário mínimo

Nas favelas da Capital, a maioria das rendas das famílias vem do Governo

Beatriz Magalhães | 03/12/2021 17:55
Mais de 20% da população vivem com menos de R$ 550 (Foto: Arquivo/Paulo Francis)
Mais de 20% da população vivem com menos de R$ 550 (Foto: Arquivo/Paulo Francis)

Em Mato Grosso do Sul, 32,4% da população tem entre meio a um salário mínimo por pessoa. O número é apontado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), e a pesquisa, segundo o Instituto, é uma forma de avaliar a incidência de desigualdade social no Brasil. Com recorte mais específico, o estudo aponta que 21% dos sul-mato-grossenses vivem com até meio salário mínimo no Estado, o que representa R$ 550.

Ainda de acordo com a pesquisa, o Estado está entre os menores percentuais de sua população abaixo da linha de extrema pobreza, e entre um grupo e outro, tem aqueles, que como a Paula Correa da Silva, vive com cerca de R$ 800, para sustentar uma casa de oito pessoas.

“Meu esposo trabalha como pedreiro de diarista, eu sou revendedora, nossa renda não supera R$ 800 por mês e esse dinheiro tem que dar para oito pessoas. Somos dois adultos e quatro crianças. O que nos ajuda aqui em casa são as doações da CUFA (Central Única das Favelas)”, conta Paula que vive na comunidade Alfavela. Dos quatro filhos, o mais novo é recém nascido e tudo que ela tem do bebê conseguiu por meio da Central, que atende as famílias das comunidades periféricas de Campo Grande.

Apoio a comunidade - A coordenadora da Cufa Campo Grande, Letícia Polidoro, explica que a maioria das mulheres que são atendidas são mães solo, que muitas vezes não têm uma rede de apoio e por isso não conseguem sair para trabalhar. “Então ela [mãe]  vai fazer uma diária enquanto os filhos estão na escola, e ganha cerca de R$ 120”, exemplifica Letícia.

Ela acrescenta ainda que dentre as famílias atendidas, nenhuma tem ao menos um integrante com carteira assinada, e que a situação é mais séria do que se pensa. “Muita gente não tem nem documento para se inscrever nos programas assistenciais, e fazer um é caro. Isso é um descaso muito grande. A ideia que todos têm é que a mulher da favela tem acesso a bolsa família, auxilio brasil, mas não é assim”, pontua a coordenadora.

As mulheres relatam que existe dificuldade em encontrar emprego, e resistência dos contratantes. “Sabemos que há um preconceito com essas mulheres, elas não têm endereço, moradia, e aí a ‘galera’ vai e fecha as portas. Ela [a mulher] está em busca justamente da moradia digna, de logradouro, mas não tem oportunidade. O mercado fecha as portas, o poder público fecha as portas, e ela não tem saída”, acrescenta.

De acordo com a Cufa, em 2020, mesma data da pesquisa do IBGE, a maioria das famílias dentro das favelas ganhavam entre R$ 400 a R$ 600, “e avaliamos que esses valores têm como fonte os auxílios governamentais”. pontua.

Cufa - Central Única das Favelas é uma organização brasileira reconhecida nacional e internacionalmente nos âmbitos político, social, esportivo e cultural que existe há 20 anos.
Em Campo Grande é organizada por jovens da periferia que se mobilizam para promover atividades nas áreas da educação, lazer, esportes, cultura e cidadania, como grafite, DJ, break, rap, audiovisual, basquete de rua, literatura, além de outros projetos sociais.

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