Endividado, grupo se diz lesado e protesta contra assistência financeira
Empresa já tomou multas do Procon-MS que somam quase R$ 1 milhão
Pequeno grupo formado por cerca de 20 pessoas fez um protesto na manhã deste sábado na Praça dos Imigrantes, em Campo Grande, contra a assistência financeira O Facilitador.
Os consumidores se dizem atraídos pelos anúncios da empresa, mas afirmam que acabaram sendo lesados e viram suas dívidas aumentarem após assinar contrato.
É o caso do porteiro Alexsandro Barbosa dos Santos, de 40 anos. Ele conta que tinha uma dívida no cartão de crédito de R$ 60 mil. Desesperado, viu o anúncio da empresa prometendo renegociação que diminuiria o valor final da dívida “drasticamente”, segundo ele.
Quando assinou contrato, foi prometida a cobrança de R$ 16 mil. Foram pagos R$ 2 mil de entrada e oito parcelas de R$ 1.400. Ele afirma que após pagar a entrada, a empresa executou uma nota promissória que diz não ter conhecimento. Ele teve os bens bloqueados, como o carro quitado, e o salário. “Quero meu dinheiro de volta, rescisão de contrato. Eles não rescindem. Só quero ter paz de deitar e dormir tranquilamente”, lamenta.
Os consumidores são unânimes ao dizer que a empresa orientou a não efetuarem nenhum pagamento, porque estaria negociando a dívida com o banco.
O professor Fernando dos Santos Chaves, de 38 anos, disse que o primeiro contato com a empresa foi em novembro, através da mãe, com a promessa de que conseguiria diminuir o valor da dívida em “até 70%”. Ele havia financiado um Renault Kwid em cinco anos e faltavam 18 parcelas de R$ 690. Fernando diz ter visto anúncio da empresa prometendo redução do valor e pagou entrada de R$ 2.900. Resultado, o banco tomou o veículo.
“Eles agem como lavagem na nossa cabeça. Somos induzidos a crer nas propostas da empresa”, reclama. “Quero justiça. Hoje, não tenho carro, não consigo nem vender [o carro], porque o banco tomou”. O rapaz conta que a última vez que foi notificado, a dívida com o banco estava em R$ 11 mil.
Com faixas e cartazes na mão, os consumidores saíram da Praça dos Imigrantes e seguiram para a frente do prédio da empresa, na Rua Padre João Crippa, Centro da Capital. A empresa estava fechada, mas havia movimento de funcionários.
Em nota, a empresa afirmou que se trata de uma “manifestação política”, que “essas pessoas não são clientes da empresa” e também que “a empresa tomará todas as medidas cabíveis na esfera criminal e cível contra todos os envolvidos. Não podemos nos silenciar perante as pessoas que se escondem atrás das redes sociais insuflando e disseminando o ódio contra as pessoas e as empresas, principalmente de forma política e ardilosa”.
O Procon-MS (Superintendência para Orientação e Defesa do Consumidor) já aplicou multas de quase R$ 1 milhão à empresa. Foram aplicadas multas de R$ 785.394 à empresa no início de março. Segundo a pasta, foram abertos 16 processos somente neste ano e outros 36 no ano passado, que resultaram em mais R$ 202.106.