Cliente tem veículo apreendido após procurar serviço de renegociação
Consumidores dizem que suspensão de pagamentos foi orientação da empresa, que nega tal prática
O que era para ser a solução dos problemas financeiros e fim de parcelas caras e longo período para quitação, acaba se tornando mais um problema a resolver, como a apreensão judicial do carro adquirido.
A promessa de redução de juros da dívida com o banco, em financiamento veicular, foi o que atraiu a motorista de aplicativo Danielle Martins, de 23 anos, a procurar a empresa O Facilitador. Porém, tudo saiu fora do esperado e há dois dias ela não pode sequer trabalhar, já que o seu carro está com mandado de busca e apreensão.
"Eu já tinha feito um refinanciamento pois as coisas ficaram um pouco ruins e não estava conseguindo pagar as parcelas. Ficou então para pagar em 60 vezes de R$ 1,2 mil, mas vi que continuava pesado e procurei a empresa, diante da promessa deles em reduzir os valores", conta a autônoma.
Danielle ainda revela que foi feito a ela proposta que resultaria na quitação do carro, há quatro meses. "Pediram pelo serviço R$ 13 mil e que a quitação, depois, sairia por uns R$ 19 mil. Também me pediram para não pagar mais as prestações do carro, e foi o que fiz. Mas agora ele está em busca e apreensão", frisa.
Situação semelhante ocorreu com uma recepcionista de 35 anos - que preferiu não se identificar por já ter judicializado a questão. Ela conta que procurou a empresa em setembro, passou pelo mesmo processo de Danielle, e ficou os mesmos quatro meses sem pagar as prestações de seu carro.
"Eu já tinha pago 26 de 60 parcelas, mas em setembro parei de pagar sob orientação deles. Só que em fevereiro chegou o oficial de Justiça em casa e apreendeu meu carro, e desde então estou sem ele", comenta a recepcionista.
O relato dela é semelhante ao de Danielle, que também expôs a situação no Facebook e atraiu cerca de 250 comentários, parte deles de pessoas afirmando ter passado por situação semelhante. "Fui à empresa e pedi acesso as negociações, mas eles afirmam que não podem mostrar nada pois é documentação interna", conclui.
Versão da empresa - A reportagem entrou em contato com a empresa O Facilitador em Campo Grande e conversou com o gerente Roger Medina sobre a situação. Ele negou que o acesso a documentos seja vetado a clientes, porém, explicou que alguns é preciso que haja a quitação do serviço para o mesmo ser liberado.
"Isso deve ser resolvido até sexta-feira (28), quando receberei uma ligação do departamento responsável", comenta Roger, que ainda diz que em nenhum momento, inclusive, no contrato firmado com os clientes, é dito para suspenderem os pagamentos dos financiamentos que estão em negociação pela empresa.
Segundo ele, essa decisão parte do cliente, e a empresa sequer faz tal sugestão. "Isso é contra a lei, inclusive. Não podemos fazer esse tipo de recomendação. Nós atendemos todos os clientes, esteja em dia, em atraso, adiantado no pagamento. E apenas fazemos uma assessoria, as decisões são dele", diz, completando.
"Nosso papel é na redução da dívida. Representamos cliente e se ele resolve pagar ou não é tudo decisão dele. Uma situação grave dessa é raro ocorrer", conta o gerente da empresa ao ser procurado pelo Campo Grande News.