Falta pesquisa e tecnologia para alavancar produção de peixe em MS
Apesar de discussões de âmbito estadual e plano do Governo Federal para expandir a produção e incentivar o consumo de peixe, o setor não cresce em Mato Grosso do Sul. A Superintendência Federal do MPA (Ministério da Pesca e Aquicultura) estima que o Estado produz cerca de 19 mil toneladas de pescado, por ano, considerando a aquicultura, que cria peixes em cativeiro e a pesca informal. O volume é apenas uma estimativa, pois a atividade não tem uma articulação que permita mapear e acompanhar a produção, como ocorre na agropecuária.
O cenário se dá por conta da falta de aplicação de tecnologia e mais pesquisas, na opinião da pesquisadora da Embrapa Pantanal, Emiko Kawakami. “Como a produção é pequena, tudo que for feito para melhorar vai ser uma grande oportunidade. O desafio é todos trabalharem juntos. É preciso ter uma visão de cadeia produtiva, estudar desde o peixe no tanque até a mesa do consumidor”, explica.
O problema é agravado pela falta de ações governamentais efetivas e de articulação entre os piscicultores, na avaliação do vice-presidente da Apropeixe (Associação dos Produtores de Peixe de MS), Maurício Curi.
“Em Ilha Solteira (SP) e Aparecida do Taboado a implantação dos parques aquícolas ficou no meio do caminho. Na região sul do Estado, temos tudo, desde produção de alevino a tanques, mas a produção de MS continua caindo. Passamos de 18º para 19º no ranking nacional. Para crescer novamente, tem que partir dos produtores, fortalecer as associações e ter comunicação com os órgãos de governo”, comenta Maurício. Segundo ele, o Estado tem 80% dos tanques de criação de peixes inativos atualmente e apenas dois frigoríficos em operação constante.
Em Aparecida do Taboado, que fica na região da formação do Rio Paraná pelos rios Grande e Paranaíba, a produção foi extremamente impactada pela seca no início deste ano. Apesar de o cenário não ter mudado até então, há expectativa com instalação de um frigorífico de peixe e retomada da operação dos tanques, que fazem parte de um programa do Governo Federal.
“Uma indústria do grupo Geneseas deve começar a operar ainda este ano ou no primeiro semestre de 2016 em Aparecida do Taboado e um outro deve ser instalado em Selvíria, em breve”, comentou titular da Sepaf (Secretaria de Estado de Produção e Agricultura Familiar), Fernando Lamas.
Representantes do governo, associações e entidades de pesquisa se reúnem hoje (27) para tratar do assunto, no auditório do Crea (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de MS), em Campo Grande.
Ao fim do encontro, que se estende até as 17h, eles devem elaborar propostas para o desenvolvimento da cadeia produtiva, segundo o secretário.