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Economia

Feijão sobe 130%, leite 45% e cesta básica dispara na Capital

Arroz, farinha de trigo, tomate e batata lideram os aumentos de preços nos últimos dias por causa da quarentena

Rosana Siqueira e Maressa Mendonça | 02/04/2020 17:04
Feijão sobe 130%, leite 45% e cesta básica dispara na Capital
Consumidor paga mais caro por produtos da cesta básica na Capital. (Kisiê Ainoã)

Com mais de 130% de aumento nas últimas semanas, o feijão virou o vilão da quarentena nos preços em supermercados de Campo Grande. Mas a lista não para aí, basicamente os principais itens da cesta básica, como o leite longa vida também majorou 45%, o arroz 10%, sem contar o ovo com alta de 25%, além dos produtos hortifrutigranjeiros.

Os reajustes são confirmados pela própria Amas-MS (Associação Sul-Matogrossese de Supermercados (Amas) que alega que tem tentando negociar com as indústrias a segurada nos valores.  Segundo a Associação Brasileira de Supermercados, o setor de supermercados está resistindo aos aumentos exorbitantes nos preços de um produto que é básico para a população. No entanto, não pode ficar sem o produto nas prateleiras.

No início da semana retrasada, a queixa de aumento abusivo do preço do leite e derivados foi parar no Ministério da Justiça, em denúncia formal enviada pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras) à Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon). Segundo o comunicado da entidade, o setor “não compactua com elevação injustificada de preços, principalmente num período de fragilidade da população no que se refere à saúde pública”.

Os supermercadistas alegam que a indústria de leite e derivados justifica os aumentos, argumentando defasagem de custo, demanda forte e que está no início do período de entressafra, quando os pastos ficam secos e a produção de leite diminui.

 No entanto, os empresários rebatem e alegam que as fortes chuvas que ocorreram recentemente deixaram os pastos em boas condições de produção. O setor admite que existe uma defasagem de custos, mas ressalta que os reajustes de preços são exagerados.

Feijão sobe 130%, leite 45% e cesta básica dispara na Capital
Banana nanica foi um dos produtos com maior variação de alta entre as frutas (Henrique Kawaminami)

Normalidade - A movimentação normal que vem ocorrendo nestes locais nos últimos dias depois do pico de vendas que houve logo após o período de confinamento, deve ajudar o varejo a conter a alta de preços na hora de fechar os novos pedidos. Além disso, o estoque na indústria tem prazo de validade e, em algum momento, será necessário vendê-lo para não perder produto.

Além do leite, itens como óleo de soja e arroz também estão tendo preços majorados, porém os novos valores pedidos não são tão elevados quanto os do setor de laticínios. Neste caso, o impacto se deve à alta do dólar, já que esses itens são commodities, isto é matérias primas cujas cotações são formadas no mercado internacional.

De acordo com a economista do DIEESE  (Departamento Intersindical de Estatísticas Econômicas e Sociais) regional MS, a economista Andreia Ferreira, no mês passado a pesquisa da cesta abrangeu apenas 18 dias de março na Capital. “Então oficialmente não temos um parâmetro. Mas como consumidora e pesquisadora nas últimas compras que fiz esta semana verifiquei altas expressivas em vários itens, arroz, feijão, óleo e farinha, por exemplo”, acrescentou.

O custo do leite também assustou a economista. “O produto subiu muito neste isolamento. Na pesquisa da cesta a última ele até caiu, mas agora o litro é encontrado a R$ 3,39. Bem mais elevado que antes”, admite.

Entre os hortifrutis a economista cita acréscimos significativos de preços na cebola, bana, tomate, batata e ovos. “Os ovos entram até como sugestão e proteína neste período de quarentena e tiveram alta nas vendas e maior demanda acabou influenciando nos preços”, concluiu.

Farinha de trigo- A indústria de farinha de trigo, produto básico da cadeia alimentar, é outra que alerta para dificuldade de abastecimento. Mas, neste caso, o risco de falta de produto não decorre da queda de braço entre varejo e indústria, mas do fluxo da cadeia logística para escoar a produção de farinha.

Segundo comunicado da Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo), “diante da descoordenação entre ações federais, estaduais e municipais, o fornecimento normal das farinhas está sendo prejudicado em alguns Estados pela dificuldade de liberação do fluxo das mercadorias, ameaçando o desabastecimento em algumas regiões”.

De acordo com a entidade, em alguns Estados, de 30% a 35% do volume de farinha não estão sendo entregues por causa do fechamento de fronteiras estaduais e da falta de serviços básicos de apoio nas estradas aos caminhoneiros, como alimentação e borracharia, por exemplo.

Feijão sobe 130%, leite 45% e cesta básica dispara na Capital
Procon Municipal tem recebido inúmeras denúncias de alta nos preços. (Rosana Siqueira)

 Fiscalizações – O Procon Municipal continua de olho e fiscalizando rigorosamente as denúncias de altas nos supermercados. No entanto segundo o superintendente municipal Valdir Custódio, “não se pode acusar o fornecedor neste momento. “O abuso de preços exige uma investigação muito técnica. Verificamos que neste momento têm indústrias que triplicaram valor de produtos. Por isso não podemos dizer que porque o preço subiu o supermercado tá agindo abusivamente. Recebi informações do dono de um supermercado, por exemplo, que no arroz por exemplo o fardo que saia por R$ 145 agora passou para R$ 270. É muito difícil vender pelo mesmo preço”, explicou.

Ele adianta ainda que o Procon faz um trabalho técnico acompanhando os preços praticados antes, por meio de nota fiscal pra verificar os custos atuais. “Com isso constatamos se é ou não abusivo. Mas não podemos olhar apenas uma ponta da cadeia, é preciso analisar o todo”, afirmou.

Entre as queixas recebidas todas apontam para alta em quase todos os produtos da cesta básica, explica o superintendente. “O aumento ficou nos itens da cesta básica em geral. Arroz, feijão, hortifrútis, também alho e o álcool gel então nem se fala. Até sumiu das prateleiras”, finalizou.

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