Fundo plantará 20 mil hectares de floresta de olho em crédito de carbono
Governo teve confirmação de plantio de florestas de espécies nativas e de eucalipto em Camapuã
O Governo do Estado recebeu a confirmação do BTG Pactual Timberland Investment Group de que vai investir no plantio de 20 mil hectares de florestas em área adquirida em Camapuã, cidade a 141 quilômetros de Campo Grande. A instituição é gestora de fundos de investimentos e tem apostado em projetos dessa natureza de olho nos créditos de carbono como ativo financeiro. O valor da transação não foi repassado, mas a informação é de que 10 mil hectares da área serão ocupados com floresta de espécies nativas do Cerrado, e a outra metade para cultivo de eucalipto, conforme o secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação, Jaime Verruck.
Ele revelou que se envolveu em tratativas por esse tipo de investimento e esteve recentemente com o governador Eduardo Riedel no BTG para tratar da iniciativa. Conforme o secretário, a área era destinada à pecuária e ficou degradada. A floresta nativa deve se recompor ao longo de 20 a 25 anos, menciona, tendo o carbono por ela retido um valor mais elevado que a outra parte do empreendimento, com floresta de eucalipto. Essa madeira deverá estar em condições de venda ao mercado em cerca de 12 anos, mas não deve ser destinada à produção de celulose, segundo Verruck.
O BTG integra uma iniciativa internacional de investimentos nessa área e, em seu site, anuncia a entrega da madeira para papel e celulose, bioenergia, movelaria e construção civil. Grandes empresas estrangeiras estão dedicadas a investir na área de florestas, contando com nomes de peso como a Apple, que criou o Restore Found com Goldman Sachs e a Conservation International e atraiu outras gigantes para destinar recursos para esse tipo de projeto, apontando a América Latina como grande alvo dos investimentos.
Verruck diz que esse se tornou um “bom negócio” para investir e, no caso do Estado, que anunciou o desafio de se tornar carbono neutro até 2030, inciativas assim ajudam na aproximação desse resultado. Por isso viu com otimismo o plantio das florestas. “Vai agregar muito”.
Ele disse que a transação com a propriedade em Camapuã estava concluída e a expectativa repassada é de que em 3 a 4 meses o projeto se inicie. Conforme o secretário, o empreendimento deve envolver cerca de cem pessoas na implantação das florestas. Segundo explicou, a recuperação de áreas degradas envolve em média R$ 25 mil por hectare.
Esta não é a primeira iniciativa do BTG no Estado. No final do ano, a Suzano confirmou a compra de 70 mil hectares de terras em Mato Grosso do Sul, pelo valor de R$ 1,8 bilhão, pertencente a fundo gerido pela instituição.
Ela divulga em seu site as vantagens em investir em florestas, destacando a baixa volatilidade e alta sustentabilidade. Na quinta-feira, ao falar a empresários, o governador destacou os ativos ambientais que o Estado tem, citando exatamente os créditos de carbono retido com a preservação ambiental, a água e a biodiversidade e que era preciso encará-los como se fossem commodities, para produzir receita para o Estado.