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Economia

Mesmo com Desenrola, dívida paga em cinco anos pode chegar a 72% em juros

Percentual é referente a uma conta de R$ 5 mil, com juros de 1,99% ao mês

Izabela Cavalcanti | 29/07/2023 10:53
Mulher faz conta na calculadora e contabiliza dinheiro (Foto: Arquivo/Campo Grande News)
Mulher faz conta na calculadora e contabiliza dinheiro (Foto: Arquivo/Campo Grande News)

De parcela em parcela, o consumidor acaba nem percebendo o “rombo” financeiro no final das contas. O Desenrola Brasil, programa de renegociação de dívidas, dá opções facilitadas de parcelamentos, por exemplo, mas no final, a depender do valor da dívida, os juros podem render 72,19% a mais.

O Campo Grande News fez simulação, levando em consideração dívida de R$ 5 mil, parcelada em 60 meses e com juros fixo de 1,99%, conforme regras do Desenrola.

O economista Marcio Coutinho explica que com a dívida de R$ 5 mil a ser paga em 5 anos, a prestação fica R$ 143,49 por mês. Neste período, o consumidor vai pagar o total de R$ 8.609,40, sendo R$ 3.609 ou 72,19% somente de juros.

“Considerando que a pessoa vai negociar R$ 5 mil em 60 meses e que o banco não embutiu IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), não colocou nenhum custo adicional, taxa de contrato. Esses seriam os valores das parcelas fixas mensais a cada 30 dias”, disse.

Para fins de explicação em relação ao cálculo feito, o economista diz que independentemente do valor da dívida, se a taxa de juros e o prazo para pagamento não mudarem, o percentual será o mesmo. “A taxa de juros e o prazo não se alteram. Estamos trabalhando com uma taxa de juros de 1,99% e prazo de 60 meses. Se uma dessas duas variáveis alterarem, esses 72% vai alterar. Independe do valor, considerando essa taxa de juros e esse prazo, a porcentagem sempre será a mesma”, completou.

Ainda na visão do profissional, em alguns casos não compensa o parcelamento.

Não compensa em 60 meses. O consumidor não faz conta, ele pensa: cabe no meu orçamento 200 reais? Se couber, ele vai fazer, mas não pensa no todo. Falta educação financeira para o brasileiro”, disparou Coutinho.

Gerente, de 33 anos, que preferiu não se identificar, renegociou débito de cartão de crédito de R$ 6,6 mil no Banco do Brasil, dividido em seis vezes. O detalhe é que não foi pelo Desenrola. Segundo ele, os juros ficaram em 10% ao mês. Com isso, a dívida subiu para R$ 7,7 mil, com parcelas de R$ 1,28 mil ao mês.

Programa – Para quem deve até R$ 100, terá o nome limpo e retirado do cadastro de devedores pelas instituições financeiras. Mas a dívida segue ativa e pode provocar algum problema no futuro, caso a pessoa queira manter alguma relação com o banco. As instituições que participarem do programa terão até 30 dias para retirar o nome do cliente do cadastro.

A Faixa 2 abrange a população com renda de até R$ 20 mil por mês, que tenham dívidas em banco sem limite de valor.

As dívidas podem ser quitadas nos canais dos bancos e poderão ser parceladas, em, no mínimo, 12 prestações. As dívidas precisam estar inscritas no cadastro de inadimplentes até 31 de dezembro de 2022.

Além disso, a Faixa I inclui pessoas que recebem até dois salários mínimos, ou seja, R$ 2.640, ou que estejam inscritas no CadÚnico (Cadastro Único).

Podem ser renegociadas dívidas de até R$ 5 mil e parceladas em até 60 vezes. É necessário ter ficado inadimplente entre 1º de janeiro de 2019 e 31 de dezembro de 2022. Esse público deve der beneficiado em setembro.

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