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Economia

Motoristas de aplicativos aumentam jornada de trabalho, mas renda cai

Pesquisa mostra que em 5 anos, renda diminuiu de R$ 3,1 mil para R$ 2,4 mil

Por Izabela Cavalcanti e Bruna Marques | 22/05/2024 12:03
Motorista de aplicativo passando pela Avenida Mato Grosso com passageiro (Foto: Henrique Kawaminami)
Motorista de aplicativo passando pela Avenida Mato Grosso com passageiro (Foto: Henrique Kawaminami)

Ter jornada de trabalho mais longa e ganhar menos tem sido a realidade de muitos motoristas de aplicativos e moto entregadores. Em Campo Grande, o custo de vida mais caro é o que transforma a rotina.

Exemplo disso é o Lucivaldo Dias dos Santos Junior, de 38 anos. Ele trabalha como motorista de aplicativo há 4 anos, e nesse tempo disse que aumentou a carga horária em duas horas e viu o salário encurtar R$ 1.500 por mês.

“Hoje eu trabalho um pouco mais. Começava 5h e parava 18h, agora, começo o mesmo horário e paro 19h, 20h da noite. Por causa do preço da gasolina, meu salário reduziu, eu tirava uns 4.500, 5 mil, agora para tirar 3 mil tenho que trabalhar muito”, pontuou.

Além disso, para complementar a renda, ele também trabalha com instalação de ar-condicionado.

“Para a gente é complicado. Carro, manutenção, é tudo na nossa conta. Cada vez mais é complicado trabalhar. A inflação, preço da gasolina, impostos, aumentou também os motoristas de aplicativos, a taxa também aumentou, só uma corrida paguei 16 reais na taxa”, contou.

Danilo Melo, de 26 anos, é entregador há 2 anos para complementar a renda. Ele também é vigilante há 5 anos. Segundo ele, há 1 ano tem percebido que trabalha mais e ganha menos.

Quanto mais trabalho, menos dinheiro tenho para pagar as contas. As coisas estão subindo muito de preço, principalmente, as coisas de mercado”, disse Danilo.

Ele diz que o rendimento no trabalho depende das contas para pagar na semana. “Quando não estou muito apertado, faço uns 50 por dia e volto para casa. Na próxima semana tem conta para pagar e essa semana estou rodando mais. A meta é 100 reais. Antigamente quando eu tirava esse valor, o dinheiro rendia mais e hoje não”, lamentou.

Luciano Jara de Oliveira, de 37 anos, transporta pessoas pelo aplicativo de moto. Há 4 meses foi demitido do trabalho fixo e partiu para este ramo.

Todos os dias, ele roda das 7h às 17h, com 1h30 de almoço. Nos últimos dois meses percebeu que caiu em 20% a renda.

“Antes rodando a mesma coisa por dia tirava 160 líquido, agora, 120. A impressão que eu tenho é que as vezes o mês interfere, a demanda, valor das corridas. As pessoas também preferem o conforto dos carros, então, tudo isso interfere”, disse.

Pesquisa – O que também confirma a realidade é o estudo "Plataformização e Precarização do Trabalho de Motoristas e Entregadores no Brasil", feito pelo Ipea (Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas).

A pesquisa mostra que no Brasil, a renda dos motoristas de aplicativo alcançou cerca de R$ 3.100, mas em 2017 caiu para R$ 2.600. Já em 2021 ficou em R$ 2.200, e em 2022 chegou a R$ 2.400.

Paralelo a isso, a jornada de trabalho aumentou ano a ano, em 2012, 21,8% dos motoristas trabalharam de 49 a 60 horas por semana, em 2022 subiu para 27,3%.

Em relação aos entregadores, 2,6% disseram trabalhar mais de 60 horas por semana em 2012. Já em 2022, o percentual subiu para 8,6%.

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