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Economia

MS avança para 2º no ranking de florestas, mas falta de trabalhadores preocupa

Gigantes do ramo de celulose encontraram em Mato Grosso do Sul um ambiente propício para expansão

Por Jhefferson Gamarra | 31/05/2024 10:05
Floresta de eucalipto em Ribas do Rio Pardo (Foto: Marcos Maluf)
Floresta de eucalipto em Ribas do Rio Pardo (Foto: Marcos Maluf)

Mato Grosso do Sul tem se destacado no cenário nacional de florestas plantadas, alcançando em 2023 a 2º posição no ranking, ultrapassando São Paulo e ficando atrás apenas de Minas Gerais. Esse crescimento significativo é atribuído aos novos projetos de celulose que impulsionaram a expansão do plantio de eucalipto no estado.

Dados obtidos e divulgados pelo Valor Econômico, através da consultoria Canopy Remote Sensing Solutions para a Ibá (Indústria Brasileira de Árvores), mostram que o Brasil superou a marca de 10 milhões de hectares de florestas cultivadas, com quase 70% dessa área adicional, ou cerca de 233 mil hectares, concentrada em Mato Grosso do Sul.

Grandes projetos de celulose, como o Projeto Cerrado da Suzano em Ribas do Rio Pardo, o Projeto Sucuriú da Arauco em Inocência, as plantações da Bracell para abastecer sua unidade no interior de São Paulo e a expansão planejada pela Eldorado em Três Lagoas, são os principais motores dessa expansão.

"O Estado ganhou outra escala em área de florestas plantadas", destacou Paulo Hartung, presidente-executivo da Ibá ao Valor. Em 2023, a área plantada em Mato Grosso do Sul atingiu 1,367 milhão de hectares, em comparação com 1,134 milhão de hectares no ano anterior. Embora ainda esteja atrás de Minas Gerais, que possui cerca de 2,3 milhões de hectares cultivados, Mato Grosso do Sul tende a continuar crescendo nos próximos anos.

Esse aumento de área plantada tem ocorrido principalmente com a conversão de pastagens de baixa produtividade para o cultivo de eucalipto, trazendo maior dinamismo econômico à região, que tradicionalmente era voltado a pecuária e agricultura. "Não falta espaço e tem mais áreas de pastagem disponíveis para conversão", observou Hartung, acrescentando que esse é um dos programas do Mapa (Ministério da Agricultura e Pecuária), no qual o setor florestal está incluído.

Contudo, a expansão encontra um grande desafio: a escassez de mão de obra. Apesar do aumento do preço das terras e da madeira, a falta de trabalhadores se tornou o maior obstáculo recentemente. Mato Grosso do Sul experimenta uma situação de pleno emprego, com uma taxa de desemprego de apenas 4,1%, conforme a Pnadc (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Trimestral) do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). No quarto trimestre, o estado tinha 743 mil trabalhadores no setor privado, o maior número desde o início da série histórica em 2012.

"Além do pleno emprego, é um Estado com população pequena", destacou Carlos Altimiras, presidente da Arauco Brasil, ressaltando a dificuldade de acesso à mão de obra no estado. Com uma população de 2,76 milhões de habitantes em 2022, a densidade populacional do estado é de apenas 7,72 habitantes por quilômetro quadrado, bem abaixo da média brasileira de 23,9 habitantes por quilômetro quadrado.

Para abordar essa carência de mão de obra, a Ibá contratou um estudo de demanda que será apresentado ao governo sul-mato-grossense nos próximos meses. "O desafio, agora, é gente. É um Estado grande, com baixa densidade populacional", afirmou Hartung. Esse projeto visa medir a demanda de mão de obra da indústria em todo o país, com foco inicial em Mato Grosso do Sul devido aos investimentos significativos que o estado atraiu.

"Teremos números relevantes", comentou Hartung, mencionando que grandes projetos de celulose podem gerar cerca de 10 mil postos de trabalho no pico das obras e 3 mil novos empregos em média, entre diretos e indiretos, após o início da operação.

A indústria de base florestal no Brasil está em meio a um novo ciclo de expansão, com R$ 67 bilhões em investimentos já anunciados até 2028, com grande destaque para Mato Grosso do Sul, que vai concentrar plantas de gigantes do setor.

Além das instalações confirmadas da Suzano e Arauco, a J&F Investimentos, controladora da Eldorado, anunciou recentemente um investimento de R$ 25 bilhões para a expansão da fábrica de Três Lagoas, um projeto que esteve parado devido a disputas pelo controle da Eldorado entre J&F e Paper Excellence. A própria Paper também tem planos de expansão, negociando com diferentes estados, incluindo Minas Gerais e Mato Grosso do Sul, para construir uma nova fábrica de celulose.

Em 2023, o Brasil exportou um recorde de 18 milhões de toneladas de celulose, consolidando-se como o maior exportador mundial do produto. Praticamente metade dessas exportações, 49%, teve como destino a China, marcando a maior compra de celulose brasileira já realizada pelos chineses. Em volume, os embarques de celulose alcançaram 8,9 milhões de toneladas, gerando US$ 3,8 bilhões em divisas para o país.

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