No comércio popular, "taxa da blusinha" é chance do consumidor voltar ao Centro
Lojistas defendem cobrança de 20% em compras de sites internacionais, mas também sugerem alternativa
A taxação de 20% em compras importadas de até US$ 50 foi aprovada no Senado Federal e nas ruas de Campo Grande as opiniões se dividem sobre o Projeto de Lei 914/2024. Enquanto lojistas acreditam que a medida pode contribuir para os negócios, outros defendem que o consumidor sairá prejudicado.
Conforme o texto, que agora volta para a Câmara dos Deputados, o imposto cobrado pode passar dos 20%. Em compras de US$ 3 mil (cerca de R$ 16 mil), a taxação será de 60%, sendo previsto desconto de US$ 20 do tributo a pagar (em torno de R$ 110,00).
Para quem trabalha com o comércio, a taxação é uma alternativa que pode fazer o cliente deixar de comprar de lojas online, como Shein e Shoppe para adquirir itens nacionais. Essa é a opinião da gerente Ivete Mariotti, que trabalha em uma loja de cosméticos na Rua 14 de Julho.
“Claro que tem muita dificuldade financeira no geral, mas com as vendas onlines o comércio acaba ficando prejudicado, ainda mais na área de cosméticos”, fala.
Na visão dela, a cobrança também pode proteger o consumidor de sites não confiáveis e possíveis golpes. “Eu acho que a lei beneficia porque no online as pessoas acabam caindo em furadas porque o produto não vem, a loja nunca existiu, golpes assim. Tem que prestigiar quem está no Centro”, afirma.
Proprietário de uma loja de eletrônicos, Daniel Fagundes opina que a porcentagem da tributação poderia ser diferente dependendo do produto. “20% é muito dependendo do ramo, acho que podiam diversificar a porcentagem conforme o ramo, podia variar”, comenta.
Mesmo assim, ele acha justo o projeto de lei por mais que a cobrança pese para o vendedor que importa, quanto o consumidor final. “Acredito que deva ter a taxação porque é justo. Tá certo que também vamos receber impacto, mas acho justo, por mais que aumente o preço paro consumidor”, declara.
Funcionário de uma loja de roupas e acessórios de cultura pop, Rodrigo Azevedo fala que a taxação não irá prejudicar os negócios já que as mercadorias são nacionais. No entanto, ele vê com desconfiança o texto aprovado pelo Senado Federal.
“Não confio nessa lei porque já comprei coisa de trinta, quarenta e me taxaram no valor da mercadoria. Isso já foi umas três vezes e quase comprei um negócio agora que ia ser taxado. Acho que essa lei não vai dar certo”, fala.
Já para Maria Eduarda a taxação é injusta para quem recorre aos produtos importados devido ao custo-benefício. “Não costumo comprar de sites porque é mais fácil na loja, mas comprar essa taxa é complicado. Se a gente já está procurando um lugar que vai ser mais barato para facilitar nossa vida, essa taxa quebra”, ressalta.
O que muda - Pela legislação atual, produtos importados abaixo de US$ 50 (cerca de R$ 255) são isentos de imposto de importação. O relator do projeto na Câmara, deputado Átila Lira (PP), incluiu a taxação de 20% de imposto sobre essas compras internacionais.
Compras dentro desse limite são muito comuns em sites de varejistas estrangeiros, notadamente do sudeste Asiático. Os varejistas brasileiros pedem a taxação dessas compras, afirmando que, sem o tributo, a concorrência é caracterizada como "desleal".
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