Para Simone, Rota trará “leque de oportunidades inimaginável”
Ministra falou sobre oportunidades da Rota Bioceânica a empresários da indústria
Um leque inimaginável de oportunidades, com resultados no mínimo 90% positivos ao Estado. Estes foram alguns termos utilizados pela ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, para divulgar as potencialidades da Rota Bioceânica a empresários da indústria na Fiems, no início da tarde. Ela apontou que a América do Sul reúne cerca de 400 milhões de pessoas, sendo metade de brasileiros, e a configuração de rotas traçadas pelo governo federal abre um grande mercado entre os países.
Ela não economizou no otimismo porque falava a um setor que precisa aderir ao projeto. Simone diz que a abertura de caminhos rumo a portos do Chile, encurtando distâncias com a Ásia, deve ampliar a atividade industrial, devendo o Estado apostar em produtos semielaborados, não vendendo somente carne e grãos, mas couros, óleo e carne processada, exemplificou.
Para o setor, um grande beneficiado com a abertura da rota será o de carnes, diante da redução de cerca de duas semanas no transporte, reduzindo também fretes. O presidente da Fiems, Sérgio Longen, estima que vários setores da indústria, não apenas do Estado, terão ganhos com o novo acesso.
Simone fez questão de destacar as relações dentro da própria América do Sul. Ela apontou que nos Estados Unidos da América o consumo de produtos próprios é da ordem de 40%, na Europa chega a 65%, enquanto na América do Sul, gira em torno de 18% a 20%. Há outro Brasil a crescer, explica, em relação ao contingente que o País pode alcançar com seus produtos para países vizinhos. Simone diz que sem apostar na integração, com as cinco rotas pensadas pelo governo, o Brasil perde dinheiro, emprego, renda, crescimento.
A ministra apontou que se dedicou por seis meses à elaboração das ligações- as demais estão no Norte do País, com conexões ao Peru, Equador, envolvendo até rios da Amazônia- e por outros seis meses seguiu viajando para debater o tema.
O secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação, Jaime Verruck, destacou a importância de completar a logística de estradas em curso para atender a rota, e de alfândega, para que os ganhos com o encurtamento de tempo de viagem e custos, não se percam com a burocracia. Ele explicou que no Paraguai já há empresários criando espaços para receber e distribuir produtos que chegam e saem dos países e vislumbrou a possibilidade de Mato Grosso do Sul ser beneficiado com investimentos para ser o responsável por essa distribuição no lado brasileiro.
Segundo Simone, a Receita Federal destinará servidores para atender as demandas alfandegárias quando a rota estiver funcionando.
Preparação- A ministra apontou que os cerca de 24 meses à frente, até que a infraestrutura de transporte esteja concluída, devem ser aproveitados para adoção de medidas que atendam às oportunidades geradas. Ela disse que esteve na UFMS e ainda irá à UEMS e ao IFMS debater sobre a formação de profissionais, sejam de nível técnico ou em cursos superiores, como comércio exterior.
Longen apontou que o setor industrial tem preocupação com o aumento da presença de produtos originários da Ásia, com preços menores que os brasileiros por terem custo de produção mais baixo. Segundo ele, é preciso identificar situações e haver debate do mercado com as autoridades, sem buscar protecionismo, apontou.
Simone alertou que também deve haver um envolvimento das prefeituras, que sentirão o aumento do trânsito de pessoas, cargas, carretas.
Segundo a ministra, o modelo de rotas idealizado pelo governo federal é inacabado em sua essência, porque elas vão ser preenchidas ao longo do tempo, por trazerem “infinitas possibilidades”.
Ela destacou a urgência do tema porque o grande mercado consumidor de produtos do País, a China, aposta em uma nova fronteira agrícola pro futuro, na África, diante da sua necessidade de maior acesso a alimentos, e o Brasil precisa acelerar meios de oferecer produtos competitivos. Segundo mencionou, durante palestra que fez no país asiático houve grande interesse de empresários nas rotas propostas pelo Brasil.
Ela afirmou que a China é um grande parceiro, disse ter ficado impressionada com a capacidade de criar logística, com o expertise em implantação de linhas férreas, com a média de um quilômetro de trilhos ao dia. Chegou a sugerir que seria uma alternativa para o País abrir ferrovias de norte a sul, leste a oeste e, inclusive, se debater a “famigerada” ferrovia do Estado, hoje desativada, com a produção seguindo por caminhões. “Eles gostam do Brasil porque eles precisam do Brasil com as nossas commodities”, mencionou, complementando que “eles pegam com as duas mãos”.