ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
JULHO, QUARTA  24    CAMPO GRANDE 31º

Economia

Proximidade de florestas pode tornar fábrica de Ribas mais competitiva

Unidade da Suzano iniciou operação na noite de domingo, com previsão de elevar produção da empresa em 20%

Por Maristela Brunetto | 24/07/2024 13:46
Fábrica da Suzano passou a operar oficialmente no domingo, mas empresa fará ato solene, em dezembro (Foto: Andrei Luiz All Drone's)
Fábrica da Suzano passou a operar oficialmente no domingo, mas empresa fará ato solene, em dezembro (Foto: Andrei Luiz All Drone's)

A posição estratégica da nova fábrica de celulose da Suzano, que entrou em operação na noite de domingo em Ribas do Rio Pardo, vai permitir à empresa colocar no mercado mundial celulose em condições mais competitivas. Isso porque a unidade tem ao redor de si florestas de eucalipto que garantirão o fornecimento da matéria prima sem precisar de longos percursos como ocorre com muitas empresas. O Município tem uma zona rural imensa e a Suzano apostou na utilização de áreas próprias e arrendadas antes usadas pela pecuária e que estavam subutilizadas por conta da degradação das pastagens.

De início, a entrega de matéria prima ainda virá de algumas florestas mais distantes, como em Sonora, município no extremo norte de Mato Grosso do Sul. Mas, aos poucos, com suas florestas plenamente formadas, a Suzano deverá contar com madeira vinda de um raio de 65 quilômetros, o menor em suas unidades, enquanto a média chega a se aproximar a 150 km. Para fornecer esse material, a empresa mantém efetivo de 2 mil pessoas trabalhando na base florestal. Para a fábrica, serão outras mil pessoas, com a linha de produção funcionando em turnos 24 horas por dia.

A fábrica foi ativada no domingo, sem tom solene, porque foi o momento em que a equipe operacional percebeu que alcançou o cenário perfeito, após período de testes. O diretor de engenharia, Maurício Miranda, contou que nos dias anteriores ocorriam reuniões permanentes para seguir avaliando o ritmo até que foram se tornando mais frequentes e concluíram que o andamento estava pleno.

Dado o start, a fábrica segue na chamada curva do aprendizado, que deve durar nove meses. O início sem um tom festivo não significa que a empresa não vá comemorar o feito, de colocar em atuação a maior produção de celulose em linha única no mundo, após três anos de obras, que movimentaram cerca de 10 mil trabalhadores no auge da obra.

Maurício Miranda explica que, além da celulose, outros produtos sairão do complexo industrial (Foto: Divulgação Suzano)
Maurício Miranda explica que, além da celulose, outros produtos sairão do complexo industrial (Foto: Divulgação Suzano)

A direção fará uma solenidade no começo de dezembro para apresentar a fábrica para clientes, comunidade e autoridades, incluindo convite ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Com orçamento de R$ 22,2 bilhões, sendo R$ 15,9 bilhões para a construção e o restante para florestas e logística, é considerado um dos maiores investimentos privados em curso no País e foi o maior da empresa.

Atingindo a plena produção, a unidade denominada Cerrado chegará a 2,55 milhões de toneladas por ano, incrementando em cerca de 20% a produção da Suzano, colocando a empresa, o País e o Estado na liderança de exportação de celulose, com impactos diretos na balança comercial. Hoje, nas unidades no País – a Suzano ainda é dona de uma unidade em Três Lagoas, adquirida em 2006- ela produz 10,9 milhões de toneladas ao ano.

Para além da celulose, bioprodutos – A Suzano estima também oferecer ao sistema elétrico o excedente da energia que produzirá para o funcionamento da fábrica, a partir da queima de biomassa de madeira. Autossuficiente, ela estima que contará com cerca de 180 megawatts disponível, capacidade para atender cidade com 2,5 milhões de habitantes. Segundo Miranda, trata-se de uma energia limpa, porque produzida com materiais renováveis.

Além disso, dentro do complexo industrial de Ribas, a Suzano terá duas parceiras produzindo insumos para a fabricação da celulose e o excedente será ofertado ao mercado: são elas a White Martins, que oferece gases e produzirá O2, com possibilidade de gerar 50% de excedente para venda; a outra, Nouryon, entregará produtos químicos para as duas unidades e também comercializará o restante.

Unidade Cerrado funciona 24 horas, com divisão de turnos; fábrica emprega mil pessoas (Foto: Divulgação Suzano)
Unidade Cerrado funciona 24 horas, com divisão de turnos; fábrica emprega mil pessoas (Foto: Divulgação Suzano)

Processar a celulose- O governador do Estado, Eduardo Riedel (PSDB), em mais de uma ocasião demonstrou interesse em atrair indústrias para transformar a celulose aqui mesmo, em vez da exportação, para produção de papel, embalagens, produtos de higiene, apontando ter havido interesse de empresários norte-americanos em rodas de negócios. Miranda considera que a ideia pode se concretizar com a movimentação do poder público em atrair empresas.

Ele analisa que essa disposição das autoridades favorece o processo, que resulta em menores custos de logística. “Acho que é um processo natural, não é imediato, logicamente ele demanda um bom investimento desses potenciais clientes e parceiros nossos. A própria Suzano busca a verticalização. Hoje a gente tem unidades onde a gente já tem indústria, máquinas de papel dentro, integradas à nossa Fábrica de celulose”.

De Ribas para o mundo – A celulose produzida em Ribas percorrerá longos caminhos para chegar aos clientes da Suzano. Disposta em fardos de 250 quilos, reunidos em volumes de duas toneladas, serão colocados em caminhões e transportados para cerca de 200 quilômetros dali, para um terminal intermodal que a empresa construiu à margem da MS-377, perto de Inocência, para transferência a vagões da Ferronorte, rumo ao Porto de Santos, onde a companhia mantém dois terminais de embarque em navios para a exportação.

O diretor considera que a ativação de mais uma fábrica de celulose se encaixa no momento vivenciado pelo Estado, com a indústria se consolidando na diversificação do “ambiente de negócios”, que tinha a tradição centrada nos grãos e carnes.

Nos siga no Google Notícias