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Economia

Saída pelo Pacífico é opção de MS para não se isolar, defende entidade

Paulo Nonato de Souza | 15/08/2017 16:57
A expedição de 2013 fez o percurso até a cidade de Iquique, no Chile, a partir de Corumbá, na fronteira com a Bolívia (Foto: Setlog/Divulgação)
A expedição de 2013 fez o percurso até a cidade de Iquique, no Chile, a partir de Corumbá, na fronteira com a Bolívia (Foto: Setlog/Divulgação)

Mato Grosso e Rondônia já estão com saída para o Pacífico, e está passando da hora de Mato Grosso do Sul olhar para o lado oeste da América do Sul, além do Paraguai, e colocar em prática uma alternativa de exportação da sua produção para os países da Ásia pelo Oceano Pacífico, sob pena de ficar isolado do mundo em termos de logística de transporte.

A afirmação em tom de alerta é do presidente do Setlog (Sindicato dos Transportadores de Cargas e Logística do Estado de Mato Grosso do Sul), Cláudio Cavol, em entrevista ao Campo Grande News nesta terça-feira, 15, às vésperas de mais uma expedição batizada de Rota da Integração Latino Americana, que terá largada no dia 25 deste mês, às 6h30, a partir de Campo Grande, com a participação de 95 empresários e transportadores, além de políticos sul-mato-grossenses, incluindo o governador Reinaldo Azambuja e os três senadores – Waldemir Moka, Simone Tebet e Pedro Chaves - e até um representante do Ministério das Relações Exteriores, o coordenador geral de Assuntos Econômicos Latino-Americanos e Caribenhos, João Carlos Parkinson de Castro.

Esta será a segunda expedição organizada pelo Sindicato dos Transportadores de Cargas e Logística do Estado. A primeira foi em 2013 para tentar viabilizar uma rota interligando o município de Corumbá, na divisa de Mato Grosso do Sul com a Bolívia, às cidades marítimas de Arica e Iquique, no Chile.

Cláudio Cavol, presidente do Setlog, alerta para o risco de Mato Grosso do Sul ficar isolado em termos de logística (Foto: Setlog/Divulgação)
Cláudio Cavol, presidente do Setlog, alerta para o risco de Mato Grosso do Sul ficar isolado em termos de logística (Foto: Setlog/Divulgação)

Encontrar uma forma de reduzir os gargalos logísticos para exportar, como encurtar distâncias desde os locais de produção até os portos de embarque para a Ásia, está no foco da expedição. Um dos objetivos é avaliar o funcionamento do setor aduaneiro nas fronteiras entre os países. Na caravana de 2013, por exemplo, mesmo com documentos pessoas e dos veículos em dia, a comitiva teve que encarar seis horas para receber permissão de entrada na Bolívia.

Desta vez, sob o lema “Ligando Povos e Unindo Oceanos”, a expedição Rota da Integração Latino Americana com os empresários a bordo de 30 caminhonetes a diesel irá percorrer 2.200 Km de estradas desde Campo Grande até Porto Murtinho, em Mato Grosso do Sul, passando pelas cidades de Loma Plata e Mariscal Estigarribia, no Paraguai, Tartagal, Salta, San Salvador de Jujuy, na Argentina, San Pedro do Atacama, Iquique e chegada em Antofogasta, no Chile, cidade localizada a oeste do Oceano Pacífico e sede de um dos principais portos do mundo.

“Já no primeiro dia da nossa partida faremos um grande almoço de negócios em Porto Murtinho com a presença do governador Reinaldo Azambuja e de governadores daquela região do Paraguai. Vamos falar de exportação, importação e de integração, e enquanto isso as nossas caminhonetas serão transportadas de balsa para o outro lado do rio Paraguai. Em todas as nossas paradas faremos mesa de negócios para discutir a viabilidade econômica das rotas bioceânicas”, afirmou Cláudio Cavol.

Segundo ele, a programação das reuniões com empresários e autoridades governamentais na rota da expedição está sendo preparada pelo Ministério das Relações Exteriores. Além do encontro em Porto Murtinho, dia 25, outros deverão acontecer em San Salvador de Jujuy e Salta, na Argentina, Iquique e Antofogasta, no Chile.

Mapa mostra as duas rotas bioceânicas de Mato Grosso do Sul, uma pelo Paraguai e outra pelo Chile (Foto: Divulgação)
Mapa mostra as duas rotas bioceânicas de Mato Grosso do Sul, uma pelo Paraguai e outra pelo Chile (Foto: Divulgação)

“O Itamaraty está cuidando do agendamento. No dia 01 de setembro está previsto um grande encontro em Assunção, no Paraguai, e possivelmente teremos a participação do presidente Horácio Cartes”, revelou Cavol.

De acordo com dados do Setlog, 80% da soja que sai das lavouras sul-mato-grossenses tem como destino principal a Ásia, e para ser embarcada a soja percorre 1,2 mil quilômetros por estradas até o terminal do Porto de Paranaguá, no Paraná, ou 1,1 mil quilômetros para embarcar pelo porto de Santos, em São Paulo.

“Mato Grosso do Sul está no centro de duas opções de rota para o Pacífico, uma pela Bolívia e outra pelo Paraguai, e as duas representam uma redução importante nos custos do frete porque as distâncias serão encurtadas”, comentou Cavol.

Conforme estudo divulgado pelo Sindicato, atualmente o transporte é um dos maiores gargalos da produção agropecuária nacional, e as saídas pelo Pacífico irão beneficiar os produtores por oferecer acesso mais rápido e fácil ao mercado asiático, grande consumidor dos produtos brasileiros. Com a possibilidade de escoar a produção pelo Oceano Pacífico, haverá uma redução de cerca de 11 mil quilômetros de rota marítima em relação ao percurso feito pelo Oceano Atlântico.

No Mato Grosso, o único entrave para que o Estado concretize a sua rota de exportação pelos portos do Pacífico é a falta de pavimentação de um trecho de 315 Km entre os municípios de San Matias e San Ignácio de Velasco, em território da Bolívia.

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