São Fernando alega dificuldades e consegue devolução de bens apreendidos
Alegando que a apreensão de bens resultaria em grave lesão e de difícil reparo, os advogados da Usina São Fernando conseguiram reverter a decisão da 5ª Vara Cível de Dourados. A Justiça expediu mandado ainda no sábado (28), suspendendo o cumprimento da liminar que determinava a apreensão dos bens para pagamento de dívidas com o banco Daycoval.
De acordo com decisão da juíza de Direito Plantão, Ana Carolina Farah Borges da Silva, a empresa alegou que os bens (automóveis, motocicletas e caminhões) são indispensáveis ao funcionamento. A São Fernando passa por uma crise financeira há dois anos, inclusive já recorreu a Recuperação Judicial.
Dessa forma, o mandado diz "acolho o pedido formulado pela recuperada, e suspendo o cumprimento da liminar proferida na data de ontem por este juízo 2ª Vara Cível de Dourados, determinando que as apreensões já realizadas sejam desfeitas, até final decisão nos autos".
A empresa pertence a família do empresário José Carlos Bumlai, importante pecuarista sul-mato-grossense com grande influência tanto no mercado quanto na política. Ele é amigo pessoal do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e foi citado como peça-chave do esquema de corrupção na Petrobras, o chamado Petrolão. Ele está sendo investigado por esquemas de corrupção.
Crise financeira - A usina São Fernando enfrenta dificuldades financeiras há pelo menos dois anos. Em fevereiro de 2013, a empresa recebeu milhões de dólares de um pequeno banco de investimento do Golfo Pérsico chamado Abu Dhabi Equity Partners.
No mesmo mês foi aprovado o pedido de recuperação judicial, e a empresa atribuiu a situação a crise mundial do setor sucroenergético. As dívidas na época, estavam estimadas em R$ 1,2 bilhão.
Em setembro de 2014, o Dourados News mostrou que produtores rurais de Dourados e de Laguna Carapã estariam com dificuldades para receber dívidas com a usina, o que continua ocorrendo. “Temos casos de produtores que estão há sete meses ou mais sem receber pelo arrendamento. A grande maioria recebe por meio de repasse mensal, mas há alguns que anualmente”, disse na época.
Na semana passada o atual presidente do Sindicato Rural de Dourados, Lúcio Damália, disse também em entrevista ao Dourados News que pelo menos 20 produtores estariam sem receber da usina e que a mesma não possuía condições de quitar esses vencimentos.