Sem ônibus, metade dos ambulantes desiste de vendas no Centro hoje
Tem autônomo que não fez nenhuma venda até agora, porque maioria dos clientes depende de ônibus
A greve dos motoristas de ônibus acabou com o dia de pelo menos metade dos vendedores ambulantes do Centro de Campo Grande. Muitos nem foram trabalhar hoje (21) e alguns reclamam do movimento. “Não vendi nada. Quem compra é quem pega ônibus”, lamenta a vendedora de bebidas Ister da Silva, de 68 anos, na Praça Ary Coelho.
O impacto nas vendas não é o único problema para ela. Todos os dias, Ister vai de carona do bairro Parati ao Centro e volta de ônibus para casa. Hoje, ela vai ter que ficar até a noite na região para voltar de carona, já que não tem ônibus circulando.
“Volto de ônibus às 15h, mas com a paralisação hoje vou ter que esperar meu filho sair do trabalho às 19h para voltar para casa. A greve pegou todo mundo de surpresa”, disse.
A Praça Ary Coelho tem, em média, 13 ambulantes, segundo o responsável pelo local nesta manhã, Marcelino Escobar, de 50 anos. Hoje, no entanto, há apenas seis vendedores na área.
Já os funcionários da praça, que são três de manhã e três à tarde, provavelmente serão dispensados, por causa dos altos valores de aplicativo de corridas e táxi, no horário de pico.
“Uma funcionária vamos liberar mais cedo para ir de carona, porque a carona dela sai e se ela ficar não terá transporte. Quando ela veio, o valor da corrida por aplicativo estava chegando a R$ 90”. A praça não fecha, pois algum responsável deve permanecer no local, segundo o Marcelino.
A sorte é que no fim do mês, os ambulantes já estão acostumados com alguma redução no movimento, na avaliação do vendedor de sorvete Celso Henrique Santos, de 50 anos, que trabalha na praça há 20 anos.
“A gente depende do fluxo, principalmente do público que tem gratuidade, que são estudantes e idosos. Eles são os que mais compram. Como sou comerciante há muitos anos, já estou acostumado com essa instabilidade. A gente aproveita para vender para quem está por aqui”, comenta.
Greve - A greve dos motoristas de ônibus não foi anunciada e pegou a todos de surpresa. A decisão da paralisação foi tomada pelo Sindicato dos Trabalhadores do Transporte Coletivo e não tem previsão de acabar. O serviço foi suspenso porque a concessionária Guaicurus informou que não faria pagamento de salários.
O Setur-MS (Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Passageiros de Mato Grosso do Sul), entidade que representa o Consórcio Guaicurus, foi ao TRT24 (Tribunal Regional do Trabalho da 24ª Região) contra a greve.