Sindicato e frigorífico fazem acordo para pagar rescisão de 180 demitidos
Mais de 100 funcionários demitidos do frigorífico Boi Verde, em Campo Grande, se reuniram nesta manhã (2) em Assembleia no STIC/CG (Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias de Carnes e Derivados). Eles pedem que a empresa dê garantias de que irá fazer o pagamento da rescisão dos 180 funcionários. A unidade fechou às portas alegando crise financeira.
Os funcionários alegam que há um mês assinaram o aviso prévio e sabiam que seriam demitidos, mas quando terminou o período a empresa informou que não tinha condições financeiras de arcar com as rescisões. Hoje, o sindicato realizou a audiência junto com o frigorífico para que seja firmado um acordo para o pagamento.
O representante do frigorífico Ednaldo Monteiro, responsável pelo RH (Recursos Humanos) da empresa, participou da audiência e justificou que o último abate aconteceu no dia 15 de maio, no entanto a empresa só recebeu parte do pagamento e por isso, entrou em dificuldades financeiras. Diante desse quadro, a proposta da empresa é pagar 20% das rescisões a vista, que é o valor que tem em caixa.
O restante, o setor jurídico propôs que seja pago em 8 parcelas, sendo cada uma com valor parecido ao de um salário. Para isso, a empresa estuda vender maquinários e equipamentos.
O representante do sindicato Wilson Gimenes, diz que a empresa não apresenta garantias de que o pagamento realmente vai acontecer, pois isso vai entrar com ação na Justiça para obrigar a empresa a liberar o FGTS e o seguro-desemprego dos trabalhadores. "Se a empresa quer um acordo, então que esse acordo seja firmado na Justiça".
Enquanto empresa e sindicato não entram em um acordo sobre o pagamento, quem sofre mesmo são os funcionários, que sem a rescisão não podem nem dar entrada no seguro-desemprego.
João Serafim de Souza, 69, trabalhou durante 11 anos no frigorífico e agora, desempregado não sabe o que fazer. "Me deram aviso prévio de 60 dias, mas na hora de receber me disseram que a empresa não tem esse dinheiro para pagar o acerto. Minha situação é muito complicada,não sei o que fazer".
A situação também é preocupante para Francisco Alvez, 44, que passou por uma cirurgia há uma semana devido a lesão adquirida no frigorífico, onde atuava como auxiliar de indústria. "O problema é que o médico disse que eu tenho que ficar pelo menos 60 dias sem trabalhar, já que vou ficar tanto tempo parado, eu preciso dar entrada no INSS, mas não tenho como fazer isso porque a empresa não libera a minha documentação. Eu não sei como vou sobreviver esses dias", conta ele que trabalhou mais de 3 anos na empresa.