ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram
NOVEMBRO, QUARTA  20    CAMPO GRANDE 29º

Economia

Sob risco de novos fechamentos em MS, Justiça negocia despejos das Americanas

Varejista já pediu redução de aluguel em shoppings, fechou a primeira unidade e deve a 49 credores do Estado

Izabela Cavalcanti | 20/06/2023 12:41
Entrada da Americanas, no Shopping Bosque dos Ipês (Foto: Idaicy Solano)
Entrada da Americanas, no Shopping Bosque dos Ipês (Foto: Idaicy Solano)

A situação das Lojas Americanas em Mato Grosso do Sul não está muito diferente da crise financeira ocorrida nacionalmente. Além de pedido para baixar o valor de aluguéis no Estado e dívidas com fornecedores, o Sindicato dos Empregados do Comércio de Campo Grande teme o fechamento de mais duas lojas na Capital. A unidade, localizada na Rua 14 de Julho, região central de Campo Grande, é a primeira que teve as atividades encerradas no Estado.

“Em meio a vários fatores, tudo indica que há esse risco. O pessoal está apreensivo, com medo de perder o emprego, mas a empresa garantiu que nenhum funcionário será demitido, até o momento foi cumprido. A empresa está pagando certinho, está tudo correto, tudo em dia”, disse o sindicato, em nota.

Diante disso, conforme informado pelo jornal O Globo, para tentar amenizar a situação, o juiz Paulo Assed Estefan, titular da 4ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro, nomeou três mediadores para buscar por uma solução para 16 ações de despejo contra o Grupo Americanas.

A equipe de reportagem entrou em contato com a Americanas para saber sobre o cenário da empresa em Mato Grosso do Sul e a possibilidade de mais fechamentos.

“A Americanas S.A. informa que o encerramento das atividades da loja localizada na Rua 14 de Julho, no Centro, em Campo Grande (MS) faz parte do plano de transformação da companhia, que prevê ajustes imediatos e de curto e médio prazos com foco na rentabilidade e otimização do negócio”, disse em nota.

Além disso, informou também que conta com cerca de 1.800 lojas e que a reavaliação de mix de produtos, gestão, espaço e lucro das unidades, entre outros fatores, é uma dinâmica comum a todo o varejo e pode levar à readequação ou, em último caso, ao fechamento de loja.

“Os clientes poderão continuar adquirindo produtos e serviços disponíveis em diversas unidades próximas e também no site e app da marca. A companhia também ressalta que continua comprometida com os seus credores para a construção de um consenso sobre o Plano de Recuperação Judicial, ainda sujeito a revisões e ajustes, e que busca um plano que reflita visões compartilhadas e atenda seus stakeholder”, completou.

Prateleiras de chocolate quase vazias na Americanas, do Bosque dos Ipês (Foto: Idaicy Solano)
Prateleiras de chocolate quase vazias na Americanas, do Bosque dos Ipês (Foto: Idaicy Solano)

Situação precária – Na loja localizada no Bosque dos Ipês, a situação não é das melhores. Prateleiras vazias, poucos funcionários e itens desorganizados já dão sinais de decadência.

No fim da manhã desta terça-feira (20), nenhum cliente estava na loja. No caixa, apenas um funcionário atende.

Na sessão dos doces, é possível escolher os chocolates à dedo, já que tem poucas opções. Na parte da papelaria, os itens que restam estão bagunçados, mostrando que não tem quem possa organizar.

Em nota, o shopping nega o fechamento da unidade. "Comunicamos que a informação de fechamento da unidade das Lojas Americanas no Shopping Bosque dos Ipês não procede", disse.

Mais uma das prateleiras vazias na unidade da Americanas, no Bosque dos Ipês (Foto: Idaicy Solano)
Mais uma das prateleiras vazias na unidade da Americanas, no Bosque dos Ipês (Foto: Idaicy Solano)

Redução de aluguéis – Em fevereiro, a Americanas pediu na Justiça redução no valor do aluguel de dois shoppings de Campo Grande.

No Bosque dos Ipês, o pedido era que o valor saísse de R$ 23,5 mil para R$ 15 mil. No entanto, em abril, a empresa desistiu da ação que pedia a redução. A manifestação foi apresentada no último dia 10 de abril à 10ª Vara Cível, onde o processo tramitava.

“Americanas S.A. – em recuperação judicial, (…) vem, por seu advogado abaixo assinado, informar que não possui mais interesse em seguir com a presente ação judicial, motivo pelo qual requer a desistência da demanda, com a extinção do feito sem resolução do mérito”, diz o pedido. O motivo da renúncia não foi explicado.

Já no Shopping Campo Grande, diante do pedido da baixa no valor do aluguel, foi realizada perícia em março, identificando defasagem de R$ 10 mil no valor.

Os dois shoppings informaram que não vão comentar sobre esta situação específica.

Outras dívidas – A Americanas também deve, pelo menos, R$ 253 mil em ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) para Mato Grosso do Sul, desde 2014. O montante é referente a uma loja instalada no shopping de Dourados.

Em Campo Grande, a loja localizada na Rua Marechal Rondon, no centro da cidade, tem débito de IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) com a prefeitura, desde 2020.

Além disso, a varejista também tem lista de dívidas com dezenas de empresas de Mato Grosso do Sul, que aguardam o pagamento. A informação é que seriam pelo menos 49 fornecedores, com o valor de R$ 30 milhões.

Entenda – No dia 11 de janeiro, a empresa divulgou identificação de “inconsistências contábeis” que inicialmente somavam R$ 20 bilhões. Logo depois, o valor mais que dobrou, chegando a R$ 43 bilhões. No dia 19, a Justiça carioca aceitou pedido de recuperação judicial da rede.

Caixas da Americanas sem funcionários e loja vazia (Foto: Idaicy Solano)
Caixas da Americanas sem funcionários e loja vazia (Foto: Idaicy Solano)


Nos siga no Google Notícias