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Educação e Tecnologia

Em extinção, resiliência do gado pantaneiro será estudada para preservar onças

Experimento científico será realizado em parceria da UEMS e Onçafari em reservas no bioma Pantanal

Gabriela Couto | 06/07/2023 07:22
Gado pantaneiro terá sua resiliência analisada no processo de coexistência com as onças-pintadas. (Foto: Mário Haberfeld)
Gado pantaneiro terá sua resiliência analisada no processo de coexistência com as onças-pintadas. (Foto: Mário Haberfeld)

Uma das raças mais antigas da pecuária, o gado pantaneiro, que está em extinção, será aliado do seu predador, a onça-pintada. Um estudo que promete analisar a resiliência da espécie na coexistência com um dos maiores felinos do mundo começa a ser feito em duas reservas no Pantanal.

Pesquisadores da UEMS (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul) e a ONG (Organização Não Governamental) Onçafari vão tentar mostrar cientificamente que a raça tem um comportamento natural de proteção contra investidas das onças-pintadas, se comparado com a raça nelore.

O diretor de operações do Onçafari, João Almeida, explica que o objetivo é garantir a conservação das onças-pintadas que também estão ameaçadas de extinção. “Um dos maiores problemas é a caça dos fazendeiros. Eles têm uma percepção superestimada da espécie, que preda os bovino e que para eles causam prejuízo econômico”, justifica.

Presente há vários séculos no Pantanal, raça quase foi extinta nos últimos anos. (Foto: Mário Haberfeld)
Presente há vários séculos no Pantanal, raça quase foi extinta nos últimos anos. (Foto: Mário Haberfeld)

Como o boi pantaneiro tem um instinto mais agressivo e mais eficiente na proteção do rebanho em ataques de onças, a taxa de predação chega a zero em alguns rebanhos da espécie. É justamente este o experimento científico que deve comprovar e valorizar esta raça bovina.

“Estamos investindo em manejo de gado pantaneiro em duas reservas, uma no Pantanal do Mato Grosso e outra no Mato Grosso do Sul. Nelas vamos fazer uma série de experiências para entender o grau de predação da onça contra essa espécie, para comprovar em dados científicos aos fazendeiros que há sim como reduzir a taxa de predação da onça-pintada”, reforçou João.

Mais de 500 embriões puros de gado pantaneiro foram produzidos e serão implantados em fêmeas da raça nelore para o estudo da primeira ninhada analisada. “Os filhotes devem nascer no começo de 2024. Será a primeira leva de pantaneiros do projeto que deve durar alguns anos. A pesquisa ainda tem mais 500 doses de sêmen desse gado que deve ser usado para acelerar a produção de indivíduos da espécie para assegurar a continuidade da raça”.

Manejo de touro da espécie pantaneira para extração de sêmen. (Foto: Adriano Augusto/Zoetis.)
Manejo de touro da espécie pantaneira para extração de sêmen. (Foto: Adriano Augusto/Zoetis.)

As análises serão puramente científicas, ou seja, os animais utilizados no estudo não serão abatidos e comercializados. “A única forma de monetizar a espécie será agregar na observação da raça, com o intuito de enriquecer a experiência do turismo”.

Os rebanhos serão avaliados por profissionais que fazem o manejo das maternidades. Serão colocados rebanhos de outras raças próximos ao do gado pantaneiro. Situações com cercas elétricas, que já são utilizadas na prevenção de predação de felinos também serão avaliadas no contexto da pesquisa para saber a efetividade dos métodos.

Onçafari – A ONG possui 12 anos de história com objetivo de fazer a conservação da biodiversidade. Possui monitoramento com câmeras em 12 bases espalhadas no país. É a única instituição do mundo que foi reconhecida pelo sucesso na reintrodução de onça-pintada na natureza.

Além de promover a conservação do meio ambiente, a associação contribui com o desenvolvimento socioeconômico das regiões em que está inserida. Dentre as frentes de trabalho do Onçafari, estão o Ecoturismo, Pesquisas Científicas, Proteção às Florestas, Educação, Social e Reintrodução.

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