Professores mantêm pressão em frente à prefeitura para reajuste do piso salarial
Docentes pedem diálogo com a prefeita Adriane Lopes e exigem que a chefe municipal cumpra a Lei 6.796
Os professores da Reme (Rede Municipal de Ensino) continuam pressionando a gestão municipal para o reajuste de 10,39% do piso salarial da categoria. A ação pacífica acontece nesta segunda-feira (5), em frente à Prefeitura de Campo Grande. Os docentes pedem para que haja diálogo com a chefe do município, Adriane Lopes (Patriota), e exigem que ela cumpra a Lei 6.796, que prevê o aumento.
De acordo com o atual presidente da ACP (Sindicato Campo-grandense dos Profissionais), Lucilio Nobre, dos 8 mil professores na cidade, quase 2 mil aderiram à greve. Segundo ele, a participação pequena se deve ao fato de alguns serem também docentes da Rede Estadual.
Lucilio Nobre disse à reportagem que espera que a prefeita atenda à solicitação e a greve se encerre. “Nós pedimos uma reunião para que ela receba a comissão. A greve pode acabar a qualquer momento desde que ela sinalize os 10,39%. Esse é um problema do executivo. Ela tem que apontar um caminho”, comentou.
Ele ressaltou que existem escolas em atividade nesta segunda, mas não há como quantificá-las. ”Tem algumas escolas trabalhando, a gente não sabe o percentual. Não tem como abrir mão dos 10,39% porque está na Lei. Como é que vai tirar da Lei o que já está aprovado”, questionou.
Novo presidente da ACP, que ainda vai assumir o cargo, Silvano Fronzoni também evidenciou que a categoria busca um diálogo honesto para que a situação seja normalizada. "Agora pela manhã estamos buscando que a prefeita atenda e dialogue para achar uma saída. Nós pedimos agenda para ela na sexta e hoje, mas ela não respondeu. Ela fez o segundo pedido à Justiça que foi negado, ela manteve a de cinco dias.” comentou.
A professora Jozecarmem Brunet, de 40 anos, revelou que a articulação dos docentes acontece desde março, devido à falta de negociação entre eles e a prefeitura de Campo Grande. “Na verdade, tivemos esse movimento desde março. Queremos mostrar para sociedade, para os pais que nós já fizemos uma negociação e ela não foi cumprida. Nós não queríamos estar protestando, queríamos estar no banco da escola dando aula, mas ela não cumpriu a lei”, disse.
Ademar Silva Fernandes, de 38 anos, reforçou a declaração da colega. “Desde março estamos na negociação, é uma luta que vem desde 2015. É uma mobilização em forma de pressão para que a prefeita veja como vai fazer para repor o nosso salário. Desde que ela era vice ela já sabia disso”, pontuou.
Expressão artística - Para completar a manifestação a ACP contratou o grupo de teatro Imaginário Maracangalha. “Eles são um grupo tradicional, estão falando das manifestações, greve e a importância disso. É uma peça teatral para retratar o nosso manifesto”, disse Lucilio.
Cercado - Nesta manhã, os professores se depararam com um cercado na frente do Paço Municipal. Medida adotada após o primeiro dia de manifestações na última sexta-feira (2).
“A prefeita fez um favor pra gente, colocou um varal para não passarmos lá e vamos aproveitar para colocar nossas reivindicações lá. Nós agradecemos o varal que a prefeitura colocou facilitando nosso trabalho. Eles dizem que é para o natal, mas engraçado é que só está no canteiro central”, disse um dos professores, Guilherme Afonso.
Pedido - A prefeitura da Capital ingressou com ação no TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul) alegando ilegalidade no pedido de reajuste salarial feito pelos professores, considerando a solicitação abusiva. No documento também consta que, na hipótese de liminar concedida, seja imposta multa diária de R$ 100 mil aos educadores que seguirem nas manifestações.
Na solicitação também constava que a ACP teria um prazo de até cinco dias para se manifestar sobre a ação e suspender a greve. A prefeitura fez um segundo pedido à Justiça para diminuir o prazo, mas foi negado.