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Entrevistas

Estreante na política, cria do Taveirópolis diz que já andou muito de ônibus

Candidato propõe transformação cultural no Centro e quer confrontar contratos de concessões

Por Jhefferson Gamarra e Ângela Kempfer | 21/08/2024 07:01
Campo Grande News - Conteúdo de Verdade

Nesta terça-feira (20), teve início a série de entrevistas do Campo Grande News com os candidatos à Prefeitura de Campo Grande. O primeiro a ser entrevistado foi Luso Queiroz, do Psol. Aos 30 anos, Luso enfrenta sua primeira eleição para o cargo mais alto do município. Na entrevista, ele falou sobre sua trajetória na Capital e detalhou seu plano de governo, sem se esquivar da gafe cometida em seu plano de governo que prevê limpar o "Rio Tietê" em Campo Grande.

Luso Queiroz é o único candidato a registrar sua orientação sexual como gay em sua página no TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Em um estado majoritariamente conservador, o candidato decidiu ser transparente quanto à sua identidade para evitar rumores e desinformações.

“Isso é de menos. Até porque sempre existe, aquelas pessoas que dizem: ‘Ah eu acho que o fulano é, eu acho que cicrana é’. Então, assim, o povo fala muito, né? O povo sabe tudo. E quando muita gente começa a falar, às vezes até é verdade, mas muita coisa é mentira. Então, pra não ter o disse-me-disse, eu falei assim, não, vamos liberar isso aí? Deixa o povo saber. Se alguém tinha alguma dúvida, a dúvida tá sanada”, afirmou Luso de forma descontraída.

O candidato reconhece que sua candidatura enfrenta grandes desafios, especialmente diante de adversários com vasto histórico político e maiores apoios. Com isso, além de apresentar suas ideias, Luso acredita na possibilidade de acontecer um “zebra na eleição”.

“Eu sei quem são os meus concorrentes. Eu sei com quem eu concorro. Eu conheço os grupos dos quais eu tô concorrendo. Eu sei a magnitude do grupo que o governo do Estado, que é um grupo muito poderoso. Ali tem gente da Famasul, da Acrissul. Como eu conheço o grupo que tá administrando a prefeitura de Campo Grande, tem até a madrinha, que é a Tereza Cristina, que é muito forte. E também na esquerda, como a Camila Jara, quantos assessores ela tem, a estrutura do PT, o fundo eleitoral do PT que também é forte. Então, assim, eu tenho essa noção, mas existem zebras, existem revoltas do povo”, disse.

Luso de Queiroz, candidato do Psol à prefeitura durante entrevista (Foto: Paulo Francis)
Luso de Queiroz, candidato do Psol à prefeitura durante entrevista (Foto: Paulo Francis)

Natural de uma família mineira e criado no Bairro Taveirópolis, um dos mais antigos de Campo Grande, Luso mudou-se para o Centro da cidade em 2000. Ele testemunhou a transformação urbana e comercial da região ao longo dos anos. “Eu lembro que o centro era lotado, a passarela da 14 não dava para andar de tantas pessoas, e muita gente se beneficiou com o crescimento do Centro”, comentou.

No entanto, Luso observa que, após a pandemia de Covid-19, os hábitos de consumo mudaram e esvaziaram o local que antes era recheado de pessoas e vários tipos de comércios. Ele acredita que o Centro deve ser requalificado como um polo cultural para atrair turistas e revitalizar a área.

“O Centro como era no passado em relação com o que temos agora é irreversível. A cidade prosperou graças ao trabalho do povo e também os bairros ganharam centros comerciais e se expandiram. A vocação é transformar em um centro cultural, com um corredor noturno, que é jovem, atrai turistas, vai trazer de volta pessoas do interior para visitar a Capital. Temos que pensar nisso e também levar departamentos públicos para o local”, sugeriu o candidato.

Luso também abordou sua proposta para a gestão de resíduos em Campo Grande, prometendo rever o contrato com a Solurb, empresa responsável pela coleta e tratamento de lixo. Apesar da gafe cometida ao mencionar a limpeza do "Rio Tietê" em Campo Grande, Luso destacou a importância de uma nova abordagem para a gestão de resíduos. (veja abaixo)

Em relação às políticas sociais, Luso enfatizou a necessidade de criar um Centro POP 24 horas para atender moradores em situação de rua e usuários de drogas. “Eu trabalhei na Secretaria de Assistência Social e rodei a cidade de Campo Grande e conversei com essas pessoas. Eu tive o prazer de saber a diferença de um morador de rua, de um morador em situação de rua, de um andarilho, de um artista de rua, porque tem diferença. As pessoas olham o morador de rua e acham que é só um cracudo ou um usuário de pasta base, às vezes ele nem usa nenhum dos dois. Ele é apenas um alcoólatra ou uma pessoa viciada em álcool que está ali por depressão e foi para a rua porque foi abandonado pela esposa ou pela família”, disse.

“A solução é você ter um centro POP 24 horas funcionando, porque o morador de situação de rua não irá para o Cetremi. Eu, quando fui educador social, conversava com eles. Eles não querem ir, querem ter a liberdade”, apontou o candidato.

Garantido que foi usuário do transporte público por muitos anos, o candidato do Psol promete envolver diversos setores, inclusive usuários do transporte coletivo da Capital para romper a concessão da capital com o Consórcio Guaicurus. (Veja abaixo)

Luso também propôs o aumento dos salários dos professores do ensino básico para equipará-los com o salário dos vereadores, além de valorizar a educação física nas escolas e outras atividades curriculares.

“Por que um professor em ensino básico, ensino infantil, tem que ganhar quatro mil e pouco, tem que ganhar cinco mil reais? Sendo que a educação começa na base, começa na educação infantil, aí ela tem a continuidade na educação fundamental, no ensino médio. Então, assim, o que que a gente, nós, brasileiros, as prefeituras, os estados e a União, não disponibiliza melhor? Melhorias para esse setor, que é básico, que é o inicial”, sugeriu o candidato.

Por fim, o candidato abordou as questões internas do Psol, admitindo que o partido enfrentou problemas de imagem devido às ações de alguns membros e à propagação de fake news. “Teve uma turminha do mal do Psol, que fazia muita loucura, com um extremismo de pautas mais americanizadas, que não tem nada a ver com a realidade da Dona Maria, do Seu Raimundo. Com arrogância intelectual e academicismo que afastou o povão do Psol. Então uma parte é culpa do Psol, mas outra parte é o que sofreu de fake news”, concluiu.

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