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Esportes

Jeito "turrão" mas amigo de todos marcou Antônio Flávio, vítima da covid

Cobrinha, como era carinhosamente chamado, colecionou amigos durante sua trajetória no esporte

Nyelder Rodrigues | 28/06/2021 16:40
Imagem mostra ao centro, com a bola na mão, Antônio Flávioem dia de jogo com casa cheia no Morenão (Foto: Fundesporte/Arquivo)
Imagem mostra ao centro, com a bola na mão, Antônio Flávioem dia de jogo com casa cheia no Morenão (Foto: Fundesporte/Arquivo)

O popular Cobrinha era assim: atencioso quando você pedia atenção, prestativo quando você pedia ajuda e batalhador quando o que vinha pela frente era o trabalho. Só não era lá muito chegado a brincadeiras e logo "esquentava". Sério, mas gente fina. Essa é a imagem que amigos, colegas e conhecidos ficarão de Antônio Flávio Alves.

Ex-árbitro de futebol e futsal, colecionou companheiros ao longo desses 64 anos, até morrer no começo da noite de sábado (26), mais uma vítima da covid-19. Foram vários dias esperando vaga: primeiro ficou em uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento), onde lá mesmo teve que ser intubado e sedado até conseguir ir para um hospital.

Quando surgiu a vaga em UTI (Unidade de Tratamento Intensivo), ele foi transferido para o HRMS (Hospital Regional de Mato Grosso do Sul), onde ficou mais vários dias, sendo acompanhado por familiares e amigos a cada boletim que era divulgado. Precisou de hemodiálise, amputação de uma perna, mas ainda assim não resistiu.

"Convivemos muito tempo. Eu jogava futebol no Operário ainda, final dos anos 70, e ele já era árbitro. Depois voltei a conviver muito com ele no Gigante de Peladas, onde ele apitava os jogos e eu organizava a competição da prefeitura", comenta de forma saudosa Renê Martinez, ex-presidente da Federação de Futsal.

Comandante da entidade entre 1998 e 2012, nesse tempo deu continuidade a uma convivência que já era amigável anteriormente. "Ele apitava de tudo, futsal, futebol, e tinha contato com árbitros de outras modalidades também. Eu fui até preparador físico dele", relembra Renê, guardando consigo os bons momentos ao lado do colega.

"Ele sempre foi um bom companheiro, mas também era bem turrão. Na hora que emburrava, era difícil mudar", frisa, explicando ainda que Antônio Flávio apesar dessa personalidade forte, mantinha uma relação saudável com os que conviveu.

Antônio Flávio atuou como instrutor de árbitros e observador nos últimos anos (Foto: Reprodução)
Antônio Flávio atuou como instrutor de árbitros e observador nos últimos anos (Foto: Reprodução)

Bons tempos - Na própria imprensa Antônio Flávio alimentava amizades. Conheci o Antônio Flávio em 1987 nas coberturas do Campeonato Estadual. Um árbitro enérgico e que sempre se impunha dentro de campo", lembra o radialista Ricardo Paredes.

Dos tempos áureos do futebol e futsal em Mato Grosso do Sul, Cobrinha fez amigos por todo o Estado. "Nós últimos anos nas quadras de futsal, ele sempre presente acompanhando o trabalho dos árbitros", frisa Paredes, que além do futebol de campo, se dedicou à cobertura do futsal nos últimos anos.

"Bom amigo, bom papo e uma pessoa que sabia tudo de arbitragem. Cobrinha vai fazer muita falta", lamenta. Além dos pêsames de amigos e colegas, entidades diversas também se manifestaram. "Um amigo que viveu o futebol de tal forma que não é possível falar da modalidade sem falar dele", destaca carta da Federação de Futebol.

"Contribuiu para formar pessoas. Contribuiu para formar amigos", segue o texto, denominado Nota de Despedida. "Sabe aquela pessoa que se alegrava com um pequeno presente e que abria um sorriso que valia a pena, feito uma criança grande. Se tinha inimigos, nunca vi. Amigos tinha muitos", encerra.

Outra entidade que se manifestou oficialmente foi a Acems (Associação dos Cronistas Esportivas de Mato Grosso do Sul), acompanhada pelo Sindicato dos Árbitros e Fundesporte. Antônio Flávio atuava como observador de árbitros.

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