Reeleito por unanimidade, Rafael Girotto comanda nova fase da canoagem
Aos 35 anos, mais jovem entre os presidentes olímpicos do Brasil, dirigente fala com sobre seu novo mandato
A trajetória de Rafael Girotto se confunde com a da própria canoagem brasileira. Aos 35 anos, ele foi reeleito por aclamação para a presidência da CBCA (Confederação Brasileira de Canoagem), se consolidando como o presidente mais jovem entre as confederações olímpicas do país. Em entrevista exclusiva ao Campo Grande News, o dirigente falou sobre o início como atleta, a crise que marcou seu primeiro mandato, os planos para o futuro e a relação especial com o sul-mato-grossense Fernando Rufino, campeão paralímpico em Paris 2024.
RESUMO
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Rafael Girotto, aos 35 anos, foi reeleito por aclamação como presidente da Confederação Brasileira de Canoagem (CBCA), destacando-se como o mais jovem presidente entre as confederações olímpicas do Brasil. Em entrevista, Girotto refletiu sobre sua trajetória, desde atleta até gestor, enfrentando crises e promovendo a profissionalização da canoagem. Ele destacou o potencial de Mato Grosso do Sul como polo de esportes náuticos e celebrou a amizade com o campeão paralímpico Fernando Rufino. Girotto planeja consolidar e expandir a canoagem no país, com eventos futuros previstos para o estado.
“Essa reeleição foi um momento de muita felicidade. Senti que meu trabalho foi reconhecido. Eu comecei como vice-presidente e acabei assumindo o mandato anterior em uma situação delicada, no meio da maior crise da história da confederação. Agora, recebi apoio total. Quando comuniquei que seria candidato, a aceitação foi imediata. Fui chapa única, o que mostra a confiança no que estamos construindo”, explica Girotto.
A nova diretoria da CBCA tem nomes de peso. O primeiro vice-presidente é Herlon Ferreira, medalhista de prata nos Jogos Rio 2016. O segundo vice é Rubens Pompeu, do Distrito Federal. A equipe mescla experiência e juventude – um reflexo do próprio presidente.
“Ser o mais jovem entre os presidentes olímpicos do Brasil é uma honra. Mas confesso que não me sinto deslocado. Sempre estive inserido no meio esportivo. E hoje, mais do que nunca, é preciso entender o esporte como parte de uma cadeia maior: social, educacional, econômica. Estamos profissionalizando a canoagem, mas sem perder a alma”, finaliza.
Rafael cresceu em Aquidauana cercado por rios e canoas. A paixão pelo esporte veio de casa. “Meu pai já remava e, como todo filho, eu queria fazer o que ele fazia. Com 12 ou 13 anos, já estava competindo. Tive uma pausa, mas aos 15 para 16 anos voltei com tudo"
A história de atleta virou trajetória de gestor. Girotto foi presidente de clube, depois da Federação de Canoagem de Mato Grosso do Sul, até chegar à confederação nacional. “As coisas aconteceram muito rápido na minha vida. Eu não forcei nada, mas parece que tudo veio naturalmente. Sempre fui muito próximo dos atletas e, quando viram meu trabalho, os próprios colegas começaram a me incentivar a assumir novos papéis".
Crise e reconstrução - O primeiro mandato, iniciado de forma emergencial, foi marcado por turbulências. “Assumimos em um dos momentos mais difíceis da CBCA. Era preciso tomar medidas urgentes, cortar gastos, ajustar contratos, resolver pendências graves. Mas não podíamos perder o foco no planejamento. Tínhamos um plano de ação e nos mantivemos fiéis a ele.”
Girotto não ilude sobre o futuro. “Não vou dizer que será mais fácil agora. Cada ciclo tem suas dificuldades. Mas hoje temos uma base sólida, pessoas comprometidas, um ambiente muito mais favorável. O foco agora é consolidar e crescer.”
Com sede em Curitiba, a CBCA coordena 10 modalidades – entre elas, duas olímpicas e duas também paralímpicas. Segundo o presidente, os atletas são os grandes pilares da evolução. “Hoje é possível viver da canoagem. Isso era inimaginável anos atrás. Antes, era um esporte amador, quase marginalizado. E a mudança veio muito por mérito dos atletas, que se dedicaram e fizeram o esporte ganhar visibilidade".
MS no radar - Mato Grosso do Sul é apontado por Girotto como um dos principais polos de expansão. “O Estado tem um potencial gigantesco. A geografia é favorável, há rios e lagos em abundância. O problema é que ainda falta interesse de algumas cidades. Falta abrir a cabeça e perceber que ali pode nascer um grande centro de esportes náuticos. É preciso enxergar o que está à disposição.”
O dirigente adiantou que um dos principais eventos de 2025 deve acontecer em solo sul-mato-grossense. “Muito provavelmente teremos uma prova de canoagem maratona em Corumbá, dentro das atividades do Ecopantanal. Isso mostra como MS está no nosso radar.”
Fernando Rufino, o amigo campeão - Se há um símbolo da amizade e do envolvimento direto de Girotto com os atletas, esse nome é Fernando Rufino. O sul-mato-grossense de Itaquiraí, mais conhecido como “Cowboy de Aço”, foi campeão paralímpico nos Jogos de Paris. Girotto estava lá.
“Foi uma cena digna de filme. Eu vi ele conquistar o mundo e automaticamente me veio um filme na cabeça. Lembrei de quando a gente pisava no barro, entrava no rio, treinava junto. A primeira competição dele, eu estava lá. Ele me achou metido”, relembra rindo. “Desde então criamos uma relação de cumplicidade, de amizade verdadeira. Até brinquei com ele outro dia: ‘você nem me liga mais’. Mas é isso, somos irmãos. Estar lá, como presidente, vendo um amigo se tornar campeão olímpico… é algo que não tem como descrever.”
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