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Arquitetura

Armazém é interditado, mas toda a Estação Ferroviária sofre efeitos do abandono

Naiane Mesquita | 10/03/2016 06:45
Parte do telhado que sofreu com a chuva de novembro e até agora não foi consertado (Foto: Alan Nantes)
Parte do telhado que sofreu com a chuva de novembro e até agora não foi consertado (Foto: Alan Nantes)

Tombado como Patrimônio Histórico e Cultural pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), a Estação Ferroviária de Campo Grande está em partes de portas fechadas. Proibido pelo Corpo de Bombeiros de funcionar, o Armazém Cultural foi interditado por irregularidades encontradas durante uma vistoria e problemas no projeto contra incêndio e pânico.

Portas fechadas do Armazém Cultural, interditado pelo Corpo de Bombeiros (Foto: Alan Nantes)
Portas fechadas do Armazém Cultural, interditado pelo Corpo de Bombeiros (Foto: Alan Nantes)

Palco de eventos e principalmente de feiras de artesanato, o local foi restaurado durante os anos de 2010 e 2011, assim como toda a Estação Ferroviária. Na época, o espaço foi reinaugurado com a promessa de se tornar um dos pontos de encontro culturais da cidade, o que não está sendo cumprido. Com exceção das feiras de artesanato, atividades particulares e exposições pontuais, nem de longe a estação relembra o auge do passado.

Além dos problemas no projeto contra incêndio e pânico, que levaram a interdição do Armazém, a Estação sofre com um destalhamento e a queda de um dos muros do local. De acordo com o chefe de divisão técnica do Iphan, João Santos, a Prefeitura Municipal de Campo Grande foi notificada em novembro a respeito do incidente, após um temporal que caiu na cidade no mesmo mês.

“Estamos cobrando desde novembro, solicitando o reparo do telhado e estamos seguindo um cronograma. Em janeiro foi retirada a telha metálica e em fevereiro foi iniciado o reparado em um dos sanitários”, explica.

O projeto contra incêndio e pânico também foi apresentado a Prefeitura pelo Iphan. “Enviamos o projeto e os documentos necessários para a licença, mas não sabemos como está o processo”, ressalta.

Muro da estação ferroviária caiu pelo temporal e não foi recuperado (Foto: Alan Nantes)
Muro da estação ferroviária caiu pelo temporal e não foi recuperado (Foto: Alan Nantes)

O conserto a passos lentos, que contabiliza cerca de cinco meses, pode prejudicar ainda mais a estrutura do único patrimônio material nacional do município. “Com certeza com as frequentes chuvas o prédio sofre infiltração e por ser um prédio histórico isso prejudica a estrutura”, explica.

Em contato com a assessoria de imprensa da Prefeitura Municipal, o órgão se prontificou a solucionar o problema. “A Prefeitura de Campo Grande vai atender as exigências feitas pelo corpo de bombeiros. Os problemas estruturais serão avaliados pela secretaria de Infraestrutura”, disse.

O impasse chegou a ocasionar em um protesto de artesãos em frente ao Armazém na manhã de ontem. Com poucos locais para expor, o fechamento do espaço durante o mês prejudica a classe.

Complexo Ferroviário – Inaugurado em 1914, o Complexo Ferroviário de Campo Grande representou a chegada do desenvolvimento para todo o Estado. A primeira edificação do complexo foi a estação de passageiros, inaugurada em 6 de setembro do mesmo ano.

Construída em madeira com área de embarque, bilheteria, sanitários e apoio ferroviário. Em 1924, a edificação foi ampliada pelo construtor Antônio Leite da Silva, que utilizou paredes de tijolos autoportantes (dispensa o uso de vigas e pilares) e embasamento em pedra.

O Complexo da antiga estrada de ferro Noroeste do Brasil foi tombado pelo Iphan em 2009. O conjunto possui 22,3 hectares e 135 edifícios em alvenaria e madeira.

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