Arquitetos presenteiam cidade com restauração da Igreja São Benedito
Escolha da Igreja de São Benedito para receber restauro, se deu pela sua relevância histórica e cultural
No mês em que se comemora 121 anos de Campo Grande, arquitetos dão início ao projeto de “Restauração e Requalificação da Igreja São Benedito”, localizada na Comunidade Remanescente de Quilombo Eva Maria de Jesus – “Tia Eva”, sob olhares e necessidades de uma comunidade tradicional que guarda ali memórias e histórias que fazem parte intimamente do nascimento da cidade.
O trabalho foi pelo selecionado no edital de 2019 do Fundo Municipal de Incentivo à Cultura (FMIC) e é coordenado pelo arquiteto Eduardo Melo, que é mestre em Conservação e Restauração de Monumentos e Núcleos Históricos, ao lado dos profissionais arquitetos João Santos, Regina Maura Lopes Couto Cortez e o engenheiro Luiz Henrique Dantas da Silva.
Eduardo explica que a proposta de restauração e requalificação será dividida em cinco etapas distintas, definidas como: oficina de cocriação; identificação e conhecimento do Bem; diagnóstico; proposta de intervenção e apresentação final dos resultados.
“A oficina, por exemplo, estará sendo realizada hoje diretamente com a comunidade e órgãos de preservação para que seja um momento de aproximação da comunidade, para falarmos da dinâmica de uso, dos sonhos que a comunidade tem para aquele espaço e o que pode ser desenvolvido”, destaca Eduardo.
A escolha da Igreja de São Benedito para receber um projeto de restauro, se deu pela sua relevância histórica e cultural e por estar diretamente relacionada as manifestações culturais da comunidade, “que é detentora da memória coletiva daquele território”, enfatiza o arquiteto.
Em razão da pandemia, a oficina será realizada em ambiente virtual e restrito. “A oficina será um encontro para construção coletiva de ideias e reflexões acerca dos desafios a serem encontrados no âmbito do projeto de restauro”.
Para os arquitetos, a preservação da igreja é uma forma de garantir a permanência das tradições e inclusive das manifestações culturais que ocorrem em torno da Festa de São Benedito.
“Por isso, o restauro compreende a igreja e a requalificação do seu entorno, como o pátio e anexo onde funciona o Centro de Difusão de Culturas, que está com sérios problemas de estado de conservação e que, de alguma forma, prejudica a ambiência e a leitura daquele patrimônio que está tombado”, observa.
História - A igreja de São Benedito foi construída em 1919, por Tia Eva com ajuda da comunidade, em homenagem a São Benedito, seu santo de devoção. Escrava alforriada, do interior do Estado de Goiás, veio para Campo Grande, com sua família a procura de um lugar viver.
Ela tinha o dom da cura, era benzedeira, curandeira, parteira e doceira de mão cheia. Foi uma líder religiosa da sua própria comunidade e é considerada uma das fundadoras de Campo Grande. Passou a ser muito conhecida e arrebatou diversos fiéis ao santo de devoção. Eva morreu em 11 de novembro de 1926 e deixou um legado registrado em um território certificado pela Fundação Palmares em 2008, como Comunidade Quilombola Eva Maria de Jesus.
Em homenagem ao Santo é realizado anualmente, desde a fundação da igreja a festa de São Benedito, um período marcado por orações ao Santo e festividades. A Igreja de São Benedito pela sua identidade histórica e pelo seu enorme potencial cultural, foi tombado pelo Município de Campo Grande em 1996 e pelo Estado em 1998.
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