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Arquitetura

Em bar e restaurante, cliente passa no purgatório para ir do inferno ao céu

Paula Maciulevicius | 30/10/2013 07:19
Em bar e restaurante, cliente passa no purgatório para ir do inferno ao céu
Em tom de vermelho, para entrar no purgatório cliente deve se abaixar e reverenciar a figura de Jesus Cristo. (Fotos: Cleber Gellio)

O tema é do céu ao inferno e com assinatura do arquiteto Luis Pedro Scalise já para imaginar as peculiaridades de cada extremo. Na mostra de arquitetura e decoração “Morar mais por menos”, que nesta edição será apresentada no Rádio Clube Cidade, para chegar ao céu, é preciso passar pelo purgatório.

A partir do dia 7 de novembro, os sete pecados capitais contrastam com o branco celestial do andar de cima. Onde funcionava o restaurante, Scalise criou o bar, seguido do bistrô, ambos serão operacionalizados pela La Buona Cucina.

A proposta inicial era de fazer apenas um espaço, o bar do motociclista. Mas a dúvida sobre para quem ia ficar a escada que liga um andar a outro fez com que o arquiteto, num insight resolvesse criar ‘do céu ao inferno’. “Tem toda história em cima desse tema. Lá em cima a entrada é um soco na parede, não tem aquela passagem bíblica que é mais fácil um camelo passar por uma agulha que um pecador entrar no reino?”, fundamenta.

O purgatório, em tom de vermelho vivo, começa a partir de uma parede quebrada onde, para entrar, é preciso se curvar. Automaticamente quem se abaixa está reverenciando um mosaico de Jesus Cristo, obra da artista Aninha Arruda.

Com um cheiro de anis e um som gregoriano, o público vai se deparar com fios desde o teto com sapatos nas pontas. Dificuldade para quem tenta achar a saída. Scalise explica que na medida em que o movimento de abrir caminho é feito, o cliente vai levar ‘sapatadas’.

Em bar e restaurante, cliente passa no purgatório para ir do inferno ao céu
As nuvens do céu são feitas de 25 mil guardanapos de papel grudados no teto.
Em bar e restaurante, cliente passa no purgatório para ir do inferno ao céu
Piano ganhou plotagem em azul com nuvens para receber pianista arcanjo.

“Quando ele encontra a saída vai para o céu”, descreve o arquiteto.

A escada que dá para o céu começa preta e termina branca. O lustre do andar de cima ainda carrega um pouco do vermelho do purgatório, mas aos poucos dá espaço e vez ao branco angelical.

No teto, 25 mil guardanapos trazem a quem olha a sensação de estar nas nuvens. Isso porque com o ar condicionado ligado elas ficam em constante movimento. O espaço traz tudo o que a mostra propõem: sustentabilidade. Do guardanapo da decoração aos estofados das cadeiras, feitos de retalho de tapeceiros.

O ambiente segue a linha branca com a parede revestida de catálogo de loja de decoração que já saiu de linha. As cadeiras antigas são as próprias do Rádio Clube, que foram apenas restauradas.

O local vai ter espelhos até no tampão das mesas e lustres de cristal pelo teto. O piano, também de propriedade do clube passou por plotagem e ganhou a cara do céu. Azul com nuvens brancas e até o pianista vai entrar no espírito.

“O assento vai ter asas de arcanjo de madeira. O pianista vai estar de smoking branco, então parece um anjo tocando piano no céu”, explica Scalise.

Quem preferir o inferno vai ter o preto estampado no espaço e se surpreender com uma banheira com uma mulher nua tomando banho. Serão os sete pecados capitais retratados num só lugar, sob o cheiro de pimenta.

Em bar e restaurante, cliente passa no purgatório para ir do inferno ao céu
No inferno, o cheiro é de pimenta no ar, com os 7 pecados capitais: gula, avareza, luxúria, ira, inveja, preguiça e vaidade.

“A luxúria vai ser representada por uma banheira antiga toda de pérola e uma mulher nua tomando banho. À frente, um assento de cinema como pecado voyeurismo”, narra o arquiteto.

O bar também vai ter o portal da gula com as comidas e bebidas e a avareza por portais feitos de correntes e cadeados.

“Quando entrar no banheiro, no lugar de espelho vai ter um painel de calças jeans. Para se ver é preciso abrir a braguilha da calça, é a vaidade. E nos bolsos, vão estar dólares falsos, como a cobiça”.

O espaço vai requerer do público os sentidos aguçados. Do tato ao olfato e paladar. Para Scalise, a mostra é como um ‘fashion week’ da moda. “Não é para fazer em casa e sim mostrar a criatividade do arquiteto. É a hora que se pode ousar”, garante.

Cardápio – Tanto o bar como o restaurante serão operacionalizados pela rotisseria La Buona Cucina, que vai oferecer risotos e massas que vão seguir a temática proposta pelo arquiteto. Com pratos como ‘Apocalipse’ e ‘Mensagem do anjo Gabriel’, o cliente vai até poder brincar e formar frases no pedido juntando a entrada, prato principal, bebida e sobremesa.

Segundo a proprietária Raffaella Messina Zanardo, de 26 anos, o cardápio temático está na fase de construção dos nomes.

A mostra será aberta no dia 7 de novembro e irá até 15 de dezembro, no prédio do cruzamento das ruas Padre João Crippa com a Barão do Rio Branco. O valor da entrada é de R$ 20. "Morar mais por menos" trabalha os conceitos sustentabilidade, inclusão social, brasilidade, customização, vendas, tecnologia e inovação com a ideia de apresentar ambientes bem projetados por um valor acessível, com alternativas mais baratas.

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