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Artes

Aos 91 anos, Antônio faz artesanato virar terapia para ativar memória

De mandalas a mosaicos, ele prova que tem jeito pra coisa divulgando a rotina do trabalho e o resultado das peças na internet

Alana Portela | 31/01/2021 07:35
Antônio de Moraes Carrelo mostrando um de seus mosaicos (Foto: Arquivo Pessoal)
Antônio de Moraes Carrelo mostrando um de seus mosaicos (Foto: Arquivo Pessoal)

Para driblar a depressão e manter a memória ativa, Antônio de Moraes Carrelo resolveu apostar no artesanato e produzir mosaicos e mandalas na casa onde mora, em Campo Grande. Aos 91 anos, o hobby virou terapia e o “vovô artesão” prova que leva jeito para a coisa ao mostrar a coleção das peças que produz.

“O artesanato representa meu passatempo. Na idade que estou, fico satisfeito em aprender mais. Cada arte é um desafio”, afirma. Antônio já foi tema de reportagem no Lado B em 2015, quando seu neto produziu uma sessão de fotos com carro que tinha na infância. Agora, cinco anos depois, ele volta para mostrar que continua na ativa.

Antônio produzindo uma de suas peças (Foto: Arquivo Pessoal)
Antônio produzindo uma de suas peças (Foto: Arquivo Pessoal)
Segurando o resultado final do artesanato (Foto: Arquivo Pessoal)
Segurando o resultado final do artesanato (Foto: Arquivo Pessoal)

O artesanato entrou em sua vida há alguns anos, enquanto ajudava a filha Viviane. “Ela fazia mosaicos em várias peças e também produzia mandalas usando os mosaicos. Me pedia para ajudá-la, escolher as cores, colar as peças. Fui aprendendo e tomei gosto pela arte”, recorda. “Ela parou de fazer e eu continuei”, completa.

Na época, Antônio havia se mudado para Campo Grande e estava aposentado. Na rotina da vida pacata, ele decidiu fazer algo que desse prazer. “[Estava] sem atividades, ficando até com depressão por não fazer mais nada na vida, pois sempre fui muito ativo. Então, a arte me ajudou a superar esses momentos, ocupar a cabeça. Assim comecei a decorar a nossa casa”.

Antônio quer manter a mente ativa (Foto: Nícolas Carrelo)
Antônio quer manter a mente ativa (Foto: Nícolas Carrelo)

Desde que começou, já fez várias peças usando mosaicos, como bancos, mesas, quadros e até vasos. “Sou autodidata, vou olhando e tentando fazer, testando formas e jeitos até sair a peça. Peço ajuda a minha esposa Nilce para escolher cores, ela dá os palpites”, explica.

Devido à idade e problemas no braço, Antônio passou a ter dificuldades em cortar os ladrilhos para fazer os mosaicos. No entanto, nunca desanima e está sempre em busca de conhecimento para aprimorar sua arte. “Em uma viagem a Salvador, minha cunhada me ensinou a fazer a arte francesa, que é realizada com gravuras e recortes. Quando sobrepostas, criam a perspectivas, ficam em alto-relevo. Essas peças são mais elaboradas, tenho que mandar colocar moldura”.

Antônio beijando o rosto da esposa Nilce de Souza Bexiga Carrelo (Foto: Nícolas Carrelo)
Antônio beijando o rosto da esposa Nilce de Souza Bexiga Carrelo (Foto: Nícolas Carrelo)

O tempo de produção das peças varia, um exemplo é a mandala que demora de dois a três dias para ficar pronta e Antônio comenta como funciona o processo. “Primeiro monto, aí mostro pra minha esposa. Se ela gostar, vou colando peça por peça. Depois da cola secar, aplico o rejunte, espero secar e vou limpando com um paninho e espuma”.

Já a arte francesa leva mais tempo porque exige delicadeza. “São cinco folhas. A primeira, colo e deixo secar. Da segunda em diante, vou recortando parte por parte, colando e fazendo um relevo. Depois da pronta, levo na loja para colocar moldura”.

Em casa tudo vira material, desde um banco mais velho ao vaso que sua esposa cansou de ver. “Logo transformo em peças diferentes, usando cores. Para as mandalas uso madeira de base, MDF. Muitas vezes, peças que iriam para lixo, tento mudar, colar mosaicos e fica novo”.

Antônio mostra sua coleção na parede (Foto: Arquivo Pessoal)
Antônio mostra sua coleção na parede (Foto: Arquivo Pessoal)
Até mesinha de centro ele já fabricou (Foto: Arquivo Pessoal)
Até mesinha de centro ele já fabricou (Foto: Arquivo Pessoal)

As peças são feitas para a família. “Nunca vendi. Faço a pedido dos meus netos, filhos e amigos. Todos têm minha arte enfeitando a casa deles. Presenteio meus amigos, meus parentes. Tem minha arte em vários estados do Brasil”.

Antônio até tem um perfil no Instagram com seu nome, por onde divulga as peças. “Essa arte de juntar cacos e formar desenhos ocupa minha mente, faz trabalhar meu raciocínio, a lógica. Passo horas envolvido colando as peças, criando e esqueço até de comer. Começo e quero ver o resultado. Fico orgulhoso em presentear quem eu amo, com minha arte. Coloco ali meu amor e meu carinho”, finaliza.

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